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Cronicas-->30. A NOSTALGIA DA CARNE -- 09/10/2002 - 06:40 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Tenho acompanhado os trabalhos do pessoal desta minha "Equipe do Eterno Regresso" e venho analisando os sentimentos que se revelam nas mensagens. Tenho para comigo, talvez por ser esta a diretriz principal de meu procedimento, que existe, no fundo de cada personalidade, uma espécie de saudade dos tempos em que perambulavam pela Terra. Desde o nome adotado para o grupo, já se pode perceber que a classe aspira por retornar à carne, ainda que seja através destas comunicações íntimas.

Eu mesmo não posso criticar tal atitude, porque, desde quando integrava o corpo diretivo de um centro espírita, desenvolvi a tese de que o homem vive para resgatar débitos, criando compromissos cármicos cuja natureza corresponde à inferioridade própria dos habitantes do planeta, o que gera constante necessidade de regresso ao ambiente físico.

Muito embora compreendesse a existência obrigatória dos sofrimentos advindos da inexorabilidade da morte, na qualidade de espírita convicto sublimava a dor moral, substituindo tal impressão desagradável pela idéia fundamental da doutrina, ou seja, pelo reencarnacionismo. Passava, assim, a considerar a somatória dos prazeres e das dores e, com Jesus, concluía que os sofrimentos do parto são largamente compensados pela alegria da prole.

Por isso, ia levando a vida, trabalhando intensamente em prol dos assistidos pelo centro, desleixando bastante a família, pouco importando-me se não iam os parentes conquistar, por meu intermédio, as virtudes que lhes faltavam. Dava palestras e enfatizava a principal divisa dos espíritas: "fora da caridade, não há salvação", contudo, não me sentia inseguro quanto ao desempenho junto àqueles a quem devia maiores cuidados, porque punha nas mãos misericordiosas do Pai a salvação de todos, aspirando mui secretamente obter novas oportunidades de trabalho efetivo no campo da matéria, quando, pensava eu maliciosamente, teríamos maior domínio da mente, podendo realizar de forma bem mais cabal a transformação das almas.

Não nego que este discurso esteja impregnado de recriminações muito sutis, no que respeita aos amigos responsáveis pelas casas de benemerência sob a égide da doutrina de Kardec. Mas não estou desejoso de demonstrar nada. Apenas cito o meu caso particular e suas consequências espirituais, para amoravelmente advertir para o problema. Longe de mim desejar impor-me em campo tão profundo e tão complexo.

Resta considerar a observação que fiz relativamente aos colegas de grupo. Evidentemente, após algumas aulas em que o debate do tema acendrou as idéias, todos concordaram com a perspectiva ideológica que levantei, opondo, todavia, a concepção de que a tal imperfeição apontada ainda está atuante em nossa psique, porque, mesmo no etéreo, a realidade é fortemente tangível para nós, como se vivêssemos no mundo dos mortais. Disseram-me que a nostalgia a que me referi não era propriamente da vida terrena, mas da liberdade de praticar abusos aqui absolutamente impossíveis.

Considerei muito justas as ponderações e acresci outro fator importante: nós sabemos que não podemos abusar na erraticidade, pois estamos com a memória fresca dos acontecimentos que nos envolveram nas trevas, durante a caminhada inicial para a ascensão a este patamar. Ora, o receio de resvalar novamente para fora da colónia, caindo naquele ambiente pesado das vibrações ruins, tem como fundamentos dois prismas essenciais da existência etérea: primeiro, não seria uma recaída propriamente dita, mas a confirmação da inferioridade espiritual; segundo, haveríamos de enfrentar séria crise moral por causa do arrependimento e do remorso de perder as regalias da paz, da fraternidade e do auxílio que recebemos neste local de estudo e aprimoramento.

De qualquer modo, meu ponto de vista foi levado em conta e muitos parceiros passaram a considerar melhor a hipótese de livrarem-se dos débitos aqui mesmo, esforçando-se por tornar amigos os desafetos, através de influência mediúnica ou fluídica, priorizando a conquista dos valores em falta para a ascensão incoercível dos bons aos páramos da bem-aventurança.

Quanto a mim, tento impregnar-me desse ideal supremo, que nada mais é do que a consagração da tese evolucionista, fundamento do Espiritismo.

Pensem comigo e não deixem de considerar a importància do desejo de permanecer encarnados para o desempenho das ações que visem à melhoria espiritual.

Um derradeiro aviso: caso não se julguem sagazes para a descoberta de males psíquicos de tanta astúcia ou se sintam imunes à nostalgia aqui descrita, de qualquer modo, elevem o pensamento a Deus e realizem sua melhor prece, agradecendo toda a ajuda recebida ou o discernimento adquirido, sem se esquecerem destes amigos, que muito vêm lutando para transformar as vibrações humanitárias, que estamos aprendendo com o Professor Mário, em textos proveitosos e lúcidos.

Fiquem com Deus.

Eduardo.

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