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Contos-->VAMPIROS -- 01/08/2000 - 07:36 (Vladimir Luge) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Por onde devo começar? Talvez pela dor que os dentes dela me causaram quando fecharam-se sobre o meu pau, despedaçando-o. Mas não sou de chorar o sangue derramado, ou pau dilacerado. Não. Não, isso é quase o final de minha história. Melhor começar pela primeira vez que a vimos. Eu e mais dois amigos e uma amiga havíamos visto a sua chegada no bar. Tentava não chamar a atenção, olhando discretamente para os lados como se procurasse alguém. Estávamos bêbados como sempre, comemorávamos o nascimento de meu sobrinho. Tudo era motivo para embriagarmo-nos. Certa vez bebemos dois litros de vodca para homenagear o suicídio de Kurt Cobain, saca? Noutra vez, lembro bem (como poderia esquecer?), Margie foi parar no hospital em coma alcoólica quando varamos a noite em seu apartamento comemorando a ejaculação precoce de um dos seus amantes. O cara simplesmente não conseguia meter mais que a cabecinha e já gozava. É claro que isso também merecia uma comemoração e, cá pra nós, Margie ensopava facilmente, uma buceta pantanosa, muito apertada apesar de horas e horas de pica. Tudo alucinante. É claro que cheirávamos alguma coisinha e também fumávamos uma boa erva nacional pernambucana. Mas nessa noite bebíamos apenas, e brindávamos ao meu sobrinho que chegava. Dedi, o mais novo dessa minha caterva de alucinados, queixava-se querendo exibir seu novo piercing, um pequeno pingente de prata que lhe adornava o umbigo. Era o sétimo adereço que incorporava ao corpo tatuado, já os tinha na língua, na orelha esquerda, nos mamilos e na sobrancelha também esquerda. Reclamava que seu "ferrinho", como gostava de chamar seus penduricalhos, deveria ser agraciado por uma boa noitada de pó, e ria-se escandalosamente. Ela entrou, sentou-se numa mesa cuja visão dava diretamente para a nossa. Usava óculos escuros embora o ambiente fosse já de treva e fumaça. Uma banda tocava blues naquela noite e o vocalista esgüelava-se tentando imitar um negro qualquer do Mississipi. Tudo espetáculo, comentou o filósofo da turma, tentando tecer as teorias de Guy Debord. Marcel era francês, filho de um empresário de Marselha. Há alguns anos viera conhecer o país e se apaixonara por Margie. Acabou ficando e era o nosso fornecedor rotineiro de aporias e cocaína. Declamava poemas de Guinsberg, longos poemas que nos impressionavam mais pela sua memorização do que propriamente pela sua qualidade. Éramos uns malucos apaixonados, embora, cá para nós, eu creia que isso é pura redundância. Ou não? A mulher ficou de longe e certamente nos encarava, dava para sentir que éramos alvo de sua gula. Margie foi a primeira a notar e nos cantou a pedra. Ótimo, eu disse, que venha até nós, ando mesmo a fim de carne fresca, brinquei e observei que ela tinha pernas fantásticas e um par de seios simplesmente suculento. De repente levantou-se e veio em nossa direção, puxei a cadeira e sentou-se ao meu lado sem dizer boa noite. Também sem dizer nada, por baixo da mesa, meteu a mão entre minhas pernas e apertou decidida. Marcel sorriu, Margie também mostrou seus lindos dentes e Dedi, enciumado, fez cara feia para a mulher. Tudo em silêncio, apenas gestos e olhares, e o cantor branco e gordo da banda de blues cuspindo Crossroads em nossos ouvidos. Confesso que já estava meio bêbado e gostando muito dos carinhos que a mulher fazia em meu cacete, aproveitando a escuridão do bar fiz o mesmo, encharquei meus dedos em sua gruta quente e a fiz suspirar. Fiz menção de retirar seus óculos mas ela reagiu com violência, empurrando minha mão e balançando a cabeça negativamente. Não dizia palavra alguma, apenas agia. Margie propôs que todos fôssemos ao seu apartamento, Dedi tentou excluir a mulher que me apertava as coxas, enquanto Marcel continuava estático e a dizer que tudo era espetáculo. Saímos os cinco, a pé pelas ruas, a madrugada fria envolvendo nossos desejos. No enorme sofá, Marcel e Margie beijavam-se, enquanto Dedi aproveitava a ida da mulher ao banheiro para continuar o que até então apenas ela estava fazendo com carinho e fúria, sugar o meu falo ereto. Há muito que era dele essa tarefa, gostava de sentir sua língua percorrendo minha glande, era a minha comidinha caseira, mas agora eu tinha um banquete enorme para devorar e isso o estava deixando deveras irado e inseguro. Não te chupo mais, seu porra, ele disse e fez menção de ir embora. Espera, pedi-lhe, e nesse momento ela saiu do banheiro e veio em nossa direção, abraçando-nos aos dois, e beijando nossas bocas alternadamente. Margie e Marcel foram para o quarto e ficamos nós, eu, Dedi e a desconhecida, rolando pela sala do apartamento. Despimo-nos e nos tocamos, nos sugamos, nos penetramos numa loucura enorme. Ela cravou as unhas longas entre minhas pernas e de repente senti seus dentes destroçarem meu pau. Gritei desesperado e ainda pude ver quando ela cuspiu o sangue e mastigou o que sem sombra de dúvidas era um pedaço de mim. Dedi tentou atingi-la mas foi arremessado contra a parede, numa demonstração descomunal de força. Eu ali gemendo, encolhido, ensagüentado, vi quando Margie e Marcel, nus, adentraram a sala e imediatamente foram jogados pela janela por aquela mulher. O meu terror era simplesmente maior que a dor que eu sentia. Ela encaminhou-se na direção de Dedi que gemia baixinho. Pegou-o no colo e mordeu o seu pescoço, sugando seu sangue, pelo menos foi o que me pareceu. Ele se debateu enquanto pôde e arrancou-lhe os óculos escuros, exibindo a ausência total de olhos, dois aterrorizantes buracos negros. Ao final jogou-o também pela janela, antes de sorrir para mim e sair voando na escuridão daquela madrugada fria. Você não acredita em mim também? É sempre assim, nenhum dos médicos dessa porra quer acreditar em mim. Você acha que é tudo invenção minha? Que matei meus amigos? Que cortei meu próprio pau? Porra, olha pra mim, estou te sendo sincero, doutor. Espera, não me deixa aqui, volta. Não, não, camisa de força não...
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