Perguntam de minha ausência
Os amigos mais chegados
E leitores de rotina
Me procurando afobados
Eu fico até muito prosa
Quem sabe muito dengosa
Dos afetos comprovados
Devo dizer que aprendi
Que mais além da telinha
Há encantos mil para ver
Há conversa com a vizinha
Que eu havia abandonado
Com dia sempre ocupado
Nem ia mais à feirinha
Trocando vida por morte
Fui aqui me acomodando
Com fixação nas palavras
E os olhos lacrimejando
Tentava alcançar o vento
Com versos de meu lamento
Horas vãs se acumulando
Refleti com suavidade
Resolvi olhar o mundo
Noutro brilho mais azul
Isso em fração de segundo
De uma visão lá da praça
Onde encontrei toda a graça
Do violeiro Raimundo
Há muito não percebia
Que iluminaram o espaço
Arbustos todos floridos
À espera do meu abraço
Crianças no corre-corre
Tinha um bêbado de porre
Bebê feliz no regaço
Estiquei a caminhada
Até o velho flamboyant
Vi uma nuvem de flores
A suavizar meu afã
Eram de um coral tão lindo
Sozinha fiquei sorrindo
Imaginando a manhã
Dizem que o tempo perdido
Não volta nem recupera
Mágoas de sonhos dispersos
Que foram com a primavera
Mas há momentos divinos
Que levam meus desatinos
Trazendo uma Nova Era...