Deixas-me a visão difusa, enxergo-te diáfana.
Imprimo em ti outra textura, dou relevo às tuas asas.
Fazes do brilho, da luz e da cor a figura amada,
Crias molduras tirantes, madeiras quase encantadas.
Dilatas as íris, desfocando as imagens,
Criando desejos por tuas miragens.
Oásis translúcidos de tuas barragens
Irrigam os campos de minha pastagem.
Ocupas toda visão, como se monólito.
Tua sombra escurece, estende-se ao infinito.
Sombra cheia de sol, de astros, meteoritos.
Estrela de toda grandeza. Dos arcos, o mais bonito.
Inspiras poetas rebeldes, cegas artistas perdidos.
Peças forjadas a ouro, tiradas do fogo ardido,
Fazem ferver as telas dos pintores pervertidos,
Presos no rubro caule dos prazeres esquecidos.
E é assim que te vejo, obra-prima divina.
Fêmea nascida das tintas, pinceis da natureza,
Banhada a óleo celeste, provando de toda beleza.
Ousei tocar tua tela, troquei sem querer minha sina.
Alisson Castro.
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