Usina de Letras
Usina de Letras
128 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62231 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10367)

Erótico (13570)

Frases (50629)

Humor (20031)

Infantil (5434)

Infanto Juvenil (4768)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140805)

Redação (3306)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6190)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Um tiro na cabeça -- 19/01/2003 - 13:33 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O jagunço apontou a arma. O tiro pegou no ouvido direito. Estilhaçou os ossos do crânio, espalhando a massa cinzenta pelo terreno. Fim para um líder rural.
Tudo começou quando Etelvino cansou de caminhar duas léguas para buscar água no rio, a fim de servir a esposa do patrão, um fazendeiro do Cariri.
Etelvino perguntou ao dono da terra por que não havia um poço próximo da casa principal. Como resposta levou um bofetão e ouviu quem tem poder não pode ser questionado.
Etelvino foi embora jurando vingar a ofensa. Mas no caminho encontrou um estudante que falava de coisas estranhas, reforma agrária, distribuição de terras e justiça social.
Percebeu que seu mundo e sua vingança com cheiro de sangue não teriam utilidade. Poderia se transformar num bandido, sem utilidade social, uma vez que as comunidades vizinhas continuariam sob aquele sistema de vida.
Aprendeu a ler e escrever, entrou em contato com setores progressistas da Igreja Católica e leu muitos textos aprofundados sobre a terra no Brasil.
Tudo isto simultaneamente ao trabalho na roça, onde começou a espalhar as novas idéias. Reunia amigos em associações rurais.
O antigo patrão soube de suas andanças mas não ligou, pois julgava que o poder era hereditário e jamais teria alguém que o desafiasse. Todo empregado insolente levava um tapa no ouvido e era dispensado sem nenhum direito.
No meio daquela miséria repunha logo o material humano sem problema.
Até o dia em que Etelvino começou a falar. E falou demais. Somente a verdade.
Zé das Almas não gostou do que ouviu. Era um caboclo que gostava de ver as coisas sempre iguais.
Ouviu Etelvino e correu a contar aos mandantes da região. Etelvino era comuna. Tinha idéias.
Falava com boca de estudado. Cabeça de reformas, mudanças, confusão para o que era ajustado.
Etelvino reuniu o povo e começou a mudar as coisas. Conseguiram umas terras emprestadas, um mínimo de assistência médica, mais respeito, algumas carteiras assinadas e podia fazer mais ainda.
Encontrou um político de oposição e logo a região tinha estrada boa, projeto agrícola e adeptos da reforma agrária.
Zé das Almas não gostou do que viu. Conversou e acertou a morte do homem. No dia de São Judas, prá combinar.
Pegou Etelvino de surpresa. Foi ao encontro dos mandantes. Outra surpresa.
Queima de arquivo. Um tiro no meio dos olhos. Bem na cabeça do jagunço. Espalhou o cérebro e a idéia de necessidade de mudanças.


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui