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Contos-->Guerra e paz -- 19/01/2003 - 12:05 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Manhã de chuva. Manhã de lágrimas. Manhã de luto na pequena cidade. Sinais de guerra nas imagens da televisão, ruídos de morte nas rádios, páginas manchadas nos jornais, um cortejo fúnebre na rua calçada com pedras irregulares.
Entre um choro e um pensamento Zulmira lembrava das últimas palavras de Camélio, o marido infiel. Palavras vazias e um sorriso irônico. "Me empresta o carro amorzinho".
Sem palavras as chaves foram para a mão do cretino, que deslizando pela porta da frente tomou a garagem e tomou o rumo da escola normal, mentindo que iria visitar os velhos amigos do tempo do quartel.
Camélio fingia ser um homem de respeito, sendo considerado amargo em casa e rabugento no INSS, onde tratava com secura os pobres coitados que dependiam do governo para resolver suas vidas. Amargo sim, rabugento sim, tarado sim, pois não podia ver uma jovem daquelas do colégio normalista que esticava os olhos para ver uma canela, uma coxa, com sorte uma calcinha. Ficava a lamber os beiços com a visão das moças.
De vez em quando dava sorte de achar uma mais liberal, e levava-as com o carro da esposa para ver estrelas.
Sua esposa nunca questionou nada. Sempre tinha trabalhos da pós-graduação para fazer e nem percebia que seu marido quase nunca a procurava para fazer amor. Tempo de folga era para produzir algo. Produziu um curso de História, um mestrado em Sociologia e um doutorado em Antropologia.
A especialização atual era em civilizações pré-colombianas, a de Camélio normalistas.
E ficou especialista no dia em que Jussara apareceu com a mãe para tratar de um auxílio doença. "Sim senhora, pois não, com certeza, claro, mas que filha bonita".
Palavras alegres de quem se encantou pela mulata de mãe doente. Foram meses. Até a segunda-feira. Pegou o carro para falar com os milicos sobre bobagens e saiu em busca dos campos estrelados.
No caminho, uma chuva forte jogou os amantes fora da estrada. O velório de Camélio nem houve.
A revolta de Zulmira não permitia tal luxo. Enquanto o rádio falava em atentados terroristas Camélio foi enterrado. Quando jogaram a primeira pá de terra sobre o cretino liberou um pequeno sorriso de satisfação com a morte do marido infiel.
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