Havia um tumulto na cozinha. Pratos quebrados no chão, comida espalhada, cenário de confronto. E cheiro de churrasco vindo do quintal.
Elvis Preslei de Souza correu para o fundo da casa, assustado com a confusão de cacos. No caminho pisou num deles e furou o pé direito.
Coisa pouca, apenas raiva e umas gotas de sangue. Nada parecido com o que esperava encontrar.
Com pressa levantou e constatou o crime hediondo. O chiuaua estava no espeto, a girar lentamente para alegria de sua mulher e sua sogra.
Num misto de raiva e desgosto, sentou no banco do jardim para chorar e gritar palavrões.
Sabia que isto iria acontecer se a velha viesse visitar a filha. Sua esposa, Doroty de Ypislon, nome de artista, era uma assassina em potencial, e a sogra, dona Tambinha, uma psico-endemonhada que odiava cães nanicos. Só por que um comeu um nervo do calcanhar e a velha arrastava a perna desde menina.
Elvis Preslei de Souza, que era veterinário e gostava de cães, especialmente dos pequenos, tinha que se adaptar ao modo de vida de Doroty, que herdou o ódio materno pelos cachorrinhos.
Dizia-se nas ruas do bairro onde a conheceu que gostavam de caçar os animais de pequeno porte para comerem assados, e nesta lista macabra entravam gatinhos, ratazanas, filhotes de cão e até mesmo gambás.
Elvis Preslei de Souza nunca dera importância, além do mais não abria mão dos pequenos cães, nos quais depositava confiança. Casou com Doroty de Ypislon por achar a moça graciosa, além de ser boa cozinheira.
Só começou a ficar nervoso quando os cães dos vizinhos, de pequeno porte, começaram a sumir. Delicadamente pediu para a sogra não aparecer mais.
Deu certo durante uma semana. O tempo necessário para as duas elaborarem o plano e atraírem o cachorrinho(Pancho Villa).
Pancho sentiu o cheiro da comida e entrou na cozinha. Tentou resistir, mas era pequeno demais. Dona Tambinha sapecou-lhe um pau no lombo e Pancho caiu.
Elvis Preslei de Souza chorou muito. Em dois meses de casado perdera todos os cachorrinhos de estimação. Os trinta. E enjoou de comer churrasco.
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