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Artigos-->As contradições da fé -- 27/08/2000 - 16:19 (Kelly Christine Barbosa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CRÍTICA DE CINEMA



As contradições da fé

Stigmata chega às locadoras com final alternativo



São chamadas estigmas as marcas das cinco chagas da paixão de Cristo que, vez por outra, aparecem nos corpos de pessoas muito religiosas. Geralmente, o aparecimento dos ferimentos é acompanhado de sofrimentos físicos e morais e é considerado marca de santidade. Partindo desse fenômeno, das contradições e da guerra de egos dentro da Igreja Católica o diretor Rupert Wainright contou a história de uma estigmatizada nada convencional em um dos mais interessantes filmes de temática religiosa dos últimos tempos: Stigmata.

O filme começa numa pequena localidade brasileira onde Andrew Kiernan (Gabriel Byrne), um detetive do Vaticano, investiga o caso de uma imagem que chora lágrimas de sangue. Convencido de que a ocorrência não tem uma explicação racional, o padre Kiernan volta para a Itália, mas pouco depois é enviado ao encontro de Frankie Paige (Patricia Arquette), uma cabeleireira que não acredita em Deus, mas começa a apresentar estigmas. Inicialmente relutante em relação à jovem, pois se trata de uma ateísta, o padre acaba se envolvendo no sofrimento dela ao mesmo tempo em que uma atração proibida aparece entre os dois. O que Kiernan não sabe, no entanto, é que Frankie acaba de se transformar no canal para transmissão de uma mensagem que pode pôr fim ao poderio da Igreja Católica, algo que o alto-escalão do Vaticano não pode admitir.

Stigmata tem um roteiro inteligente que surpreende ao mostrar ocorrências intrinsecamente ligadas à fé tendo lugar em ambientes triviais, como lanchonetes, vagões do metrô e danceterias, que nada têm a ver com os santuários criados pelos católicos. A história escrita por Tom Lazarus aposta em personagens e sentimentos contraditórios. No lugar de um asceta, quem recebe a mensagem que pode alterar os destinos da humanidade é uma mulher independente, decidida e que não tem nenhuma crença na divindade. Já o padre Kiernan é um ex-cientista que procurou o caminho da religião para pôr fim às próprias dúvidas, mas não conseguiu vencer completamente o ceticismo. Os desempenhos angustiados de Gabriel Byrne e Patricia Arquette dão ao filme uma credibilidade fundamental.

Mas quem pensa que por ser uma grande produção cinematográfica Stigmata deixa passar batidas as incoerências da Igreja Católica está enganado. Em apenas duas seqüências, o filme de Rupert Wainright deixa claro que nem sempre os padres e cardeais estão preocupados com a caridade e com o destino da humanidade. Na primeira delas, ao descobrir que Frankie Paige não é católica, o padre Kiernan duvida de seu sofrimento e pretende se afastar do caso. Na segunda, um cardeal tenta calar a mensageira por que as revelações dela podem decretar o fim de suas regalias e do poder que há séculos mantém a espécie humana sob controle.

Os cortes rápidos e os efeitos visuais bem-feitos também colaboram para que Stigmata seja um filme diferente das outras obras recentes que trataram a religião e o sobrenatural. E na versão para as locadoras o filme ainda tem um atrativo a mais: um final alternativo acrescentado após os créditos. Enquanto a versão oficial do estúdio apresenta uma conclusão feliz bem ao gosto dos executivos de Hollywood, a versão inédita traz um desfecho mais dramático, triste e coerente com o tom sombrio da obra. Vale a pena assistir à fita e escolher o final que mais lhe agrada.



Kelly Christine Barbosa - jornalista

kelly_barbosa@super11.net

Belo Horizonte - Minas Gerais











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