Sempre que leio (ou releio) as aventuras de Asterix sinto uma espécie de inveja. Não da enorme força dos gauleses movidos à poção mágica, mas sim de sua primitiva liberdade de andar pelas florestas cheias de clareiras e carvalhos, colhendo frutas ou caçando javalis a tapa. Nada de horários, bancos, multas, contas a pagar... Nossos índios também deviam sentir-se assim, com uma terra enorme e maravilhosa só para eles, com rios, montes e cascatas, antes de chegarem os "descobridores". Parece que antes da criação de algumas instituições tudo era melhor. Somente uma coisa me deixa intrigado: de que modo os antigos satisfaziam suas necessidades fisiológicas? Se é que me entendem...Isso! Será que possuíam alguma espécie de WC, banheiro, toalete, sanitário, mictório (ou cagtório)? Não posso imaginar o Obelix, com todo aquele tamanho, sentado num piniquinho.
Alguém já viu banheiro em filme de índio? E em filme de cavaleiro medieval? Aí me respondem - isto é porque é filme, ninguém vai perder tempo com essas coisas. Tá certo! Mas comecei a me preocupar com isso quando, há anos, visitei um forte colonial em Natal. Por mais que procurasse não encontrei ali um local para...vocês sabem. Em compensação, havia na amurada do forte umas argolas esquisitas que permitiam a uma pessoa segurar-se e se debruçar com o traseiro para fora do muro, sujeito a chuvas e trovoadas. Seria ali o toalete? Outra coisa: percorri uma boa parte do palácio de Versalhes, embasbacando-me com o magnífico salão dos espelhos (o mais caro corredor do mundo), com os preciosos cómodos do Rei-Sol e da rainha, mas não notei nenhuma portinha que seja onde estivesse escrito Dames e Gentilhommes ou mesmo houvesse um desenho da Mónica e do Cebolinha.
Dá impressão que os antigos fizeram sumir de seu cotidiano algum vestígio de que também faziam cocó. Acho que deveriam efetuar uma pesquisa no campo da antropologia para descobrir o que estava havendo com esses caras de antigamente.
