Ambrosia
Tenho fome de letras
e paladar refinado
- lamento e tormenta
em prazerosa dieta -
Rico em calorias
é o dileto prato
que me alimenta.
A gula é o meu maior pecado:
devoro-te as sílabas, poeta,
consumo tuas rimas,
nutro-me de teu enredo
comendo o pão nosso de cada dia
- doce deleite -
Sirvo-me, como entrada,
da tua poesia-salada
e viciei-me no ritual
de acompanhar-te os versos:
do prato principal,
à sobremesa
- bem e mal que me sacia
liberta e mantém-me presa -.
Deguste, desgosto,
prazer, remorso,
alívio, alvoroço,
céu, fundo do poço.
Poeta, inventa uma nova fórmula
- poesia light e líquida -
para que eu possa sorver-te,
insaciavelmente,
sem perder a forma.
Valéria Tarelho
27/03/03 |