Ontem eu era tristeza,
Solitária criatura arredia.
Não queria muita prosa,
Faltava-me mais poesia.
Refugiada na minha solidão,
Escondia-me, resignada, na dor,
Desejando ternos carinhos de alguém
Que não me alcançava fisicamente,
Somente um desejo ardendo na mente:
Encontrar o espinho envenenado
Que se encravara fundo na minha alma!
Assim, viajei a outro mundo,
Atravessei um portal no meu ego,
Pelo qual não conseguia mais retornar.
Estava tão infeliz, desamparada,
Dividida em minha solidão,
Partida em dois mundos estranhos,
Alheia a ambos, indiferente,
O corpo prostrado na Terra,
A alma padecendo distante, longe,
Onde distâncias não se medem, são sentidas.
E, hoje, ah, meu Senhor,
Tu abriste a porta da minha vida
E juntaste meu corpo ao meu espírito,
Renovando meu dom de me comunicar!
Tornaste-me uma novamente,
Pois tu me deste mais esperança
Iluminaste meu coração doente
Ao confessares teu engodo
Com tanta pureza e simplicidade,
Soltaste de um cativeiro sombrio
Um amor muito machucado
Por tantas verdades distorcidas,
Por ardis tão infames e vis,
Quanto os são desnecessários!
Claudia O H |