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Artigos-->o poder onírico da liberdade -- 25/03/2002 - 01:44 (josé osimar gomes de lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O PODER ONÍRICO DA LIBERDADE



José Osimar Gomes de Lima



O homem nasce livre mas durante toda a sua vida ele está preso em algemas é uma confissão de Jean Jacques Rousseau, filósofo que mais que qualquer outro sentia na pele as limitações da liberdade política. É justamente o tema da liberdade que hoje torna-se o maior paradoxo diante de um mundo de mercado, consumo e sujeitos globalizados. Em situações tão delicadas ao “espírito democrático” como a vivida após o atentado nos Estados Unidos, nada melhor do que se questionar, afinal de contas, o que é a liberdade? Liberdade de quê?

A liberdade parece ser muito um dos temas mais rodeado por dilemas do que outro em razão dela fazer direitos e juízos tomados por uma comunidade humana. De todo modo, parece também existir dimensões teórica e prática da liberdade o que dificulta ainda mais a compreensão tanto das causas como das conseqüências que motivam homens caracterizarem-na. De fato, a liberdade, assim como a política nasce e amadurece na vida entremundana. Pensado o cenário do paraíso bíblico poderíamos dizer que Adão e Eva tinham eram os “donos do mundo” em que viviam mas isso não os tornava livres pois faltava-lhes as capacidades de querer, julgar e agir. Tinham tudo mas não viam seus corpos nem sabiam das capacidades de construção e responsabilidade diante do mundo em que viviam.

A liberdade, então, começa pelo poder da ação e é essa a condição que faz com que os homens possam viver organizados no espaço político. Quando desaparece a liberdade entre homens perde-se a tinta do significado para eles. Eles deixam de ser homens e tornam animais, feras que não respeitam nem a si menos ainda os outros.

Mas, obviamente, que a liberdade para o interior de si mesmo não é inteiramente positiva ao ser motivada como uma estratégia de fuga das pressões externas do mundo pois mesmo assim também podemos deixar de lado nossa vontade de mudar as condições de uma vida mais solidária com os outros homens.

A vontade de um pensar mais verdadeiro, certamente, é uma das condições primordiais para a liberdade humana. Entretanto, o poder de usar o pensamento para fins que escapam de nosso controle, espelha, constantemente, sinais de que temos que perceber a capacidade destrutiva da ação do sujeitos. Pode-se afirmar que vivemos uma certa dose de perigo e descontrole do pensamento científico e comum na condução dos negócios humanos o que retrataria pela perpicaz expressão de Edgar Morin, em sua obra Ciência com consciência, como a época da “barbárie de nossas idéias”, quer dizer, somos controlados por pensamentos descontrolados. O pensamento complexo e completamente (des) ordenado do ser humano traduz o anseio de responder aos dilemas que atormenta os seus sonhos e a liberdade só é possível quando se constrói espaço para o diálogo, discussão, compreensão como requisitos para um sonho de liberdade sensível e sem a austeridade com o outro sujeito. Uma “civilização da mente”, como sugere Morin, requer que se tenha a condição de construir momentos de liberdade e tal fato só se concretiza através de um dialogar diferente fugindo da ditadura centralizada do pensamento dos especialistas. O mundo em que vivemos se realmente vive em eterno descontrole é, em parte, por que o sistema de pensamento especialista encapsula a possibilidade de novos ruídos transformadores da liberdade. Um sujeito que não sabe que uma vida sem o mínimo de reflexão individual padece da capacidade de querer melhorar o mundo no qual habita. Nas palavras do sábio Sócrates pode-se dizer que uma “vida sem reflexão” é uma pura escravização de nossa humanidade e ao se empregar tal termo “sem” provoca-se a condição daquele que prefere o pensamento do outro sem elaborar o seu como ele fosse um desvario sem sentido e inerte ao mundo. A nossa forma de percepção do mundo tanto pode ser a “pilotagem das máquinas como a maquinização do homem como lembra Morin. O pensamento velho sem crítica pode implicar numa obsessão pela descoberta destruidora e irrecuperável da liberdade. Diga-se de passagem que a liberdade implica na responsabilidade ética do sujeito na desorganização e reorganização do lugar do homem no mundo e para tanto necessita-se saber usar o pensamento sem se destruir a vida do outro. Nossos pensamentos desencaixados, frutos de sonhos obsessivos de crianças teimosas, conduz o mundo para a destruição pálida do tecnicismo e da revolução de uma ciência sem a sensibilidade e responsabilidade humanas.

E de que lugar esses pensamentos descontrolados originam senão o campo dos sonhos. Isso faz lembrar o que dizia um poeta citado pelo filósofo Sérgio Paulo Rouanet Razões do iluminismo, “ os sonhos produzem seus próprios monstros”.

Um conto de Machado de Assis chamado de “ A borboleta Azul” faz pensar o poder do sonho e as conseqüências de um agir destruir da liberdade e do querer. Quem puder lê-lo aproveite para descobrir como alienação do pensamento pode conduzir ao fim da liberdade do outro. Se comparado ao filme Parque dos dinossauros” pode-se perceber que nem sempre o pensamento que expressamos apresenta um caos reorganizador de nossa existência. O fim da trágico da borboleta azul representa a perda da vida por não ter voado para outro lugar em que a morte é um fenômeno esperado a todo momento. A borboleta que Machado de Assis comenta foi vítima da imaginação humana destrutiva que, a todo instante, vacila em não querer um mundo para todos. No entanto, isso não quer dizer que a liberdade de viver não seja possível, ao contrário, como disse uma personagem no filme Um sonho de liberdade, a liberdade está dentro de nós. Cabe-nos, pois, saber buscar a verdade na liberdade do vôo em outros lugares que não sejam os mesmo do outro respeitando o céu de cada um.



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