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Contos-->Minha primeira vez -- 31/07/2000 - 11:58 (Maite Schneider) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Engraçado como acontecem as coisas em nossas vidas... Os sentimentos que nao coordenamos.... as emoções que fluem e pulsam sem nossos comandos.... as ações que simplesmente acontecem sem sabermos o porquê..... Assim me apaixonei a primeira vez.....
Sem saber o porquê.. sem entender o porquê... simplesmente me apaixonei... da maneira mais louca.. no momento menos esperado.... numa batida de carro.... E ali esta ele... o meu primeiro homem... o homem por quem me apaixonei...

Ele estava ali de terno, gravata, saindo do trabalho... olhando para mim.. tirando o foco da situacao ( do acidente)... para mim.... eu o olhava entrando em mim, mesmo quando ainda eu estava de costas para ele, que sem duvida marcaria minha vida...

No primeiro dia me falou coisas lindas... as quais sempre imaginei escutar.... me falou de seus sonhos.. contei os meus... dos mais secretos e impossiveis que eu tinha. Ele me contou das suas vontades e desejos... eu falei dos meus... entreguei-me sem receios ou dúvidas, mesmo não entendo o porquê...

Naquele dia, eu sabia que algo acontecia.. tudo era diferente aquele dia.. havia uma ilogicidade nas coisas comuns que eu fazia... eu não entendia.. simplesmente havia...

Ter encontrado o Estevão, foi a explicação que encontrei para o diferencial do dia... Foi como se naquele momento eu compreendesse, o que até segundos antes não havia coisa no mundo que explicasse.... estranho o sentimento que naquele momento me absorveu e tomou conta de mim... Pareceu naquele momento que entendi os porquês.. e compreendi tambem os desejos e vontades que até então eu não sonhava ou imaginava que possuísse em meu corpo....

Aquilo tudo foi saindo sem que eu pudesse conter.. sem que eu pudesse segurar o que estava saindo.. que jorrava de mim... que explodia sem controle.

No mesmo dia em que nos conhecemos.. Estevão e eu fomos até seu apartamento, conversamos durante horas, cozinhamos juntos, escutamos música, tudo era perfeito.. eu estava namorando...

A química do meu corpo em concordância com a dele, apoiava o que eu sentia... Não havia como negar.. não havia para quem negar...

O toque certo, no momento correto. A música que tocava o que o meu coração queria sentir... tudo tinha o ritmo certo do que eu queria sentir nesta hora de entrega...

Tudo tomou seu curso "perfeito", durante o mes que se seguiu... eu tinha 18 anos na época. estava apaixonada pela primeira vez... Eu amava e era correspondida... na medida do possível..

Estevão era um cara de 48 anos, na época... tinha uma namorada que estudava no meu cursinho.. Era sábio, entendedor de minhas emoções, carinhoso e sabia das coisas que eu queria... como me tocar.... como me fazer sentir, como me mostrar os desejos que transbordavam de mim naquele meu amor primeiro.

As carícias foram aumentando com o tempo, e de forma mais rápida que os meus desejos... Senti as coisas tomarem um rumo além do meu sonho e vontade... Eu precisava de mais tempo para me entregar a sentimentos mais profundos... eu ainda não estava preparada para o prazer naquele momento.

Sem entender em que momento tudo começou, me vi jogada numa banheira fria do apartamento de um homem que eu achava que conhecia.... meus braços e pernas foram amordaçadas.... tentei gritar com a força que me era dada naquele momento... sem saber que quanto mais eu gritava , mais ódio eu criava dentro da pessoa que eu amava.

Os olhos azuis dele, que antes diziam "te desejo", naquele momento não diziam mais nada.. estavam cinzas e apagados... não os conhecia.... o homem que eu sonhava, naquele momento me era um estranho....

E continuei gritando, com a força que ainda me restava, havia sangue na banheira em que eu estava....era o meu sangue.... eu parei de entender os porquês.. não compreendia o que acontecia..... Tentei perguntar, tentei entender, e um tapa e um soco me calaram de perguntar.

"Chega de namorinho besta e sem fim, vou te comer a minha maneira. cansei de esperar...", era tudo o que eu ouvia. Sem roupa, dentro de um banheira fria, com os joelhos no meu próprio sangue, com a boca amarrada, tive minha primeira vez. Uma primeira vez que trago até hoje dentro de mim.. que pela segunda vez conto a alguem...

Não lembro como tudo acabou.. só lembro de acordar no mesmo lugar em que o pesadelo começou... dentro de uma banheira, com os braços marcados,mas já sem amarras... com a boca calada, mas já sem amarras... com o sangue meu seco e o esperma de um homem que eu já não mais conhecia... que eu nunca conheci... e que foi meu primeiro homem.

Assim tive minha primeira transa... quebrando tudo o que eu sonhava.. tudo o que eu imaginava... tudo o que um dia eu quis...

Assim foi minha primeira noite de amor... amarrada, amordaçada, sentindo dor... não somente a dor de ser violentada, mas sentindo a dor de não ser mais eu.... uma dor que trago ainda até hoje, em alguns carinhos que ganho, em algumas carícias que recebo....

Uma dor que espero apagar um dia... que espero apagar um pouco este dia, enquanto escrevo de mim... uma dor que não tem tamanho.. uma dor que dói mais que dor.... uma dor que não tem nome...uma dor que é somente dor.
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