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Contos-->Os fanáticos -- 19/01/2003 - 12:21 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O coronel Glorioso estava radiante com o futebol pela televisão. Naquele domingo poderia assistir sossegado ao jogo Flamengo x Itaperuna pela sua antena parabólica sem que sua filha o perturbasse com programas de auditório.
Suzana arranjara um namorado qualquer e agora passava as tardes em parques ou motéis, mas finalmente deixara a televisão ao dispor do velho militar.
O jogo começou bem, e até o final do primeiro tempo o placar dava vitória ao Flamengo por um tento a zero. No intervalo Suzana chegou com o rapaz.
O nome da vez era Rogério, um sujeito gordo e cabeludo com fisionomia de maconheiro.
Para surpresa do coronel, Rogério sentou no sofá e ficou assistindo ao jogo, comentando lances, esquecendo totalmente da rapariga.
O velho militar acabou simpatizando com o jovem pouco convencional e fez amizade logo, o que despertou a ira de sua filha. O Flamengo ganhou e os dois trocaram um abraço entusiasmado pela vitória do rubro-negro.
Quebrando a rotina da vida familiar, todos os dias Rogério passou a levar e buscar a garota no colégio e na volta ficava mais interessado em conversar com o pai da moça do que trocar carinhos com a namorada.
Alguns dias depois os três começaram a ir a todos os jogos do Flamengo, paixão dos dois amigos, aos quais Suzana ia cheia de tédio.
Rogério nem a procurava mais, só querendo falar de futebol com o militar o tempo todo.
Certo domingo Suzana estava com cólicas menstruais e se recusou a sair com eles, que sem fazer questão dela se foram para o Maracanã.
Suzana nem ligou, mas para não ficar sozinha foi até a casa de uma prima lá para os lados do Irajá, subúrbio carioca de intensa densidade demográfica.
A casa de Rogério também era para aqueles lados, de tal forma que todas as vezes que eles queriam manter relações se refugiavam no discreto bairro de classe média baixa.
O ônibus deslizou pela avenida Brasil e quando passava próximo de uma passarela Suzana pensou ter visto seu pai conversando com Rogério, mas isto não era possível.
O Maracanã era longe e o adversário era o Vasco da Gama, duelo que nenhum rubro-negro pode perder. Com certeza era ilusão de ótica.
O pai de Suzana chegou em casa alegre apesar do empate em um tento, alegria compartilhada por Rogério.
Sem ânimo para conversas machistas ela foi dormir, enquanto os dois ficaram proseando na sala, revendo lances nos programas esportivos de fim-de-semana.
No outro domingo o coronel e o cabeludo resolveram ir ao estádio novamente, mas ela nem se interessou em saber qual era o jogo. Já estava desistindo do namorado e foi para a casa de sua prima.
Sem saber porque, se viu diante da casa de Rogério, após zanzar por ruas do Irajá . Sabia que ela deveria estar vazia, pois a família dele estava no sítio e o rapaz estava assistindo alguma coisa x Flamengo com seu pai.
Mesmo assim resolveu entrar no quintal da casa e sentar sob árvores convidativas que faziam a casa mais fresca no calor do Rio de Janeiro.
A tarde estava quente e Suzana sentiu sede, o que a fez circundar a casa, em busca do poço de água fresca.
A janela estava aberta e ela parou assustada quando ouviu vozes sussurrantes. Temendo que fossem ladrões, apanhou um facão que estava junto ao poço e foi adiante, pois era mais curiosa do que sábia.
Seu estômago ficou revirado ao ver seu pai e seu namorado nus sobre a cama do quarto de hóspedes, mas eles nem notaram sua presença em seu coito amaldiçoado.
Suzana se esgueirou para o fundo do quintal, onde foi vomitar, com a cabeça doendo e uma sensação que oscilava entre ódio e nojo.
A garota tomou um gole de água e foi até a porta da casa. Percebeu que estava aberta e entrou sem fazer barulho.
Na hora em que chegou ao quarto percebeu que os corpos ainda estavam entrelaçados, o que lhe deixou mais revoltada.
Sem pensar mais atravessou as costas de Rogério e o abdome de seu pai com o facão, desfalecendo depois.
Os vizinhos foram atraídos pelo grito dos amantes, que tiveram morte dolorosa, e Suzana ficou sem saber o que fez durante dez anos, que foi o quanto durou mais sua vida, num manicômio judiciário.

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