Usina de Letras
Usina de Letras
144 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62236 )

Cartas ( 21334)

Contos (13264)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10367)

Erótico (13570)

Frases (50634)

Humor (20031)

Infantil (5434)

Infanto Juvenil (4769)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140808)

Redação (3307)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6191)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Reencontro - homenagem -- 20/01/2003 - 12:42 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O guri caminhou até a porteira da estância e subiu no cinamomo para ver o pai chegar com os tordilhos. O velho Manuel era bom em conduzir aquele monte de animais. Raça crioula, rendiam bom dinheiro em corridas de cancha reta.
Pedrito desceu para ajudar o pai e caminhou logo atrás da passagem da tropa, assanhado com a idéia de tomar um chimarrão com o velho peão.
Manuel apeou do pingo e limpou a bombacha cheia de carrapichos. Os cavalos tinham se metido numa sanga e depois foram parar num capão de mato por descuido do Xirú, empregado com quase setenta.
Agora eles tinham que escovar todos os animais, mas pelo menos nenhum estava machucado. Pior mesmo se tivesse aparecido cobra. Uma cascavel poderia trazer grande prejuízo.
Manuel deixou o piazito na cocheira e foi esquentar a água para chimarrear. Voltou e encontrou o guri em plena atividade como se fosse um homem formado.
O velho Xirú se encostou num monte de feno e acabou dormindo ao lado de um punhado de bosta, nem ligando para o cheiro.
O guri sentou ao lado do pai e entoou a música do Negrinho do Pastoreio mais uma vez. A noite foi tomando conta da estância e logo apareceu a lua de Sepé Tiarajú para iluminar as coxilhas daqueles pagos.
A cantilena do guri encheu a noite, trazendo saudade de dona Marli, que o grande patrão do céu tinha levado há quatro anos.
Manuel e Pedrito encheram os olhos de lágrimas e nada falaram sobre o assunto, mas ao recolherem o velho Xirú para a casa enviaram um beijo em direção à lua, na esperança de que ele encontrasse a face da mulher que mudou suas vidas.
A noite caiu sobre o pampa e os dois dormiram suavemente, enquanto o quero-quero vigiava os campos da família saudosista.
O velho Xirú ficou ainda muito tempo matutando sobre as adversidades que tomam conta do homem do campo, escravo de suas terras e escravo das politicagens, que tornam a vida campeira tão complicada.
Lá pelas tantas julgou ver sua filha correndo numa coxilha não muito distante, mas logo percebeu que estava no seu catre e não poderia ver o campo daquela posição.
Abriu a janela e pode vislumbrar uma figura humana caminhando próxima da casa, reconhecendo a fisionomia de Marli entre as poucas flores que haviam sobrado do jardim. Ficou emocionado, e sentindo-se mais leve, correu ao seu encontro. Foi-se embora com ela para os pastos verdejantes do Patrão do Céu.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui