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cronicas-->Meu Namorado Virtual -- 11/10/2002 - 20:30 (Valéria Tarelho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MEU NAMORADO VIRTUAL
Valéria Tarelho

Quem nunca teve um flerte, uma empolgação, ou mesmo um namoro virtual? Eu não sou diferente, tive várias paqueras, cantadas, encantos, encontros, desencontros, até que um dia li um poema na tela. Tinha que ser dela essa armadilha: essa minha mania de devorar poesia me pegou de jeito! O papo não era comigo, mas me intrometi e cortei o barato daquela paquera por não resistir à vontade de elogiar. E não é que o galanteador veio se apresentar? Não me fiz de fácil, aliás, nem dei bola. Para desconversar, passei meu e-mail e pedi curriculum achando que ele desistiria. Acho que ele já havia passado por isso, pois tinha um bem à mão e o enviou na mesma hora. Guardei de lembrança nosso primeiro mail: um curriculum meio verdadeiro, meio que maquiado para ficar bem apresentável. Dei uma olhada de leve. Idade: dois anos mais novo - não é muito, ainda mais que aparento bem menos idade; profissão não era quesito importante, pulei o item; estado civil: descasado. Opa! Começou a melhorar! Morava um pouco longe, mas como não era sério não liguei para isso. Não queria compromisso, só uma paixão virtual para manter a chama acesa. Não custava nada responder; foi minha vez de fornecer os dados. Fui o mais verdadeira possível, não omiti nem o tanto de filhos (que sempre afugentavam meus pretendentes). Para minha surpresa, ele se interessou! Tínhamos coisas em comum, como a separação e outros detalhes bobos: mesmo signo, gosto musical e ela, nosso cupido, a poesia. Ele não era poeta, mas tinha bom gosto e diariamente me enviava versos lindos! Era como se minha caixa postal exalasse perfume de flores e fosse doce, muito doce. Fui sendo fisgada: me apaixonando por letrinhas. Teria caído nas garras da poesia ou na rede do destino? Naquela época (agosto de 1997), eu não escrevia poemas; se o fizesse, teria escrito muitos: um para registrar cada
momento. Talvez o faça agora, ainda é tempo. Com o passar dos dias, percebemos que não dava para ficar namorando por e-mail ou telefone e aí me bateu uma insegurança indescritível: eu havia me apaixonado por um homem sem corpo, mas amava tanto a alma que não me importava altura, cor de pele, porte físico... Mas, e ele? Poderia estar idealizando e eu ser menos do que o esperado. Como poderia viver sem a poesia se ele começasse a me evitar após o encontro?
Arrisquei... Dei-lhe meu endereço e, na véspera, não preguei os olhos. Chovia, era uma garoa fina, segui de carro até o local combinado: em frente a uma praia, pois seria mais fácil para ele localizar. Cheguei primeiro; ele não tardou a chegar... Bateu no vidro da janela do carro e foi essa a primeira visão que tive dele: meu anjo iluminado por uma fina chuva de prata. Devo ter agradado, já que nos falamos outras vezes por telefone e via e-mail... E veio um novo encontro, só que na cidade dele. Desta vez, seria tipo final de campeonato: faltava o teste da cama! Esse quesito não tinha meio termo: ou era, ou não era... e foi!
Passamos momentos incríveis juntos e brigamos muito (por e-mail, pode?). Na virada do ano fomos para Campos do Jordão. Ficamos em um hotel aconchegante, brindamos e celebramos a chegada de 98 com desconhecidos... Nós também éramos um pouco desconhecidos. Não sei qual foi o pedido dele à meia-noite, sob aquela chuva argêntea e os fogos de artifício. Coincidência ou não, em nossos melhores momentos chove. Eu só pedi uma coisa, com muita fé: queria o amor daquele homem. Até então, ele nunca havia dito que me amava. Nisso o invejo e admiro. Valoriza demais esse sentimento para usar o termo sem que seja cem por cento verdade. Claro que eu mendigava essas palavras, mas entendia e achava uma linda postura da parte dele.
Até meados de 98 ficamos em uma espécie de montanha-russa - ou ioió. Eram altos e baixos, vai e volta, que perdi a conta de quantas vezes dissemos adeus.
Um dia ele me procurou; estava um lixo: barba por fazer, roupa amassada, mais magro, olheiras... Irreconhecível! E foi por esse homem amarrotado que fui pedida em casamento e foi a primeira vez que ele disse que me amava... Eu vi poesia até naquele olhar pedinte! Era início de agosto de 98, fazia um ano que eu esperava por aquelas três palavrinhas que toda namorada ouve: EU TE AMO (Ah! Meu namorado virtual, você me fez ver estrelas em pleno dia!). Engraçado: não chovia, mas eu podia ver as gotas prateadas que caíam iluminando nós dois. Para mim era sonho. Só caí na real quando começamos a procurar uma casa para morarmos - e tinha que ser na cidade dele. Decidimos que eu me mudaria com os filhos (aqueles três aborrecentes que espantavam pretendentes) para São José dos Campos. Era uma decisão importante, pois iria mudar a vida de muita gente!
Compramos nossa casa em novembro e, em dezembro, nos considerávamos casados, embora a mudança definitiva só se desse em janeiro de 99. Eu já me considerava sua esposa desde o pedido; o resto foi apenas uma questão de aguardar pelo imóvel e o final de ano letivo.
Hoje, temos um filho - nosso bichinho virtual -, um casal de cachorros e um gato. Ainda hoje ele diz que me ama e eu o amo como no primeiro dia: amor à primeira teclada e até o fim da vida.


(Léo e Val - nicks conhecidos por muitos frequentadores
da sala Descasados 3 /UOL e + de 30 da Iconet, meados de
97...saudades de vocês galera!!!)


http://www.poesiailustrada.hpg.com.br

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