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Artigos-->JORGE AMADO E OSMAN LINS EM OTTAWA -- 11/09/2014 - 12:03 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos





 






                                                                                                                                                    JORGE AMADO E OSMAN LINS EM OTTAWA




                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        L. C. Vinholes






Quando em julho de 1954 participei em Salvador do Iº Seminário Internacional de Música, promovido pela Universidade da Bahia, tive a oportinidade de conhecer o escritor que se tornaria um dos ícones da literatura brasileira: Jorge Amado. Na companhia do escritor, do artista plástico Caribé, do compositor e cantor Dorival Caymmi, do compositor H. J. Koellreutter, diretor do seminário, do professor José Klias, mestre de gerações de pianistas brasileiros, da professora baiana Maria Rosita Salgado Góes e de colegas da Escola Livre de Música de São Paulo, fomos calorosamente recebidos no terreiro da lyálorixá (mãe-de-santo) Mãe Minininha do Gantois. Anos depois me foi possível aquilatar o quanto singular havia sido aquele encontro e passados trinta anos voltei a estar bem próximo do autor baiano, não fisicamente, mas frente a frente com a sua festejada produção.







Vivendo no Canadá desde julho de 1977, na segunda quinzena de setembro de 1984, vi, pela primeira vez, as vitrines do salão de entrada e do andar térreo da Biblioteca Pública de Ottawa, exibirem obras de dois grandes escritores brasileiros: Jorge Amado e Osman Lins.







Conhecida durante muitos anos como Biblioteca Carnegie, a referida instituição foi criada e construída em 1906 com uma doação de US$100.000 concedidos pelo magnata Andrew Carnegie (1835-1919). Tornou-se a “biblioteca-centro” de um sistema que cresceu significativamente e que, na década de 1880, mantinha sete sucursais, um serviço de biblioteca ambulante que servia escolas, hospitais e áreas específicas e, finalmente, um serviço especial para atendimento domiciliar aos idosos, acamados e portadores de necessidades específicas que impedissem locomoção. O prédio que conheci foi inaugurado em 1974, construído no mesmo local do anterior, demolido em 1971.







As obras de Jorge Amado e Osman Lins que presentes na exposição, nos originais e nas traduções, representavam duas correntes distintas no amplo panorama da literatura brasileira da segunda metade dos anos 80 do século passado e foram reunidas com a colaboração da rede das representações diplomáticas do Brasil que enviaram para Ottawa exemplares dos livros publicados nas suas respectivas jurisdições.







A escolha de Jorge Amado para figurar na referida mostra deveu-se, entre outros motivos, não só ao fato de que muitas de suas obras traduzidas para o inglês e ditadas pela Avon Books do Canadá eram vendidas nas livrarias daquele país, mas também por terem alcançado êxito de público e de crítica os filmes baseados em seus romances “Dona Flor e seus dois maridos” e “Gabriela, cravo e canela”, pouco antes exibidos às plateias canadenses. Por outro lado, despertava grande curiosidade na comunidade multicultural do Canadá, formada por gerações de imigrantes oriundos de todas as origens, serem as obras deste autor traduzidas e editadas em mais de quarenta idiomas, o que, na época, não se verificava na produção dos melhores escritores locais.







Os trabalhos de Osman Lins foram escolhidos para participarem da mesma mostra uma vez que passaram a chamar a atenção dos interessados por “literatura nova”, desde que, em 1980, a editora Alfred A. Knopf, de Nova York, publicou a tradução para o inglês de “Avalovara”. Ao mesmo tempo, justamente para atender a uma série de consultas, a Embaixada do Brasil em Ottawa adquiriu e distribuiu exemplares desta tradução às bibliotecas das principais universidades anglofônicas do Canadá.







Para a coleta de material também colaboraram a revista Manchete cedendo três fotos, em preto e branco, de cada um dos mencionados autores; a Biblioteca Nacional de Belgrado que, por estarem esgotas as obras de Jorge Amado publicadas na Iugoslávia, cedeu fotocópias das capas, contracapas e primeiras páginas dos exemplares exitentes no seu acervo: “Terra do sem fim”, “Capitães de areia”, “Gabriela, cravo e canela”, “Os pastores da Noite”, “Os subterrâneos da liberdade” e “Teresa Batista cansada de guerra”, em traduções para o esloveno, servo-croata e macedônio. Foram também aproveitados vinte nove exemplares de Jorge Amado do acervo da biblioteca que hospedou a mostra, a maioria em inglês e francês e os volumes de “Gabriela, cravo e canela” e “Jubiabá”, na edição húngara.







Cumpre registrar com destaque o fato de que a escritora Julieta de Godoy Ladeira, viúva de Osman Lins, reuniu farto e valioso material iconográfico sobre aquele romancista, incluindo não só originais e traduções, mas também uma variedade de documentos e objetos pessoais, alguns dos quais citados em suas obras, tais como a xícara e o pires de porcelana japonesa presente em “O fiel e a pedra” e a manta peruana adquirida pelo autor em viagem a Cusco, com descrição da compra registrada em “La Paz existe?”.







Visando maior aproximação para melhor atender diretamente ao público universirário, a mostra de Jorge Amado e Osman Lins, depois de exibida na Biblioteca Pública de Ottawa, foi montada nas bibliotecas das universidades Carleton e Ottawa em novembro-dezembro de 1984, ambas na capital canadense, e na Univesidade de Toronto, em maio do ano seguinte.







Aproveitando os amplos espaços disponíveis em cada uma das bibliotecas mencionadas e o número de vitrines e painéis nelas existentes, a montagem de cada mostra criava ambientes distintos e atrativos. Cartazes preparados pelo Setor Cultural da Embaixada com informações suplementares sobre os dois escritores, foram igualmente incluídos na mostra.







Quando montada na biblioteca da Universiade de Toronto, a mostra despertou o interesse e a curiosidade não só da população em geral, mas especialmente dos alunos dos cinco cursos de língua portuguesa de nível superior mantidos por aquela instituição.







A Biblioteca Pública de Ottawa havia organizado exposições de caráter cultural em colaboração com representações diplomáticas acreditadas em Ottawa, inclusive a sobre Cervante e Don Quixote, mas com a mostra de Jorge Amado e Osman Lins aquela biblioteca promoveu, pela primeira vez, um evento dedicado a apresentar destacados escritores latino-americanos.







Não pode deixar de ser registrado o fato de que muitos do que procuraram a mostra atraídos pelo nome dos dois escritores saíram igualmente supresos com a variedade da apresentação gráfica das diferentes edições de uma mesma obra, algumas vezes questionando e tentando justificar o que levaria à tão variados resultados.







Na época, com um acervo de 743.781 volumes, 167.404 registros de leitores autorizados a tomarem empréstimos e uma visitação de mais de 11.000 pessoas por “semana-amostragem”, a Biblioteca Pública de Ottawa registrou milhares de visitantes durante os quinze dias em que as obras dos dois brasileiros estiveram expostas à visitação pública.



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