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Artigos-->Dez mentiras do governo Dilma -- 18/09/2014 - 15:38 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos










Dez mentiras do governo Dilma





Felipe Miranda



Numa época de mentiras universais, dizer a verdade é um ato revolucionário. Se George Orwell estivesse por ai, seria prontamente acusado de terrorismo eleitoral.




 



Enquanto insistirem em falar mentiras sobre os “neoliberais”, cumprirei o compromisso de falar verdades sobre o governo.



 



Há dois elementos constrangedores envolvendo o governo Dilma: a incompetência e a desonestidade intelectual - essa última conhecida popularmente como hábito da mentira.



 



Inventam o que querem para evitarem a mudança de endereço. Abaixo listo as dez mentiras que mais me incomodam, cujas implicações ao seu patrimônio podem ser substanciais.



 



Restrinjo-me a questões de economia e finanças. Não imagino que a mitomania limite-se a essa área, mas prefiro manter-me no escopo, por uma questão de pertinência desta newsletter.



 



Ao não reconhecer os erros, mantém-se a rota errada da política econômica. Bateremos de frente com uma crise financeira em 2015.



 



1. “A crise vem de fora.”



 



Esse é o discurso oficial para justificar a recessão técnica em curso no Brasil. O que os dados podem nos dizer sobre isso? Comecemos do mais simples: o crescimento econômico do Governo Dilma será, na média, dois pontos percentuais menor àquele apresentado pela América Latina. Nos governos Lula e FHC, avançamos na mesma velocidade dos vizinhos.



 



Indo além, há de se lembrar que a economia mundial cresceu 3,9% em 2011, 3% ao ano entre 2012 e 2013, e deve emplacar mais 3,6% em 2014. Nada mal.



 



Comparando com o pessoal mais aqui ao lado especificamente, Chile, Colômbia e Peru, exatamente aqueles que adotaram políticas econômicas ortodoxas e perseguiram uma agenda de reformas na América Latina, cresceram 4,1%, 4,0% e 5,6% ao ano, entre 2008 e 2013.



 



Enquanto isso, a evolução média do PIB brasileiro na administração Dilma deve ser de 1,7% ao ano.



 



A retórica oficial, desprovida de qualquer embasamento empírico, continua ser de que a crise vem de fora. Aquela marolinha identificada pelo presidente Lula, lá em 2008, seis anos atrás, ainda deixando suas mazelas.



 



 



 



2. “A política neoliberal vai aumentar o desemprego.”



 



Não há como desafiar o óbvio de que o produto agregado (PIB) depende dos fatores de produção, capital e trabalho. Ora, com o PIB desabando por conta da política econômica heterodoxa, cedo ou tarde bateremos no emprego.



 



Podemos não conseguir precisar qual a exata função de produção, ou seja, de como o PIB se relaciona com o nível de emprego, mas não há como contestar a existência de relação entre as variáveis.



 



O crescimento econômico da era Dilma é o menor desde Floriano Peixoto, governo terminado em 1894, subsequente à crise do encilhamento. Há uma transmissão óbvia desse comportamento para o emprego.



 



Os dados do Caged de maio apontaram a menor geração de postos de trabalho desde 1992. Em sequência, junho foi o pior desde 1998. E julho, o pior desde 1999.



 



Quem vai gerar desemprego é a nova matriz econômica - não o fez ainda simplesmente porque essa é a última variável a reagir (e a única que ainda não foi destruída).



 



 



 



3. “A oposição quer acabar com o reajuste do salário mínimo.”



 



Essa é uma mentira escabrosa por vários motivos. O primeiro é trivial: os dois candidatos da oposição já se comprometeram, em dezenas de oportunidades, em manter a política de reajuste de salário mínimo.



 



Ademais, quando Dilma se coloca como a protetora do salário mínimo, está simplesmente contrariando as estatísticas. O aumento real do salário mínimo foi de 4,7% ao ano entre 1994 e 2002, de 5,5% ao ano entre 2003 e 2010, e de 3,5% ao ano entre 2011 e 2013.



 



Ou seja, o reajuste do mínimo na era Dilma é inferior àquele implementado por Lula e também ao observado no período FHC. Ainda assim, Dilma se coloca como o bastião em favor do salário mínimo.



 



 



 



4. “A política neoliberal proposta pela oposição vai promover arrocho salarial.”



 



Esse ponto, obviamente, guarda relação com o anterior. Destaquei-o mesmo assim porque denota a doença de ilusão monetária ou uma tentativa descarada de enganar a população.



 



Arrocho salarial já vem sendo promovido pela atual política econômica, por meio da disparada da inflação. O salário nominal, o quanto o sujeito recebe em reais no final do mês, não interessa per se. O relevante é como e quanto esse numerário pode ser transformado em poder de compra - isso, evidentemente, tem sido maltratado pela leniência no combate à inflação.



 



Precisamos dar profundidade mínima ao debate. Se você consegue aumentos sistemáticos de salário acima da produtividade do trabalhador, a contrapartida óbvia no longo prazo é a inflação, que acaba reduzindo o próprio salário real.



 



O que os “neoliberais” querem é perseguir aumentos de produtividade maiores e duradouros. Isso permitiria dar incrementos de salário substanciais, sem impactar a inflação.



 



Caso contrário, aumentos do salário nominal serão corroídos pela inflação.



 



 



 



5. “Programa de Marina reduz a pó política industrial.”



 



A presidente Dilma realmente não precisa ter essa preocupação, pois ela mesma já fez o serviço. O Plano Brasil Maior, lançado em 2010 com metas para 2014, não conseguiu entregar sequer um de seus vários objetivos.



 



Dilma oferece simplesmente o maior processo de desindustrialização da história brasileira, fazendo o presidente da Fiesp afirmar categoricamente que somente louco investe hoje no Brasil.



 



Seria pertinente preocupar-se com a própria política industrial antes de amedrontar-se com o programa alheio.



 



Quem defende uma política de campeões nacionais, em que se escolhem a priori os vencedores da prática concorrencial desafiando a lógica de mercado, não entende absolutamente nada de empreendedorismo e política industrial.



 



O maior elogio que Marina poderia receber à sua política industrial é a desconfiança de Dilma.



 



 



 



6. “A política monetária foi exitosa.”



 



A frase foi proferida por Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, em seminário nos EUA sobre política monetária. A inflação brasileira tem sistematicamente namorado o teto da meta, de 6,50% em 12 meses, ignorando o princípio básico de um sistema de metas, em que o centro do intervalo deve ser perseguido. A banda de tolerância de dois pontos existe apenas para abarcar choques exógenos.



 



A rigor, a inflação em 12 meses está até acima do teto. O IPCA de agosto aponta variação de 6,51% em 12 meses, estourando o limite superior do intervalo.



 



Transformamos o teto no nosso objetivo e represamos cerca de dois pontos de inflação através do controle de preços de combustíveis, energia e câmbio.



 



Esse é o tipo de êxito que esperamos da política econômica?



 



 



 



7. “Precisamos de um pouco mais de inflação para não perder empregos.”



 



Para ser justo, a frase, ao menos que seja de meu conhecimento, não foi dita ipsis verbis por nenhum membro do Governo. Entretanto, a julgar pelas decisões e diretrizes de política monetária, parece permanecer o racional da administração petista.



 



O velho trade-off entre inflação e crescimento, em pleno século XXI?



 



Bom, antes de entrar no debate acadêmico, pondero que poderia até ser verdade se houvesse, de fato, crescimento. Conforme supracitado, não é o caso.



 



Ignorando esse fato e fingindo que vivemos crescimento econômico pujante, a questão sobre o trade-off entre inflação e crescimento parece apoiar-se numa discussão tacanha sobre a Curva de Phillips.



 



O debate até faria sentido se estivéssemos nos idos de 1970. Dai em diante, Friedman, Phelps e outros destruíram o argumento de mais inflação, mais emprego.



 



A partir da síntese de 1976, naquilo que ficou batizado de crítica de Lucas, com trabalhos posteriores sobretudo de Kydland e Prescott, a fronteira do conhecimento passou a incorporar a ideia de que o trade-off entre inflação e desemprego existe apenas a curtíssimo prazo.



 



Ao trabalhar com uma inflação sistematicamente mais alta, rapidamente voltamos a um novo equilíbrio, com nível de preços maior e o mesmo nível de emprego original.



 



E, sim, o espaço aqui está aberto para o pessoal da Unicamp rebater o argumento de Lucas (professor Belluzzo incluindo, sem nenhum tipo de enfrentamento aqui; convite educada e genuinamente a um derbi das ideias). Criticam-nos por ouvir apenas a oposição e ignoram que eles declinam nosso convites - só pode haver vozes governistas e/ou heterodoxas em nossos eventos se elas aceitarem participar, certo? Lembre-se: fizemos o convite ao competente Nelson Barbosa, que, infelizmente, não pode comparecer por incompatibilidade de agenda.



 



 



 



8. “As contas públicas estão absolutamente organizadas. O superávit primário, embora menor do que em 2008, é um dos maiores do mundo. Dizer que há uma desorganização fiscal é um absurdo.”



 



A preciosidade foi dita pelo ministro Guido Mantega em entrevista ao jornal Valor. O superávit primário do setor público não é somente menor àquele de 2008. No primeiro semestre, foi o menor da história, em R$ 29,4 bilhões.



 



Nos últimos 12 meses, a variável marca 1,4% do PIB, sendo metade derivado de receitas extraordinárias, como Refis e leilão de libra. E se considerarmos o atraso em pagamentos em subsídios, precatórios e repasses aos bancos públicos para benefícios sociais, provavelmente não passamos de 0,5% do PIB.



 



O déficit nominal bate 4% do PIB, flertando com aumento de dívida, maiores impostos e/ou mais inflação à frente. Essa é a herança que a “absoluta organização das contas públicas está nos deixando.”



 



 



 



9. “Nunca foi feito tanto pelo pobre neste país.”



 



Intuitivamente, você já poderia desconfiar da afirmação quando pensa na inflação, que é um fenômeno essencialmente ruim para as classes mais baixas. Os abastados têm um estoque de riqueza aplicada em ativos que remuneram acima da inflação. Logo, estão em grande parte protegidos. A inflação é um instrumento clássico de concentração de riqueza.



 



Mas há de ser além da simples intuição, evidentemente. Aqui, a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2012, última disponível, é emblemática.



 



A constatação principal é de que, depois de 10 anos ininterruptos de melhora, a desigualdade de renda para de evoluir em 2012. O coeficiente de Gini, medida clássica de equidade, para de cair e as curvas de Lorenz de 2011 e 2012 são sobrepostas.



 



Em adição, a relação existente entre a renda apropriada pelo 1% mais rico da população e os 50% mais pobres aumenta de 0,66 para 0,69. Ou seja, o resultado é simples: quebramos uma sequência de 10 anos de avanço da distribuição de renda no Brasil.



 



A política econômica heterodoxa não cresce o bolo e também não o distribui de forma mais equitativa.



 



 



 



10. “A oposição faz terrorismo eleitoral.”



 



Se você compactua com um dos nove pontos anteriores, você é um terrorista eleitoral, egoísta e interessado apenas em si mesmo. Provavelmente, é financiado por um dos candidatos de oposição.



 



Enquanto isso, a situação acusa a candidata oposicionista de homofóbica e de semelhanças com Fernando Collor. Sim, ele mesmo, parte da base de apoio da....situação.



 



Seríamos nós, analistas e economistas, os terroristas?



 



Essa é a herança que fica para 2015. Você tem dois caminhos a adotar: o primeiro é esperar as consequências materiais dessa gestão desastrosa sobre seu patrimônio, e o segundo é começar a se mexer, de modo a proteger ou até mesmo aumentar suas economias.




 



 



Numa época de mentiras universais, dizer a verdade é um ato revolucionário. Se George Orwell estivesse por ai, seria prontamente acusado de terrorismo eleitoral.




 



Enquanto insistirem em falar mentiras sobre os “neoliberais”, cumprirei o compromisso de falar verdades sobre o governo.



 



Há dois elementos constrangedores envolvendo o governo Dilma: a incompetência e a desonestidade intelectual - essa última conhecida popularmente como hábito da mentira.



 



Inventam o que querem para evitarem a mudança de endereço. Abaixo listo as dez mentiras que mais me incomodam, cujas implicações ao seu patrimônio podem ser substanciais.



 



Restrinjo-me a questões de economia e finanças. Não imagino que a mitomania limite-se a essa área, mas prefiro manter-me no escopo, por uma questão de pertinência desta newsletter.



 



Ao não reconhecer os erros, mantém-se a rota errada da política econômica. Bateremos de frente com uma crise financeira em 2015.



 



1. “A crise vem de fora.”



 



Esse é o discurso oficial para justificar a recessão técnica em curso no Brasil. O que os dados podem nos dizer sobre isso? Comecemos do mais simples: o crescimento econômico do Governo Dilma será, na média, dois pontos percentuais menor àquele apresentado pela América Latina. Nos governos Lula e FHC, avançamos na mesma velocidade dos vizinhos.



 



Indo além, há de se lembrar que a economia mundial cresceu 3,9% em 2011, 3% ao ano entre 2012 e 2013, e deve emplacar mais 3,6% em 2014. Nada mal.



 



Comparando com o pessoal mais aqui ao lado especificamente, Chile, Colômbia e Peru, exatamente aqueles que adotaram políticas econômicas ortodoxas e perseguiram uma agenda de reformas na América Latina, cresceram 4,1%, 4,0% e 5,6% ao ano, entre 2008 e 2013.



 



Enquanto isso, a evolução média do PIB brasileiro na administração Dilma deve ser de 1,7% ao ano.



 



A retórica oficial, desprovida de qualquer embasamento empírico, continua ser de que a crise vem de fora. Aquela marolinha identificada pelo presidente Lula, lá em 2008, seis anos atrás, ainda deixando suas mazelas.



 



 



 



2. “A política neoliberal vai aumentar o desemprego.”



 



Não há como desafiar o óbvio de que o produto agregado (PIB) depende dos fatores de produção, capital e trabalho. Ora, com o PIB desabando por conta da política econômica heterodoxa, cedo ou tarde bateremos no emprego.



 



Podemos não conseguir precisar qual a exata função de produção, ou seja, de como o PIB se relaciona com o nível de emprego, mas não há como contestar a existência de relação entre as variáveis.



 



O crescimento econômico da era Dilma é o menor desde Floriano Peixoto, governo terminado em 1894, subsequente à crise do encilhamento. Há uma transmissão óbvia desse comportamento para o emprego.



 



Os dados do Caged de maio apontaram a menor geração de postos de trabalho desde 1992. Em sequência, junho foi o pior desde 1998. E julho, o pior desde 1999.



 



Quem vai gerar desemprego é a nova matriz econômica - não o fez ainda simplesmente porque essa é a última variável a reagir (e a única que ainda não foi destruída).



 



 



 



3. “A oposição quer acabar com o reajuste do salário mínimo.”



 



Essa é uma mentira escabrosa por vários motivos. O primeiro é trivial: os dois candidatos da oposição já se comprometeram, em dezenas de oportunidades, em manter a política de reajuste de salário mínimo.



 



Ademais, quando Dilma se coloca como a protetora do salário mínimo, está simplesmente contrariando as estatísticas. O aumento real do salário mínimo foi de 4,7% ao ano entre 1994 e 2002, de 5,5% ao ano entre 2003 e 2010, e de 3,5% ao ano entre 2011 e 2013.



 



Ou seja, o reajuste do mínimo na era Dilma é inferior àquele implementado por Lula e também ao observado no período FHC. Ainda assim, Dilma se coloca como o bastião em favor do salário mínimo.



 



 



 



4. “A política neoliberal proposta pela oposição vai promover arrocho salarial.”



 



Esse ponto, obviamente, guarda relação com o anterior. Destaquei-o mesmo assim porque denota a doença de ilusão monetária ou uma tentativa descarada de enganar a população.



 



Arrocho salarial já vem sendo promovido pela atual política econômica, por meio da disparada da inflação. O salário nominal, o quanto o sujeito recebe em reais no final do mês, não interessa per se. O relevante é como e quanto esse numerário pode ser transformado em poder de compra - isso, evidentemente, tem sido maltratado pela leniência no combate à inflação.



 



Precisamos dar profundidade mínima ao debate. Se você consegue aumentos sistemáticos de salário acima da produtividade do trabalhador, a contrapartida óbvia no longo prazo é a inflação, que acaba reduzindo o próprio salário real.



 



O que os “neoliberais” querem é perseguir aumentos de produtividade maiores e duradouros. Isso permitiria dar incrementos de salário substanciais, sem impactar a inflação.



 



Caso contrário, aumentos do salário nominal serão corroídos pela inflação.



 



 



 



5. “Programa de Marina reduz a pó política industrial.”



 



A presidente Dilma realmente não precisa ter essa preocupação, pois ela mesma já fez o serviço. O Plano Brasil Maior, lançado em 2010 com metas para 2014, não conseguiu entregar sequer um de seus vários objetivos.



 



Dilma oferece simplesmente o maior processo de desindustrialização da história brasileira, fazendo o presidente da Fiesp afirmar categoricamente que somente louco investe hoje no Brasil.



 



Seria pertinente preocupar-se com a própria política industrial antes de amedrontar-se com o programa alheio.



 



Quem defende uma política de campeões nacionais, em que se escolhem a priori os vencedores da prática concorrencial desafiando a lógica de mercado, não entende absolutamente nada de empreendedorismo e política industrial.



 



O maior elogio que Marina poderia receber à sua política industrial é a desconfiança de Dilma.



 



 



 



6. “A política monetária foi exitosa.”



 



A frase foi proferida por Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, em seminário nos EUA sobre política monetária. A inflação brasileira tem sistematicamente namorado o teto da meta, de 6,50% em 12 meses, ignorando o princípio básico de um sistema de metas, em que o centro do intervalo deve ser perseguido. A banda de tolerância de dois pontos existe apenas para abarcar choques exógenos.



 



A rigor, a inflação em 12 meses está até acima do teto. O IPCA de agosto aponta variação de 6,51% em 12 meses, estourando o limite superior do intervalo.



 



Transformamos o teto no nosso objetivo e represamos cerca de dois pontos de inflação através do controle de preços de combustíveis, energia e câmbio.



 



Esse é o tipo de êxito que esperamos da política econômica?



 



 



 



7. “Precisamos de um pouco mais de inflação para não perder empregos.”



 



Para ser justo, a frase, ao menos que seja de meu conhecimento, não foi dita ipsis verbis por nenhum membro do Governo. Entretanto, a julgar pelas decisões e diretrizes de política monetária, parece permanecer o racional da administração petista.



 



O velho trade-off entre inflação e crescimento, em pleno século XXI?



 



Bom, antes de entrar no debate acadêmico, pondero que poderia até ser verdade se houvesse, de fato, crescimento. Conforme supracitado, não é o caso.



 



Ignorando esse fato e fingindo que vivemos crescimento econômico pujante, a questão sobre o trade-off entre inflação e crescimento parece apoiar-se numa discussão tacanha sobre a Curva de Phillips.



 



O debate até faria sentido se estivéssemos nos idos de 1970. Dai em diante, Friedman, Phelps e outros destruíram o argumento de mais inflação, mais emprego.



 



A partir da síntese de 1976, naquilo que ficou batizado de crítica de Lucas, com trabalhos posteriores sobretudo de Kydland e Prescott, a fronteira do conhecimento passou a incorporar a ideia de que o trade-off entre inflação e desemprego existe apenas a curtíssimo prazo.



 



Ao trabalhar com uma inflação sistematicamente mais alta, rapidamente voltamos a um novo equilíbrio, com nível de preços maior e o mesmo nível de emprego original.



 



E, sim, o espaço aqui está aberto para o pessoal da Unicamp rebater o argumento de Lucas (professor Belluzzo incluindo, sem nenhum tipo de enfrentamento aqui; convite educada e genuinamente a um derbi das ideias). Criticam-nos por ouvir apenas a oposição e ignoram que eles declinam nosso convites - só pode haver vozes governistas e/ou heterodoxas em nossos eventos se elas aceitarem participar, certo? Lembre-se: fizemos o convite ao competente Nelson Barbosa, que, infelizmente, não pode comparecer por incompatibilidade de agenda.



 



 



 



8. “As contas públicas estão absolutamente organizadas. O superávit primário, embora menor do que em 2008, é um dos maiores do mundo. Dizer que há uma desorganização fiscal é um absurdo.”



 



A preciosidade foi dita pelo ministro Guido Mantega em entrevista ao jornal Valor. O superávit primário do setor público não é somente menor àquele de 2008. No primeiro semestre, foi o menor da história, em R$ 29,4 bilhões.



 



Nos últimos 12 meses, a variável marca 1,4% do PIB, sendo metade derivado de receitas extraordinárias, como Refis e leilão de libra. E se considerarmos o atraso em pagamentos em subsídios, precatórios e repasses aos bancos públicos para benefícios sociais, provavelmente não passamos de 0,5% do PIB.



 



O déficit nominal bate 4% do PIB, flertando com aumento de dívida, maiores impostos e/ou mais inflação à frente. Essa é a herança que a “absoluta organização das contas públicas está nos deixando.”



 



 



 



9. “Nunca foi feito tanto pelo pobre neste país.”



 



Intuitivamente, você já poderia desconfiar da afirmação quando pensa na inflação, que é um fenômeno essencialmente ruim para as classes mais baixas. Os abastados têm um estoque de riqueza aplicada em ativos que remuneram acima da inflação. Logo, estão em grande parte protegidos. A inflação é um instrumento clássico de concentração de riqueza.



 



Mas há de ser além da simples intuição, evidentemente. Aqui, a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2012, última disponível, é emblemática.



 



A constatação principal é de que, depois de 10 anos ininterruptos de melhora, a desigualdade de renda para de evoluir em 2012. O coeficiente de Gini, medida clássica de equidade, para de cair e as curvas de Lorenz de 2011 e 2012 são sobrepostas.



 



Em adição, a relação existente entre a renda apropriada pelo 1% mais rico da população e os 50% mais pobres aumenta de 0,66 para 0,69. Ou seja, o resultado é simples: quebramos uma sequência de 10 anos de avanço da distribuição de renda no Brasil.



 



A política econômica heterodoxa não cresce o bolo e também não o distribui de forma mais equitativa.



 



 



 



10. “A oposição faz terrorismo eleitoral.”



 



Se você compactua com um dos nove pontos anteriores, você é um terrorista eleitoral, egoísta e interessado apenas em si mesmo. Provavelmente, é financiado por um dos candidatos de oposição.



 



Enquanto isso, a situação acusa a candidata oposicionista de homofóbica e de semelhanças com Fernando Collor. Sim, ele mesmo, parte da base de apoio da....situação.



 



Seríamos nós, analistas e economistas, os terroristas?



 



Essa é a herança que fica para 2015. Você tem dois caminhos a adotar: o primeiro é esperar as consequências materiais dessa gestão desastrosa sobre seu patrimônio, e o segundo é começar a se mexer, de modo a proteger ou até mesmo aumentar suas economias.



 



  









 



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