ILHARGA
Estou farta
Desta farsa revestida de azul e dourado,
De fazer de conta que sou amada,
Transformando a revolta amargurada
Em ternura dissimulada
Estou farta
De dormir ao teu lado,
Marionete de emoções pálidas
Que dança, chora e cala,
Que te abraça e dorme acordada
Com a boca calada
Estou farta
Da tua paixão exilada
Em prisão deliberda,
De te buscar em mim náufrago de ti,
Sereia do teu lago raso de mim
Estou farta,
De nadar ao largo de ti,
E mergulhar no teu desvario,
Um dia fundo, outro vazio,
Com a alma suando frio
Estou farta
De te querer assim
Eternamente em mim,
Sem começo nem fim
A me gastar em ti,
Estou farta
Desta solidão amarga
Sob o inferno da dúvida,
Que não diminui nem alarga,
O peso da carga,
De ser a comparsa
Da minha própria farsa
MORGANA
Rio de Janeiro, 21/12/04.
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