PINTURA ÍNTIMA
Vou contar,
com a ponta atrevida
de minha língua,
as pintas do teu corpo
e quando perder a conta,
voltar ao ponto de partida.
Salivante,
vou grafitar em teu dorso
- com requinte e cuidado -,
o esboço do pecado:
traçando todos os pontos,
unindo pinta a pinta.
Com tinta transparente
e pinceladas de lambidas,
pintar poros
pontas e cantos:
entintar tua gravura
com o pincel molhado de encanto.
Em contato com meu peito,
tua pintura irá secar
e na moldura do leito,
vou, por fim, te enquadrar
no meu jeito arteiro de amar.
Valéria Tarelho
10/04/03
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