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Contos-->Aurora -- 22/01/2003 - 02:45 (Pedro Ivo Ravagnani) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando acordei, me dei conta que eles estavam me levando. Segurando os meus braços, passando por cima de plantas, cercas, pontes, rios, mares; Em direção ao Horizonte.
Naquela parte do trajeto só podia distinguir o mar verde abaixo e lá adiante, o que parecia ser uma flecha cortando o céu, fazendo curvas, subindo e descendo.
Aurora estava comigo. Ainda estava em minhas mãos.
_ “O que houve?” perguntei à Ela. E a estatueta de metal me respondeu:
_ “Eles estão te levando de volta. É o preço que se paga pela traição.”
_”Que traição?”
Não houve resposta.
Suas formas eram belas. Feitas de um brilhante metal retorcido que moldavam seus seios, as pernas, os braços, a cruz que levava nas costas, a coroa que se apoiava nela, e um perfeito par de asas. Enormes em relação ao seu corpo que poderia facilmente ser segurado com apenas uma das mãos e que agora eu apoiava, apesar da dificuldade por meus braços estarem sendo segurados, entre os dedos.
Não era sem razão que eles a adoravam. Aurora era o único ser, se é que posso chamá-la de ser, que era como eles: os mesmos traços, as mesmas asas.
Por um momento, em meio a toda aquela velocidade em que eles me levavam, pensei em deixá-la cair sobre o mar. Sem razão alguma, só por pensar. Foi o suficiente para que escapasse dos meus dedos e caísse.
_”Vocês não viram? Aurora caiu! Deixem-me buscá-la!” Supliquei.
Com surpresa, notei que a expressão deles não havia mudado, e nenhuma palavra foi dada por ambos que me carregavam.
_”O que são vocês? Não vêem que Aurora caiu?”
Após um longo silêncio, um deles respondeu:
_ “Somos o que fostes um dia.”
Eu não podia me lembrar de quase nada. Só o que vinha na minha mente era Aurora trancada em seu Divino quarto de castelo, e seres como estes que me falavam, guardando às janelas e portas.
Quando me refiro a Divino quarto de castelo, me refiro à uma espécie de um escuro calabouço feito de pedras, com apenas duas minúsculas janelas de grade, situado ao alto de uma torre. Mas não era uma prisão. Era o quarto de Aurora. Ela não se importava, pois não sentia frio, sede ou fome. Por isso Divino. Porque era dela, e tudo referido à ela era tido como Divino.
_”Quem são vocês?” Perguntei novamente, exigindo uma resposta direta.
_”Somos Anjos”
Anjos... Essa palavra refletiu na minha mente e ecoou por todo meu corpo. Senti-me estranho. Faltava algo em mim.
Soltaram-me, então, como eu havia soltado Aurora. E sumiram. Quando voltei a cabeça para cima, já não estavam mais lá. E após um segundo de inconsciência, entrei numa queda infinita, pois após muito tempo caindo, percebi que o mar não se aproximava. Talvez não estivesse de fato caindo, mas não sentia sustentação alguma no meu corpo e a velocidade do vento aumentava gradualmente. No horizonte a flecha se movimentava ainda mais rapidamente, em curvas cada vez mais fechadas. O mar refletia uma intensa luz branca. Uma luz que penetrava nos olhos, invadia a mente e atingia a alma.
“Ó, filho do céu! Eis que abandona-me! Prefere-me às ferrugens do oceano ao teu espírito salvar?
Orgulha-te de tirar-me de meu refugo, antes por juramento ao amor eterno, e agora vende-te por Anjos?
Ó, pobre senhor! Dar-te-ia o privilégio único de tocar os lábios de uma Deusa.”
_ Aurora! Deusa e Rainha! Senhora do Mar e da Vida! Mãe do fogo, terra e ar! Não te abandono! Arranquei-te de tua alcova rochosa por eterno amor! Não vendi-me por anjos, fui tomado pelos braços, tirado de tua presença! As águas quiseram-te, atraíram-te. Escorregaste dos meus dedos. Foste moça de Poseidon.
E como uma ordem, senti Suas palavras .
“Ame-me.”
Sentia Sua alma de Deusa expelindo paixão.
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