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Artigos-->Jim Carrey no mundo da Lua -- 27/08/2000 - 16:12 (Kelly Christine Barbosa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CRÍTICA DE CINEMA



Jim Carrey no mundo da Lua



O Mundo de Andy (Man on the moon, EUA, 1999) é a mais recente incursão do diretor Milos Forman pelo universo das personalidades americanas que negaram as idéias aceitas pela maioria e propuseram novas referências em suas respectivas áreas. Estrelado por Jim Carrey, o filme narra a trajetória do comediante Andy Kaufman, das improvisações iniciadas na infância, passando pela notoriedade obtida graças à participação na série cômica de televisão Taxi, até a morte motivada por um câncer raro, em 1984.

Quem já assistiu a Um Estranho no Ninho e O Povo Contra Larry Flynt – outra história baseada em fatos – sabe que Milos Forman gosta de tratar de personalidades excêntricas, daqueles que combinam opiniões pouco convencionais e atitudes inesperadas num estilo de vida camicase. Sabe também que, apesar disso, Forman não é nenhum artesão que sai por aí à cata do lado “cão” da vida. Nas mãos dele, qualquer personagem, por mais estranho que seja, perde em vulgaridade e ganha em humanidade, aproximando-se do público. Foi assim que o falso louco interpretado por Jack Nicholson passou de reles criminoso a defensor dos direitos dos doentes mentais. Também foi assim que o pornófilo Larry Flynt, criador da pesadíssima revista Hustler, personificou a luta pela liberdade moral e de imprensa. Com Andy Kaufman, não é diferente.

O Mundo de Andy não se detém na importância que shows de TV como Saturday Night Live têm para os americanos, o que poderia dar um certo distanciamento entre o protagonista e o público do resto do mundo. Em vez disso, o roteiro privilegia o lado humano de Andy, ressaltando seu amor por um tipo de comédia que ou fazia a platéia voltar a ser criança ou levava os espectadores a acessos, às vezes incontidos, de fúria. Os desentendimentos entre Andy e os produtores da série Taxi, as exigências para inserir um misterioso cantor de bares em seus shows e a rejeição do público quase no fim de sua vida são retratados com carinho sem chegar à pieguice. Em um desempenho fenomenal, que lhe rendeu o Globo de Ouro de Melhor Ator em Comédia, Jim Carrey consegue transmitir credibilidade ao interpretar um homem que alguns, ainda hoje, consideram completamente louco. Em muitos momentos do filme, dá até para ficar em dúvida se quem está em cena é Jim Carrey interpretando Andy Kaufman, o próprio Kaufman ou Jim Carrey interpretando a si mesmo e falando de um mundo que conheceu bem em sua ascensão meteórica.

Desde o lançamento do maravilhoso O Show de Truman, de Peter Weir, facções diferentes de cinéfilos estavam de olho na carreira de Carrey. Enquanto muitos torciam para que ele encontrasse outros papéis que deixassem espaço para atuações mais dramáticas e menos caricatas, outros esperavam vê-lo novamente em filmes inconseqüentes como O Máskara e Ace Ventura. Desta vez, parece que Carrey provou que é capaz de fazer ambas as coisas sem se deixar intimidar pela intensidade da história e pelo peso de coadjuvantes com Danny De Vito, Ed Harris e Courtney Love.

Ao contrário de O Show de Truman que mostrava um Jim Carrey brilhante por estar mais contido e expressivo no decorrer da história, O Mundo de Andy já explora o talento do comediante na abertura. Num certo sentido, o início de O Mundo de Andy lembra a introdução de Dogma, o filme de Kevin Smith que começava pedindo ao público que não o odiasse sem conhecê-lo e explicava que tudo não passava de uma grande brincadeira. Mas O Mundo de Andy vai um pouco além. O protagonista aparece na tela para convidar certos espectadores intolerantes e pouco compreensivos a deixarem a sala de projeção, fazendo certas observações sobre o filme que tanto se aplicam aos atos do personagem quanto à relação de amor ou ódio (nunca os dois) que Jim Carrey mantém com os espectadores. Tolerância e compreensão são requisitos obrigatórios para entender que a motivação de Andy Kaufman quando provocava seus fãs com brincadeiras permeadas por preconceitos era despertar uma geração que dependia cada vez mais dos aparelhos de TV para aquilo que os produtores de shows, novelas e seriados preferem não mostrar: a monotonia e a industrialização imbecilizante do entretenimento.



Kelly Christine Barbosa - jornalista

kelly_barbosa@super11.net

Belo Horizonte - Minas Gerais

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