Rosa Perua
Seu nome? Rosa Perua
Rosa jogada na rua
Do escarninho e perdição.
Rosa abatida, esfolhada,
Pela demência marcada,
Sem pena, sem compaixão.
Seus tamancos arrastando.;
Pelas calçadas marcando
Seu triste cantarolar:
Rosa Perua! Perua!
E os moleques da rua
Repetem a caçoar!
Detrás de um muro surgindo,
Como de grades fugindo,
Pra liberdade alcançar,
Uma rosa aveludada,
Inda de orvalho molhada,
Espreita a louca a gingar.
Cheia de dó, de ternura
Pela pobre criatura,
A rosa flor esperou
E perto sentindo-lhe o passo,
Cai-lhe no magro regaço
E tremendo ali ficou.
A pobre Rosa, a humana,
Que com a flor se irmana
Em nome e nada alem,
Como em susto, como em ânsia,
Aspirando-lhe a fragrância,
A mirá-la se detèm.
Depois lesta, pressurosa,
Com trejeitos de dengosa,
Prende a rosa-flôr no peito
E imitando altivo andar
Das damas no caminhar,
Arma um riso satisfeito.
Há um contraste meigo e forte
Na ironia da sorte
Que tal cena patenteia:
Alegria tão singela
Com que a feia ostenta a bela
E a bela perfuma a feia.
Christina Cabral
E-mail- christinacabral1@hotmail.com
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