Usina de Letras
Usina de Letras
20 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62304 )

Cartas ( 21334)

Contos (13268)

Cordel (10451)

Cronicas (22541)

Discursos (3239)

Ensaios - (10398)

Erótico (13575)

Frases (50697)

Humor (20045)

Infantil (5465)

Infanto Juvenil (4787)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140833)

Redação (3311)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6215)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->FILOSOFIA - QUESTÕES JANEIRO 2014 -- 01/03/2014 - 09:30 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


FILOSOFIA  . QUESTÕES DE VESTIBULARES DEZEMBRO DE 2013 E JANEIRO DE 2014.



 



Compiladas por Edson Pereira Bueno Leal



 



 



 



1 UNICAMP 2014  FILOSOFIA E DÚVIDA



 



A dúvida é uma atitude que contribui para o surgimento do pensamento filosófico moderno. Neste comportamento, a verdade é atingida através da supressão provisória de todo conhecimento, que passa a ser considerado como mera opinião. A dúvida metódica aguça o espírito crítico próprio da Filosofia.



(Adaptado de Gerd A. Bornheim, Introdução ao filosofar. Porto Alegre:



Editora Globo, 1970, p. 11.)



A partir do texto, é correto afirmar que:



a) A Filosofia estabelece que opinião, conhecimento e verdade são conceitos equivalentes.



b) A dúvida é necessária para o pensamento filosófico, por ser espontânea e dispensar o rigor metodológico.



c) O espírito crítico é uma característica da Filosofia e surge quando opiniões e verdades são coincidentes



d) A dúvida, o questionamento rigoroso e o espírito crítico são fundamentos do pensamento filosófico moderno.



 



 



2  UNESP 2014  DIVERSIDADE CULTURAL



 



Segundo Franz Boas, as pessoas diferem porque suas culturas diferem. De fato, é assim que deveríamos nos referir a elas: a cultura esquimó ou a cultura judaica, e não a raça esquimó ou a raça judaica. Apesar de toda a



ênfase que deu à cultura, Boas não era um relativista que acreditava que todas as culturas eram equivalentes, nem um empirista que acreditava na tábula rasa. Ele considerava a civilização europeia superior às culturas tribais, insistindo apenas em que todos os povos eram capazes de atingi-la. Não negava que devia existir uma natureza humana universal ou que poderia haver diferenças entre as pessoas de um mesmo grupo étnico. O



que importava para ele era a ideia de que todos os grupos étnicos são dotados das mesmas capacidades mentais básicas.



(Steven Pinker. Tábula rasa: a negação contemporânea da natureza humana, 2004. Adaptado.)



Considerando o texto, e correto afirmar que, de acordo com o antropólogo Franz Boas,



a) os critérios para comparação entre as culturas são inteiramente relativos.



b) a vida em estado de natureza e superior a vida civilizada.



c) as diferenças culturais podem ser avaliadas por critérios universalistas.



d) as diferenças entre as culturas são biologicamente condicionadas.



e) o progresso cultural e uma ilusão etnocêntrica europeia.



 



 



3  UNESP 2014 CONCEITO MODERNO DE VIDA SAUDÁVEL



 



Governos que se metem na vida dos outros são governos autoritários. Na história temos dois grandes exemplos: o fascismo e o comunismo. Em nossa época existe uma outra tentação totalitária, aparentemente mais invisível e, por isso mesmo, talvez, mais perigosa: o "totalitarismo do bem". A saúde sempre foi um dos substantivos preferidos das almas e dos governos autoritários. Quem estudar os governos autoritários verá que a "vida cientificamente saudável" sempre foi uma das suas maiores paixões. E, aqui, o advérbio "cientificamente" é quase vago porque o que vem primeiro é mesmo o desejo de higienização de toda forma de vício, sujeira, enfim, de humanidade não correta. Nosso maior pecado contemporâneo é não reconhecer que a humanidade do humano está além do modo "correto" de viver. E vamos pagar caro por isso porque um mundo só de gente



"saudável" é um mundo sem Eros. (Luiz Felipe Ponde. Gosto que cada um sente na boca não e da conta do governo. Folha de S.Paulo, 14.03.2012.



Adaptado.) Na concepção do autor, o totalitarismo



a) e um sistema politico exclusivamente relacionado com  o fascismo e o comunismo.



b) inexiste sob a égide de regimes políticos institucionalmente democráticos e liberais.



c) depende necessariamente de controles de natureza policial e repressiva dos comportamentos.



d) mobiliza a ciência para estabelecer critérios de natureza politica sobre a vida.



e) estabelece regras de comportamento subordinadas a autonomia dos indivíduos.



 



4 UNESP 2014  INDÚSTRIA CULTURAL



 



Não somente os tipos das canções de sucesso, os astros, as novelas ressurgem ciclicamente como invariantes fixos, mas o conteúdo específico do espetáculo só varia na aparência. O fracasso temporário do herói, que ele sabe suportar como bom esportista que é; a boa palmada que a namorada recebe da mão forte do astro, são, como todos os detalhes, clichês prontos para serem empregados arbitrariamente aqui e ali e completamente definidos pela finalidade que lhes cabe no esquema. Desde o começo do filme já se sabe como ele termina, quem é recompensado,



e, ao escutar a música ligeira, o ouvido treinado é perfeitamente capaz, desde os primeiros compassos, de adivinhar o desenvolvimento do tema e sente-se feliz quando ele tem lugar como previsto. O número médio de



palavras é algo em que não se pode mexer. Sua produção é administrada por especialistas, e sua pequena diversidade permite reparti-las facilmente no escritório. (Theodor W. Adorno e Max Horkheimer.



A indústria cultural como mistificação das massas. In: Dialética do esclarecimento, 1947. Adaptado.)



O tema abordado pelo texto refere-se



a) ao conteúdo intelectualmente complexo das produções culturais de massa.



b) a hegemonia da cultura americana nos meios de comunicação de massa.



c) ao monopólio da informação e da cultura por ministérios estatais.



d) ao aspecto positivo da democratização da cultura na sociedade de consumo.



e) aos procedimentos de transformação da cultura em meio de entretenimento.



 



5 UNESP 2014   PSQUIATRIA E NORMALIDADE



 



A poderosa American Psychiatric Association (Associação Americana de Psiquiatria – APA) lançou neste final de semana a nova edição do que é conhecido como a “Bíblia da Psiquiatria”: o DSM-5. E, de imediato, virei



doente mental. Não estou sozinha. Está cada vez mais difícil não se encaixar em uma ou várias doenças do manual. Se uma pesquisa já mostrou que quase metade dos adultos americanos teve pelo menos um transtorno psiquiátrico durante a vida, alguns críticos renomados desta quinta edição do manual têm afirmado que agora o número de pessoas com doenças mentais vai se multiplicar. E assim poderemos chegar a um impasse muito, mas muito fascinante, mas também muito perigoso: a psiquiatria conseguiria a façanha de transformar a “normalidade” em “anormalidade”. O “normal” seria ser “anormal”. Dá-se assim a um grupo de psiquiatras o poder – incomensurável – de definir o que é ser “normal”. E assim interferir direta e indiretamente na vida de todos, assim como nas políticas governamentais de saúde pública, com consequências e implicações que ainda precisam ser muito melhor analisadas e compreendidas. Sem esquecer, em nenhum momento sequer, que a definição das doenças mentais está intrinsecamente ligada a uma das indústrias mais lucrativas do mundo atual.



(Eliane Brum. Acordei doente mental. Época, 20.05.2013. Adaptado.)



No entender da autora do artigo, no âmbito psiquiátrico, a distinção entre comportamentos normais e anormais



a) apresenta independência frente a condicionamentos de natureza material, histórica ou social.



b) pressupõe o poder absoluto da ciência, em detrimento da relativização dos critérios de normalidade.



c) deriva sua autoridade e legitimidade cientifica de critérios empíricos e universais.



d) busca valorizar a necessidade de autonomia individual no que se refere a saúde mental.



e) estabelece normas essenciais para o progresso e aperfeiçoamento da espécie humana.



 



6. FGV DIREITO 2014  KANT E LIBERDADE



 



Leia o que segue para responder a questão 6.



I. É, pois, difícil a cada homem desprender-se da menoridade que para ele se tornou quase uma natureza [...] Mas é perfeitamente possível que um



público a si mesmo se esclareça. Mais ainda, é perfeitamente inevitável, se para tal lhe for concedida a liberdade.



(Kant, I. Resposta à Pergunta. O que é o Esclarecimento. In: http://www.ensinarfilosofia.com.br/_pdfs/e_livros/47.pdf)



II. Na sociedade burguesa o capital é autônomo e  pessoal, enquanto que o indivíduo ativo é impessoal e privado de autonomia.



E à supressão dessa relação a burguesia chama supressão da personalidade e da liberdade. E com razão. Trata-se, todavia, da supressão da personalidade, da autonomia e da liberdade dos burgueses.



(Marx & Engels. O Manifesto do Partido Comunista. 2 ed., Rio de Janeiro, Zahar, 1978, p.91)



a) Segundo Kant, com que objetivo os homens deveriam ter liberdade?



b) Marx registra mais de um sentido no conceito de liberdade. Identifique-os e explique se há ou não contradição entre eles.



 



 



7. UNESP 2014  POLÍTICAMENTE CORRETO



 



TEXTO 1



O problema do pensamento politicamente correto é que ele nada tem de correto. Pior: na ânsia de impedir qualquer ofensa a grupos ou minorias, ele converte-se na mais grotesca ofensa que existe para esses grupos ou minorias. A revista alemã “Der Spiegel” relata um caso que merece partilha: a Universidade Livre de Berlim decidiu publicar um guia interno para que os alunos de famílias proletárias possam ser mais facilmente integrados na vida acadêmica. Para os autores do guia, os alunos proletários são como certas espécies zoológicas que é necessário proteger em “hábitat” adequado. E isso implica não os assustar e, logicamente, não os alimentar com doses arcaicas de conhecimento “burguês” e “reacionário”. A universidade não é uma universidade, com a missão de corrigir erros e procurar algum conhecimento válido para todos. A universidade é uma grande encenação – ou, melhor ainda, uma sessão coletiva de terapia onde ninguém está certo (ou errado) porque todos estão certos (ou errados). O que o pensamento politicamente correto produz não é difícil de imaginar: a perpetuação do estigma de alunos proletários e a impossibilidade de eles aprenderem alguma coisa (na universidade) para ascenderem social e economicamente (na vida profissional).



(Joao Pereira Coutinho. Amestrando proletários. Folha de S.Paulo, 02.07.2013. Adaptado.)



TEXTO 2



Não existe razão para que tenhamos preconceito com relação a qualquer variedade linguística diferente da nossa. Preconceito linguístico e o julgamento depreciativo, desrespeitoso, jocoso e, consequentemente, humilhante da fala do outro ou da própria fala. O



problema maior e que as variedades mais sujeitas a esse tipo de preconceito são, normalmente, as com características associadas a grupos de menos prestigio na escala social ou a comunidades da área rural ou do interior. Historicamente, isso ocorre pelo sentimento e pelo comportamento de superioridade dos grupos vistos como mais privilegiados, econômica e socialmente.



(Marta Scherre. O preconceito linguístico deveria ser crime. http://revistagalileu.globo.com)



Comente as diferenças entre os dois textos no que se refere ao pensamento politicamente correto.



 



8 UNESP 2014   PENSAMENTO MÍTICO E EMPIRISMO



 



TEXTO 1



Um dos elementos centrais do pensamento mítico e de sua forma de explicar a realidade é o apelo ao sobrenatural, ao mistério, ao sagrado, à magia. As causas dos fenômenos naturais, aquilo que acontece aos



homens, tudo é governado por uma realidade exterior ao mundo humano e natural, a qual só os sacerdotes, os magos, os iniciados são capazes de interpretar. Os sacerdotes, os rituais religiosos, os oráculos servem como intermediários, pontes entre o mundo humano e o mundo



divino. Os cultos e os sacrifícios religiosos encontrados nessas sociedades são, assim, formas de se agradecer esses favores ou de se aplacar a ira dos deuses. (Danilo Marcondes. Iniciação à história da filosofia, 2001. Adaptado.)



TEXTO 2



Ao longo da historia, a corrente filosófica do Empirismo foi associada as seguintes características: 1. Negação de qualquer conhecimento ou principio inato, que deva ser necessariamente reconhecido como valido, sem nenhuma confirmação ou verificação. 2. Negação do ‘suprassensível’, entendido como qualquer realidade não passível de verificação e aferição de qualquer tipo. 3. Ênfase na importância da realidade atual ou imediatamente presente aos órgãos de verificação e comprovação, ou seja, no fato: essa ênfase e consequência do recurso a evidencia sensível. (Nicola Abbagnano. Dicionário de filosofia, 2007. Adaptado.)



Com base nos textos apresentados, comente a oposição entre o pensamento mítico e a corrente filosófica do empirismo.



 



9 A 12  UNESP 2014  ENSINO E CURIOSIDADE CIENTÍFICA



 



As questões de números 9 A 12focalizam uma passagem de um livro do astrônomo, escritor e divulgador científico Carl Sagan (1934-1996) e uma tira de Adão Iturrusgarai publicada no jornal Folha de S.Paulo.



Não existem perguntas imbecis À exceção das crianças (que não sabem o suficiente para deixar de fazer as perguntas importantes), poucos de nós passam muito tempo pensando por que a Natureza é como é; de onde veio o Cosmos, ou se ele sempre existiu; se o tempo vai um dia voltar atrás, e os efeitos vão preceder as causas; ou se há limites elementares para o que os humanos podem conhecer. Há até crianças,



e eu conheci algumas delas, que desejam saber como é um buraco negro; qual é o menor pedaço de matéria; por que nos lembramos do passado, mas não do futuro; e por que um Universo. De vez em quando, tenho a sorte de lecionar num jardim de infância ou numa classe do primeiro ano primário. Muitas dessas crianças são cientistas natos —embora tenham mais desenvolvido o lado da admiração que o do ceticismo. São curiosas, intelectualmente vigorosas. Perguntas provocadoras e perspicazes saem delas aos borbotões. Demonstram enorme entusiasmo. Sempre recebo uma série de perguntas encadeadas. Elas nunca ouviram falar da noção de “perguntas imbecis”.



Mas, quando falo a estudantes do último ano do secundário, encontro algo diferente. Eles memorizam os “ fatos”. Porém, de modo geral, a alegria da descoberta, a vida por trás desses fatos, se extinguiu em suas mentes. Perderam grande parte da admiração e ganharam muito pouco ceticismo. Ficam preocupados com a possibilidade de fazer perguntas “imbecis”; estão dispostos a aceitar respostas inadequadas; não fazem perguntas encadeadas; a sala fica inundada de olhares de esguelha para verificar, a cada segundo, se eles têm a aprovação de seus pares. Vêm para a aula com as perguntas escritas em pedaços de papel que sub-repticiamente examinam, esperando a sua vez, e sem prestar atenção à discussão em que seus colegas estão envolvidos naquele momento. Algo aconteceu entre o primeiro ano primário e o último ano secundário, e não foi apenas a puberdade. Eu diria que é, em parte, a pressão dos pares para não se sobressair (exceto nos esportes); em parte, o fato de a sociedade ensinar gratificações a curto prazo; em parte, a impressão de que a ciência e a matemática não vão dar a ninguém um carro esporte; em parte, que tão pouco seja esperado dos estudantes; e, em parte, que haja poucas recompensas ou modelos de papéis para uma discussão inteligente sobre ciência e tecnologia — ou até para o aprendizado em si mesmo. Os poucos que continuam interessados são difamados como nerds, geeks ou grinds.*



* Gírias norte-americanas para designar pessoas chatas, desinteressantes, esquisitas e, nesse caso, estudantes muito aplicados.



(Carl Sagan. O mundo assombrado pelos demônios, 1997.)



Mundo Monstro (Adão Iturrusgarai. www.folha.com.br)



Colegas perguntam – Yuri o que você vai ser quando crescer?



Resposta – Astronauta.



Colegas – AH,AH,AH,AH.AH,AH



Comentário : Yuri Gagarin sofreu bullyng quando era criança.



 



9 UNESP 2014  ENSINO E CURIOSIDADE CIENTÍFICA



 



No excerto apresentado, Carl Sagan, tomando por base sua época e seu país e referindo-se a crianças dos primeiros anos escolares e a estudantes do último ano do ensino médio, detecta uma diferença significativa quanto à vontade e à satisfação de fazer perguntas ao professor. Indique essa diferença.



 



10



Ao colocar como título  Não existem perguntas imbecis, o que quis dizer Carl Sagan em relação ao tema que explora no trecho apresentado?



11



Há até crianças, e eu conheci algumas delas, que desejam saber como é um buraco negro; qual é o menor pedaço de matéria; por que nos lembramos do passado, mas não do futuro; e por que um Universo.



Explique com que finalidade, no plano semântico, o autor intercalou a oração destacada à sequência do período transcrito.



 



12



Estabeleça a relação que há entre o que é comunicado, com humor bastante inteligente, pela tira de Adão Iturrusgarai e a preocupação que, no terceiro parágrafo, Sagan detecta nos estudantes do ensino médio norteamericano.



 



13 A 14  UNESP 2014  RELIGIÕES  OLAVO BILAC



 



As questões de números 13 a 14tomam por base um trecho da conferência Sobre algumas lendas do Brasil, de Olavo Bilac (1865-1918), e um soneto do mesmo autor, utilizado por ele para ilustrar seus argumentos.



Sendo cada homem todo o universo, tem dentro de si todos os deuses, todas as potestades superiores e inferiores que dirigem o universo. (Tudo, se existe objetivamente, é porque existe subjetivamente; tudo existe em nós, porque tudo é criado e alimentado por nós). E esta consideração nos leva ao assunto e à explanação do meu tema. Existem em nós todas as entidades fantásticas, que, segundo a crença popular, enchem a nossa terra: são sentimentos humanos, que, saindo de cada um de nós, personalizam-se, e começam a viver na vida exterior, como mitos da comunhão.



Tupã, demiurgo criador, e o seu Anhangá, demiurgo destruidor. É o eterno dualismo, governando todas as fases religiosas, toda a história mitológica da humanidade. Já entre os persas e os iranianos, na religião de Zoroastro, havia um deus de bondade, Ormuz, e um deus de maldade, Ahriman. A religião de Manés, na Babilônia, não criou a ideia do dualismo; acentuou-a, precisou-a; a base da religião dos maniqueus era a oposição e o contraste da luz e da treva: o mundo visível, segundo eles, era o resultado da mistura desses dois elementos eternamente inimigos. Mas em todos os grandes povos, e em todas as pequenas tribos, sempre houve, em todos os tempos, a concepção desse conflito: e esse conflito perdura no catolicismo, fixado na concepção de Deus e do Diabo. Os nossos índios sempre tiveram seu Tupã e o seu Anhangá... Ora, o selvagem das margens do Amazonas,



do São Francisco e do Paraná compreende os dois demiurgos, porque os sente dentro de si mesmo. E nós, os civilizados do litoral, compreendemos e contemos em nós esses dois princípios antagônicos, Deus e o Diabo. Cada um de vós tem uma arena íntima em que a todo o instante combatem um gênio do bem e um gênio do mal: Não és bom, nem és mau: és triste e humano... Vives ansiando em maldições e preces, Como se, a arder, no coração tivesses O tumulto e o clamor de um largo oceano. Pobre, no bem como no mal, padeces; E, rolando num vórtice vesano*, Oscilas entre a crença e o desengano, Entre esperanças e desinteresses. Capaz de horrores e de ações sublimes,



Não ficas das virtudes satisfeito, Nem te arrependes, infeliz, dos crimes:



E, no perpétuo ideal que te devora, Residem juntamente no teu peito



Um demônio que ruge e um deus que chora... * Vesano: louco, demente, delirante, insensato.



(Últimas conferências e discursos, 1927.)



 



13



O conferencista Olavo Bilac sugere que, apesar da diferença de credos, as religiões se filiam a um mesmo princípio. Que princípio é esse e o que origina no âmbito religioso?



14



No soneto, Bilac explicita sua concepção do homem. Apresente o aspecto mais importante dessa concepção.


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui