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cronicas-->A Andança da Mudança -- 11/10/2002 - 17:21 (Mariana Antonelli) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Foi daquele jeito mesmo: desliguei o telefone com o Felipe e fui arrumar minhas malas para seguir rumo ao desconhecido; ao que nunca tive coragem de me permitir descobrir.
Havia me formado em Odontologia, porque sempre foi o desejo de meus pais. Mas e o meu desejo? Bem, eu fingia para mim mesma e para meu sonho de cursar Turismo ou Hotelaria, que Odontologia era o máximo! Que ser dentista era muito maneiro...Mas...ledo engano...
Ser dentista era um horror. E eu comecei a notar isto somente quando iniciei meu questionamento sobre o futuro...sobre minha vida. Afinal de contas, eu estava com um diploma de dentista na mão aos 23 anos...e já havia se passado 4 anos. O que eu iria carregar para o "lado de lá", depois que eu saísse deste plano? Dentes?...Credo...
A idéia de que minha vida se resumiria a dentes, bocas (às vezes impregnadas de mau hálito...) abertas na minha cara, diante de meus olhos - que queriam ver o mundo - e, por fim, num casamento por pura conveniência com o Felipe, ia me deixando sem ar, me dando tontura. Eu queria gritar. Queria berrar para mim mesma que o Felipe era um sem graça, que não queria ver mais bocas fedorentas (ou não, tanto faz...). E berrei. Esperneei para mim mesma e para aquela grande coisa que eu havia desenterrado debaixo da cama. Agora ela estava arreganhada sobre minha cama. Interessante aquela grande coisa...Eu a encarava com um sorriso maroto. Formato? Quadrada, gigantesca e cheia de coisas que nem eu mesma sabia ao certo o que eram e por quê havia colocado ali. Minha antiquíssima mala era que estava aberta descaradamente diante de meus olhos arregalados.
Não pensava. Aliás, pensava...Pensava em quantos olhos, arregalados também, eu tinha para ver, quantas bocas sorridentes para sorrir junto comigo. Pensava sob quantos àngulos diferentes eu veria o sol nascer e se pór; quantas culturas, sabores, comidas, cheiros e perfumes eu iria experimentar em minha vida.
Medo...medo? Um pouquinho, talvez. Mas minha mala era muito maior. Superava o tamanho e a bagagem que o medo, esse estúpido sentimento, possuía.
Minha vida sempre fora a mesma coisa. Eu sempre carreguei o medo. Medo de contrariar aquilo que seria conveniente a todos, menos a mim. Agora não seria mais. Eu iria carregar algo menor em sua aparência, porém...muito mais interessante que aquela vida monótona.
E foi assim mesmo: "Boa noite. Eu também te amo. Até amanhã."...Só que, na verdade, era o "até nunca mais" ou "quem sabe um dia, não?". Mas não falei nada. E por que deveria? Agora, minha vida seria junto à mochila. Ela seria minha grande confidente e parceira. Seria com ela que eu me casaria. E não com o politicamente correto do Felipe.
"Sim. Eu aceito!" - disse à minha mala (que dentro guardava uma enorme mochila para minhas andanças pelos novos caminhos e trilhas) antes de eu partir de casa e...partir para o mundo!
(Mariana Antonelli)
*DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS*



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