Ao pessoal de Altinho-PE, especialmente dos sítios Sobradinho, Letreiro e Carão.
Quase todo nordestino,
Depois da adolescência,
Tangido pela carência
Procura um novo destino:
Vira mais um "severino"
Vivendo em novo ambiente,
Mesmo sendo diferente
Não esquece a tradição.
"A gente sai do sertão
E o sertão não sai da gente!"
É São João, mas eu não sinto
O cheiro de milho assado,
Tenho na frente um teclado
E a tela é meu labirinto.
Toco um CD de Jacinto,
Lembro a minha terra ausente,
Ligo, mas nenhum parente
Ouve a minha ligação.
"A gente sai do sertão
E o sertão não sai da gente!"
Parece que estou vendo,
Lá no forró do Letreiro,
O velho Heleno Cordeiro
A cotinha recolhendo.
João de Quitéria trazendo
Cachaça com caldo quente,
Zé Biquara no batente
Amarrando um foguetão.
"A gente sai do sertão
E o sertão não sai da gente!"
Tenho em minha companhia
Somente o computador,
Uma dose de licor
E a parceira poesia
Que pega a minha agonia
E a transforma em Repente,
O "e-mail" segue urgente
Transportando a emoção.
"A gente sai do sertão
E o sertão não sai da gente!"
Mote: Domínio Público
Glosas: Wellington Vicente
Porto Velho-RO, 23 de Junho de 2003.(Noite de São João).
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