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Cartas-->DEPOIMENTO: CARTA PARA UM PASSADO AINDA VIVO -- 27/11/2002 - 16:53 (ROSAPIA (veja página 2)) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DEPOIMENTO: CARTA PARA UM PASSADO AINDA VIVO

Fiz o poema "Tuas Mãos". Não sei ainda se fiz um poema, acho que o poema É VOCÊ. Recebo inúmeros comentários sobre ele, até convite para participar de Sites recebi por causa dele. Depois que o fiz, não satisfeita, criei coragem e descrevi o processo de sua criação. Publiquei. Muitos comentários, todos favoráveis. Eu mesma admito que, como arte poética, é um grande poema. Não sei se as pessoas percebem, mas eu sei que ele é vida. Eu o leio e revivo cada momento, cada gesto seu, cada reação minha... Revejo cada lugar onde cada cena descrita se passou... Sinto de novo cada emoção, cada suspiro, cada alegria, como se fora o momento vivido. Só meu sorriso é diferente: jamais poderia se aproximar sequer dos sorrisos que você me arrancava quando, me olhando, encantado a cada orgasmo, me dizia: "Linda! Como você é linda!" Como eu poderia esquecer isso? E, em lembrando, como poderia sorrir sem ter seus olhos me fitando?

Em "Tuas Mãos" eu falo de nosso amor nos momentos eróticos. Era muito amor e o erotismo tinha que ser correspondente. As pessoas que lêem o poema sentem e curtem essa grande verdade da gente. Mas elas não sabem da vida toda que corria recheada pelo nosso amor. Ah, quantos momentos maravilhosos temos para rememorar! Tudo para nós tinha importância de preciosidade, de riqueza, de sagrado. Cada olhar, cada palavra, cada gesto, cada toque, cada objeto... tudo se revestia de uma beleza que só nós víamos, de um perfume que só nós sentíamos. Lembra? A rosa de plástico que eu detestava, mas você me deu e ela ganhou um lugar de destaque, e eu passei a gostar de rosas de plástico... A bicicleta usada que lhe dei no aniversário, você ficou dando voltinhas na rua em plena madrugada, exibindo-se para mim, como se estivesse testando um carrão importado... Os orelhões tinham uma importância que jamais alguém suspeitou: você me ligava sem ficha, caía o som cadenciado de "ocupado" que eu devia escutar como se fosse "eu te amo, eu te amo, eu te amo"... o código que você inventou para economizarmos os trocados sem economizar o amor! O famoso "mesversário" que inventamos para comemorar todos os meses nosso encontro definitivo: comemorações famosas, jantávamos fora, saíamos pelas ruas de mãos dadas, ríamos alto das besteiras que falávamos... eu te comprava uma camisa, uma cueca, uma coisinha qualquer que marcasse aquela data... você me trazia um bichinho de louça, nem que fosse de camelô, ou uma flor roubada num jardim qualquer de seu caminho... nunca passava um mês sem aquela festa de nossos corações. E os momentos de ternura em que ficávamos abraçados e calados, vendo os passarinhos saltitando na areia, admirando a flor que, ontem botão, desabrochou ao sentir o sol; o tempo que passávamos olhando uma vitrine e namorando alguma coisa desejada que não dava para comprar. Eu enfeitava nossos pratos simples para ver seu sorriso e receber seus cumprimentos, de alguns pratos você até tirou retrato... lembra? Como éramos alegres! Tudo era motivo para rir, brincar. E nossos sonhos, nossas fantasias, alguns realizados, sempre a pedidos... Era tudo tão pleno e feliz!

Chorávamos também. Sim, chorávamos pelas barras da vida, mas isso passava fácil. Demorava a passar quando chorávamos por qualquer rusguinha que surgisse entre nós, sempre morrendo de medo que tudo pudesse se acabar. Você tinha ciúme, eu gostava e às vezes provocava, ruindadezinha, só pra arreliar. Depois virava briga e quase sempre eu pedia desculpas. Isso de pedir desculpas tinha que ser comigo, você nunca dava o braço a torcer. Mas eu dava e nunca me importei. E, a cada briguinha a gente acabava se abraçando e se beijando como se fosse a primeira vez.

Mas um dia... o temido dia chegou. Foi pra valer. A briga não terminou como sempre. Choramos, sim, mas choramos separados... E foi - e é - muito cruel reviver isso. Não quero. Sei que o amor não morreu. Ele vive em nós. Mas, hoje, quero recordar apenas o que foi bom, grande, quase perfeito. Hoje preciso de forças para caminhar e continuar amando, e venho haurir minhas forças nas lembranças queridas que jamais perderão o sabor de vida que lhes soubemos imprimir. Nossa vida foi comum, com situações corriqueiras como ocorre em todas as vidas comuns. Hoje eu tenho outra vida, você tem outra vida, mas foi nossa vida juntos que nos preparou para este hoje separados. Desencadeou-se em mim a lembrança desse enorme amor que vivi com você e que quero reviver hoje para, amanhã, abraçar novos amores. Preciso reviver para de novo acreditar e reconstruir o sonho. Preciso tirar de nosso amor o impulso para inventar um novo amor, com novo sabor, novas palavras ou velhas palavras de roupa nova... Preciso deixar para trás o que virou ranço e aproveitar o que pode ainda alimentar. Meu alimento ainda é a lembrança de você. Quero que o mundo saiba disso!


23/12/2001

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