Usina de Letras
Usina de Letras
108 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62243 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10370)

Erótico (13570)

Frases (50641)

Humor (20032)

Infantil (5440)

Infanto Juvenil (4770)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140811)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6198)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Jesuis Cristo!!!! -- 11/10/2002 - 15:35 (Paulo Eduardo Gonçalves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
JESUIS CRISTO!!!



Caminhava em direção a minha casa após muita bebedeira, aventura, emoção, drogas e sexo, numa dessas noites que acabaram por se tornar comuns para mim. Vinha pensando em fotografias, obsolescência programada e morte quando de repente um clarão repentino me fez voltar os olhos para o céu. E o q vi me deixou abismado. A uma altura que maior que a da torre da TIM perto do bar do Goiaba, uma carruagem de fogo pairava. Repentinamente ela moveu-se em velocidade estonteante, desaparecendo, e deixando em seu lugar um dragão com 194 cabeças, 245 patas, dois chifres, e um número incomensurável de olhos, escamas, dentes, unhas e asas. Estranhamente, o dragão não tinha genitais ou cú, o q é um vestígio importante. E do ventre do Leviatã alado irrompeu um facho de luz brilhante diante do qual tive de desviar os olhos. Quando percebi que podia voltar a olhar, o que encontrei foi uma seara em chamas e monstro havia desaparecido. E eis que das chamas vem surgindo lentamente uma figura humana! Aos poucos fui reconhecendo aquela barba, aquele cabelo comprido, aquele porte imponente, aquela túnica branca. Era Jesus. Estupefato, um único pensamento me vinha à mente:
“-- Lazarentada! Misturaram bolinha no chá!” E preparei-me para continuar meu caminho. Foi quando uma voz serena e grave atingiu meus tímpanos estimulando meus pelos auditivos e fazendo meu cérebro decodificar os impulsos elétricos decorrentes como:
“—Esperai!”
Foi então que eu me liguei que aquele cara era o Jesus de verdade, e me dando conta da enorme importância histórica de tal encontro perguntei se ele não me concederia uma entrevista, e ele acenou que sim com a cabeça e nós começamos.
Perversor: E daí, qual o sentido da vida?
Jesus: Achai que sabeis pois pensais que podeis! Mas marcais, e se fodeis!
P: É mesmo? Mas tem uma coisa. Se você ficar falando desse jeito enrolado, vai ser foda. Tá ligado que essa entrevista vai circular na U.E.P.G., né? Sabe que aquele pessoal lá é burro feito uma porta.
J: Tá beleza, eu nunca falei daquele jeito mesmo... É coisa de monge da idade média, metido a erudito... Mas o pessoal lá é tão assim é?
P: Ihhh! Se é! Maior parte dos acadêmicos e professores. Se em vez de vestibular fosse um campeonato de soletrar... Mas explique direito essa coisa de “nunca falei assim mesmo”.
J: Bom, você sabe que o mundo, desde antigamente, é dominado por gente porca, porque é uma característica inerente a uma pessoa porca essa necessidade de dominar. Então, eles distorcem as coisas de modo a parecer que o mundo é feito à sua imagem e semelhança.
P: Mas a ponto de reescrever a bíblia?
J: Ihhh! Mas isso é o mais comum! Quer um exemplo? Desde muito antes de eu nascer que os homens do meu povo faziam juramentos pondo a mão sobre os genitais uns dos outros. Tem várias passagens na bíblia em que os caras vão jurar e tá escrito: “Põe a mão sobre minha coxa...” Isso é uma puta de uma mentira, e todo mundo sabe disso, que o certo seria estar escrito: “Põe a mão no meu pau”, ou, “Põe a mão no meu saco”, mas alguém lá atrás achou feio escrever pinto ou saco na bíblia, e resolveu cagar para o fato de que era o que se fazia, colocando a sua própria moral acima de um fato comprovado, e foi isso que ficou para vocês.
P: Só.
J: Claro que esse processo é uma coisa natural, esperada, numa obra que atravessa os séculos. O problema é que se presume que a bíblia seja a palavra de Deus. E a partir daí, presume-se que Deus é um cara que não fala em pinto. Desse jeito fica fácil, tem gente mesmo que acha que Deus usa gel no cabelo, só anda de carro importado e toma um banho antes e outro depois de meter. Também tem gente que acha que é Deus. Mas ninguém sabe.
P: Nem você?
J: Eu? Eu sou humano, rapaz! Sei tanto quanto você ou a puta da esquina!
P: Esse é um aspecto que me interessa...
J: Meu lado humano?
P: Sua relação com as putas. Você vivia rodeado delas, né?
J: Sim, eu gostava delas.
P: EIA!Era um fodedor!
J: Era bom, e tive poucos filhos... Tão espalhados, minha descendência...
P: KKKKKK
J: KKKKKKK
P: Mas eu noto muito carinho seu para com elas.
J: Quer saber? Toda aquela introdução, aquela conversa sobre mitos e conveniências ali em cima tem uma função. É que tem certas coisas que incomodam, que não se deve questionar.
P: Entendo, tipo a virgindade de Maria.
J: Virgindade? Cara, vc tá por fora! Sabe que me crucificaram, não por eu ser filho de Deus, que isso todo mundo é, mas me castigaram por eu ser filho da puta!
P: É?
J: Claro! Maria era a vadia do bairro! Só que isso era comum, ainda é, só não se pode passar certos limites.
P: Como?
J: Pense assim: Essas gurias, que ficam por aí, escolhendo caras pelo carro, ou pela roupa, o que fazem, além de tentar estabelecer um parâmetro para julgar quanto dinheiro ele tem? Isso é ser puta. Mas é um tipo de putaria socialmente aceito, até estimulado. Mas se uma guria começa a sair com qualquer um independente de aparência ou berço, estabelecendo um preço para isso, aí fodeu.
P: Por quê?
J: Não sei! Sou um cara simples, filho de carpinteiro, não um cientista social! Só sei que minha mãe fez isso, precisava de grana. Não a mixaria que se reserva para que a mão de obra não morra de fome, mas grana! Pra viajar, conhecer a Pérsia e Roma, e as várias cidades fundadas pelo grande Alexandre! Isso não é permitido a ninguém sem passe VIP, coisa que minha mãe não tinha. E pra piorar engravidou. Pela oitava vez.
P: Do Espírito Santo.
J: Isso era uma piada corrente na minha época. Tanto eu quanto meus irmãos e irmãs éramos chamados jocosamente de filhos do espírito santo. Filho de mãe solteira era filho do espírito santo, filho do verbo, essas coisas... Daí os monges... Tá ligado? Acharam feio...
P: Sei, eram os comunicadores da época...
J: E quando um ser humano fica muito tempo sem sexo, pira mesmo, né...
P: Ah, mas quanto a isso, eles são mais regados que nós, até hoje, pode botar fé...
J: KKKKK
P: Mas tem uma coisa, e o mistério de onde vc passou aquele tempo que não tá relatado na bíblia?
J: Minha adolescência e juventude?
P: É.
J: No bar do Abimaleque, que ficava na esquina de casa. Isso minha mãe ficou com vergonha e exigiu q tirassem da minha biografia, pq eu fazia boquete a troco de gole. Coisa de vadia redimida, q quer pq quer que os filhos tenham a vida purinha q elas não puderam ter.
P: E aquela coisa de vc discutir com os sábios qdo era criança?
J: Coisa de piá. Sabe aquela proeza q todo mundo fez na infância? Pois é. Qdo vc fica famoso, aumenta pra caralho. Veja o Mozart, tocava um dó ré mi no piano e depois que ficou famoso disseram que era um mestre desde pequeno.
P: Nossa qta diferença da historinha pra realidade!
J: Tem muito mais. O velho José, por exemplo, comprou minha mãe numa hora de aperto, e fez bom negócio. Tá certo que ajudou, mas daí a elegê-lo santo...
P: Mais santo só o Sílvio Santo!
J: Pois é né... Mas isso é fofoca. Quer ver uma coisa importante de verdade? Minha verdadeira aparência?
P: Opa!
E nisso, ele foi se transformando. A estatura diminuiu pra um metro e setenta mais ou menos. O cabelão loiro deu lugar a um cabelo fino e castanho, com umas costeletas quase virando suíças. Os olhos cândidos se inflamaram e escureceram. As mãos perderam os calos da carpintaria. E a túnica deu lugar a uma jaqueta cinza com uma caveira nas costas e a gola levantada, uma camiseta onde estava escrito “God save Ronald Biggs” e uma calça jeans bem comum, ao mesmo tempo em que as sandálias se transformaram num velho par de tênis. Entendi a brincadeira, portanto só ri. Só pra ver se o cara era bom mesmo, fiz uma pergunta:
-- E quanto àquela coisa de crescei e multiplicai-vos, se eu resolver não ter filhos?
Ele piscou e, enquanto se afastava respondeu com expressão marota:
-- Eu resolvia isso comendo só o cú.
Careteei comigo mesmo, e sumi na escuridão.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui