OUTONO EM MIM
Ledo engano
pensar que outono
é estação de abandono.
A paisagem se transforma,
parece perecer.
A natureza perde o viço:
esboço mal traçado,
quadro inacabado
em tons de terra.
Erra quem assim pensa.
As folhas cumpriram o ciclo
de sua breve existência.
Agora, ao sabor dos ventos,
rodopiam em círculos
e ao solo se deitam.
É o instante da troca,
do desnudar-se da tristeza
e transmutar-se em alegria.
Na mesma gravura
seca-outonal,
fulgura viscejante poesia
e verdejante arte-final.
Valéria Tarelho
26/03/03
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