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Contos-->Grafitti -- 21/01/2003 - 22:39 (Luísa Ribeiro Pontes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




No tempo esquecido dos dias sem cor, avistava quem queria um rapazito sentado em muda contemplação da cidade nova, aquela onde as pessoas só iam e continuam a ir na vã esperança de descansar os ossos, após longas permanências em filas de trânsito.
O garoto costumava sentar-se à frente de um feio muro, resto de uma das quintarolas antigas, dos tempos em que o paraíso ainda morava ali. Branco ainda, perfeito na sua ruína iminente. Levava ali uma beca de tempo só a olhar...
Mas um dia, farto de ver os outros putos a passar com bicicetas, velozes skates, ou os manos com pesadas radiolas, gingando o corpo em largas vestes, Eminem ecoando nos prédios, o rapazito levantou-se com brusquidão e rumou ao barracão do pai, no esconso bairro velho.
Na escuridão reinante, atinge-o um halo de humidade pútrida, aquele cheiro que associa à recente vida na terra nova que o resgatou. Remove caixas e caixotes, revira a lataria, até encontrar o que queria.
Ao sair, leva já nos olhos uma luz só por si vista e nas mãos a urgência da intenção por cumprir. Abarca a parede, como quem a quer furar, abrindo uma brecha de imensidão. Refreia porém o gesto, fecha o saco, recolhe o spray, esconde os pincéis, alarga o olhar pelos prédios, em mudo perfil cúmplice e põe-se em vigilante espera, o sol bué d alto, uma kota a estender roupa, a claridade escondida nas nuvens.
Imagina as cores, o recorte, o movimento ondeante, desenha o enquadramento, os olhos presos na acção suspensa, ébrio de horizontes infinitos.
Antes da noite chegar, o muro já não é uma velha recordação do passado. O rapazinho ainda lá está, quedo, absorto e sentado. Mas agora contempla o verde e o amarelo da sua terra, o vermelho do sol suspenso no horizonte, uma explosão de cores,
e a densa canícula afastando a humidade dos lugares, onde só a desolação penetra...


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