Caro amigo Valdir Santos,
Recebi o teu CD,
Nele percebi um "quê"
Herdado de muitos cantos:
Tem o suíngue dos bantos,
A fé do anacoreta,
Aí peguei a caneta
Para mandar um recado
Em cordel improvisado,
Moleque da Rua Preta.
Tua obra é a mistura
Do cordel com o baião,
De Jackson com Gonzagão,
De xerém com rapadura,
Acordes da embocadura
Do tocador de corneta,
A magia da baqueta
Das bandinhas cabaçais
Animando os arraiais,
Moleque da Rua Preta.
Tua obra tem um pouco
Dos hinos das rezadeiras,
Das cirandinhas praieiras,
Dos cantadores de coco,
Do cantar tristonho e rouco
Do ceguinho da muleta,
Da batida da "vaqueta"
No cano do bacamarte,
Quanto sertão, quanta arte!!!
Moleque da Rua Preta.
Tem a maciez do barro
Traçado por Vitalino,
A poética de Faustino,
A calma do boi-de-carro,
Mas também tem um pigarro
De pimenta malagueta,
Melodia de retreta,
Trinado de curió,
Contém tudo o teu forró,
Moleque da Rua Preta.
*Texto incluído no encarte do CD "MOLEQUE DA RUA PRETA" do mais novo talento da música de Caruaru e do Nordeste VALDIR SANTOS.
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