Usina de Letras
Usina de Letras
126 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62231 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10367)

Erótico (13570)

Frases (50628)

Humor (20031)

Infantil (5434)

Infanto Juvenil (4768)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140805)

Redação (3306)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6190)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Olhar perdido -- 20/01/2003 - 11:27 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Juanito Bezerra estava sentado no alpendre, buscando no vento um pouco de frescor para a noite abafada da floresta amazônica. Em vão.
O vento não quis enfrentar a densa mata, mudando para o oceano, talvez em busca da Brisa Virgem da Antártica, figura mitológica de quem estuda fenômenos da natureza.
A descrição da virgem é um pouco estranha, totalmente etérea, com um véu transparente que seduz os viajantes das terras geladas, levando-os à morte por observação contínua e congelamento. Mas deixa prá lá.
Juanito costumava buscar no vento além do frescor o perfume de Silmara, uma jovem filha de campesinos que conheceu na Bolívia, numa viagem de negócios para Santa Cruz de La Sierra.
Silmara de Santa Cruz. Não sabia o sobrenome da família. Também não precisava. Apenas da lembrança de seus olhos, olores.
Pedras brilhantes incrustadas na face alegre, lembrança de lábios, de jogos, de risos...
Juanito lamentou voltar para o Brasil. Tinha mulher e filhos. Uma seringueira bonita, mestiça de índios e espanhóis. Mas já era mais uma questão de respeito pessoal. Amor secundário por alguém que tinha chegado primeiro.
Juanito triste, sentado, pensando na mulher distante, chica, niña, vulcão desperto de Santa Cruz.
Olhou para as estrelas. Pensou ver uma lágrima descendo o azul imenso do céu amazônico. O céu amazônico, desde quando? Desde o dia em que fez amor com a mulher em Santa Cruz e prometeu o céu para ela, apontando astros referenciais.
Outra lágrima caiu. De um céu sem nuvens. Uma estrela triste pela separação dos amantes. Juanito imaginou que a estrela pudesse ser mensageira de Silmara.
Outra lágrima caiu, gosmenta. Gosmenta?
A mulher do seringalista dormia, os filhos também. Na casa da fazenda.
A baba da onça correu sobre o homem, romântica refeição para o felino, que passou despercebido pelo encanto das lembranças.
Sentiu a pancada e a mordida no pescoço. Lembrou dos arrepios causados pelos dentes da chiquita de Santa Cruz, um pouco antes de morrer apaixonado.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui