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Contos-->Asma -- 25/11/2002 - 21:55 (Paulo Eduardo Gonçalves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Em dias como aquele, quando ficava doente de asma, e a dificuldade em respirar causava-lhe pesadelos claustrofóbicos quando tentava dormir, é que por vezes tinha a sensação de presenciar outras realidades.
Lembrava-se claramente da ocasião em que acordara chorando, pois havia enxergado numa vitrine turva de uma rua estrangeira de uma época extemporânea a verdadeira realidade de sua natureza. Dali para sempre a consciência de ser o Diabo o atormentara.
Lembrava-se muito bem da sensação de ser perseguido, da montanha russa apodrecida, do encontro com uma criatura que então chamou de lobisomem, de golpear sem efeito, até o despertar que invariavelmente era a fuga de uma dor que não se podia suportar: a dor de morrer.
E lembrava-se ainda do pior de todos. Do inexpicável, inominável, desértico e caleidoscópico sonhar, num lugar onde não existiam as leis da física, onde existir significava conviver com o caos em sua acepção mais pura. Sem alto ou baixo, sentido, direção, sem nada que se pudesse reconhecer como concreto, sem forma, sem noção de tempo ou de qualquer tipo de convenção em que se pudesse basear para nada. No auge do desespero, por fim, a inconsciência.
Quando adolescência chegou e a doença deu trégua por alguns anos, lentamente integrou-se às atividades normais dos indivíduos de sua idade, para surpresa e alegria da mãe e demais familiares. Até então sua vida resumia-se quase que só a literatura e tv, numa rotina que predominara em sua vida dos seis aos doze anos. O universo fantástico de alguns dos contos e desenhos animados afigurava-se-lhe muito mais próximo da realidade dos sonhos que então davam o tom em sua vida cotidiana do que as coisas que aprendia na escola ou nos telejornais. Mas tudo isso foi dando lugar a uma nova rotina, que incluía aulas de língua estrangeira e atividades sociais básicas, como embriagar-se com os amigos, e numa época posterior, fumar maconha ou cheirar uma carreira.
Durante algum tempo sua nova vida o satisfez, embora os passeios noturnos com eventuais atos de vandalismo ou altercações com garotos de outras "vilas" lhe trouxessem mais apreensão do que satisfação, ao contrário do que parecia ocorrer com seus companheiros. Aprender a jogar sinuca, baralho e fliperama eram atividades que lhe agradavam, e nas quais dispendia uma boa parte de seu tempo livre, embora não alcançasse resultados tão notáveis quanto a maioria de seus colegas.
continua...
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