Temos, desde o nascimento,
Nossos destinos traçados;
Uns, são bem afortunados,
Outros, só têm sofrimento.
Não me queixo, nem lamento,
Cada um tem seu valor:
Um nasce pra ser doutor,
A outra pra ser parteira,
Porém, o Mané Bandêra
Nasceu pra ser lavrador.
Mané, foste um ser humano
Sem fortuna, sem renome,
Mas tinhas o mesmo nome
De um vate pernambucano.
Quis, porém O Soberano
Mudar a linha traçada,
Passaram na mesma estrada
Mas com diferentes metas:
Ele: Mestre dos Poetas,
Você: Mestre da Enxada!
Nos lugares que passaste
Todos sentem a tua falta,
Na roça, tua ribalta,
Muito suor derramaste.
Mas foi lá que encontraste
O prazer de viver nela,
Tua camisa amarela
Foi "armadura de guerra",
Quem mais descobriu a terra
Está coberto por ela.
Não vi, porém, imagino
A tua triste partida
Deixando enorme ferida
No Agreste nordestino.
Quando repicou o sino,
Piou tristonho o tetéu,
Pegaste botas, chapéu,
O "pacaia" e a enxada
Pra primeira "empeleitada"
Com o Capataz do Céu.
Porto Velho, 05/02/94. |