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Artigos-->COCAÍNA - TRÁFICO -- 19/09/2014 - 11:22 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


COCAÍNA - TRÁFICO



 



Edson Pereira Bueno Leal, setembro de 2.014.



 



 



Não existe mercado no mundo mais rentável do que o da cocaína. Não existe investimento financeiro no mundo que frutifique como investir em cocaína, nem na bolsa de valores.



 



Em vários lugares do mundo não há hospitais, web, água corrente. Mas tem cocaína. Segundo a ONU em 2009 foram consumidos 21 toneladas de cocaína na África, 14 na Ásia, 2 na Oceania. Mais de 101 toneladas em toda a América Latina e Caribe.



 



Todos querem , todos consomem, todos os que começam a usá-la , precisam dela. As despesas são mínimas, coloca-la é imediato, altíssima a margem de lucro.



 



A cocaína se vende mais facilmente do que o ouro, e seus ganhos podem superar os do petróleo.



 



Quem aposta na cocaína, acumula em poucos anos riquezas que em geral as grandes holdings conseguiriam apenas em décadas de investimentos e especulações financeiras.



 



E apesar dessa imensa fortuna que gera, a massa de camponeses, passadores e transportadores que arranjaram um trabalho um pouco mais rentável do que podem tentar conseguir em outro ramo, continuam a ter os dois pés enterrados na miséria.



 



Os locais de produção se tornam feudos onde não cresce mais  nada além de pobreza e violência., territórios que os grupos mafiosos mantém sob controle, distribuindo esmola e caridade que fazem passar por direitos, mas não pode haver desenvolvimento. Só prebendas.



 



Um quilo de cocaína na Colômbia é vendido a US$ 1.500, no México sobre para entre US$ 12 e 16 mil, nos EUA para 27 mil, na Espanha 46 mil, na Holanda 47 mil, na Itália 57 mil e no Reino Unido 77 mil.  Mas na venda por grama  os preços vão a 61 dólares em Portugal, a até 166 em Luxemburgo. E de um quilo de cocaína pura se tira em média, com a mistura, três quilos que serão vendidos em doses de 1 grama. ( F S P, Ilustríssima, 31.08.2014, p. 5) .



 



A cocaína pelo seu alto valor unitário permite um tipo de tráfico pessoal, as chamadas “mulas”, altamente perigoso e de difícil detecção. Pessoas são contratadas para levar a droga de um continente a outro, em viagens de avião, com todas as despesas pegas e recebendo de US$ 3.000 a US$ 5.000 pela viagem. Engolem entre 30 a 50 cápsulas da droga, tomam um inibidor de digestão para não expelir as cápsulas antes do tempo e laxante no final As cápsulas são verdadeiras bombas relógio. “Quando a cápsula estoura, a cocaína é absorvida pela corrente sanguínea e levada ao coração, onde causa uma fibrilação ventricular. A pessoa tem convulsões e morre em seguida” (Veja, 26.06.1996, p. 97).



 



 



MÉXICO



 



 



No México, chefões locais assumiram a distribuição da maior parte da cocaína que vem dos Andes, após o desmembramento dos cartéis de Cali e Medellín que vendiam a própria produção. Em 2008 os cartéis mexicanos controlavam diretamente três quartos do mercado de drogas americano, o maior do mundo e por isso o México viveu uma escalada de violência ligada ao crime organizado, com 1.585 mortes de janeiro a maio de 2008, cerca de 30% a mais do que em 2007.  Desde 2007 o governo mexicano decidiu empregar as Forças Armadas no combate, para expurgar as polícias locais corruptas.



 



Os narcotraficantes mexicanos montaram um esquema para a passagem de migrantes cubanos para o território americano e para cada migrante obtém uma renda de até US$ 19 mil. Pelas leis americanas, basta que um cubano pise em solo americano que tem direito a asilo. (F S P, 25.06.2008, p. A-16).



 



Os Caballeros Templários, ultrarreligiosos e disciplinados , hoje dominam o Estado de Michoácan, onde o governo nacional e o Exército já não consegue atuar , e estão se aliando a milícias civis. Os Zetas, conhecidos como os mais sanguinários, promovem degolas e mutilações de suas vítimas , em ataques para demarcar territórios , e produzem  vídeos de suas atrocidades para distribuir em redes sociais.



 



Há por fim, aquele cartel que até fevereiro de 2014 era o mais poderoso e rido, o de Sinaloa, cujo líder foi preso quando tentava de esconder em um hotel em Mazatlán, na costa do Pacífico.



Joaquim Gusmán Loera, El Chapo Gusman, hoje  com 59 anos , foi por muitos anos o homem mais buscado pelos Estados Unidos no exterior depois do terrorista Osama bin Laden. Tido como o mais profissional dos cartéis , o de Sinaloa era o menos sangrento e o que atuava em mais frentes, distribuindo não só cocaína, como metanfetamina, heroína e maconha, produzidas no próprio México.



 



Para Roberto Saviano, não é possível  concluir claramente se o narcotraficante se deixou prender a fim de salvar sua fortuna ou para não ser enviado para julgamento nos EUA.



 



Historicamente , os chefes da droga latino-americanos só de desesperam  com a possibilidade de serem 



 



COLÔMBIA



 



Na Colômbia o cartel de Cali foi criado nos anos 1970 pelos irmãos Gilberto e Miguel Rodrigues Orejuela, que tinham como base de operações a cidade de Cali. Os irmãos Orejuelana foram presos em 1995 e extraditados para os EUA em 2005.



 



O Cartel de Medellín tinha como líderes José Gonzalo Rodriguez Gacha e Pablo Escobar. Durante os anos 1980 houve violentos confrontos com o Cartel de Cali pela liderança do tráfico.



 



Em 1980, o chefe do cartel de Medellin, então o mais poderoso do mundo, Pablo Escobar ( 1949-93) , fez um acordo com Miguel Ángelo Félix Gallardo, “ o czar mexicano da cocaína”, conhecido como El Padrino, hoje cumprindo pena de 40 anos de prisão.



 



Pelo acordo, os colombianos ficaram com a produção de cocaína e delegaram aos mexicanos o controle das rotas de distribuição para os Estados Unidos.



 



Com a morte de Escobar em 1993, o Cartel de Medellín se dissolveu. Com isso, o distribuidor passou a ser mais poderoso do que o produtor.  As ações do Exército colombiano , com a ajuda de norte-americanos, desmantelaram os cartéis colombianos e os mexicanos assumiram o controle do negócio.



 



A produção espalhou-se por vários países latino-americanos, inclusive para alguns que não tinham tradição na área como a Argentina, e o México especializou-se na distribuição, desenvolvendo milhares de rotas por ar, água, terra e subsolo ( através de uma rede de túneis).



 



Restou o Cartel Del Norte Del Valle, do qual participa Juan Carlos Ramirez Abadia preso em São Paulo em agosto de 2007 .



 



O fotógrafo James Mollison escreveu “The Memory of Pablo Escobar” afirma: “Em uma de minhas temporadas na Colômbia, durante o trabalho de pesquisa, gastei US$ 10 mil com despesas de aluguel de apartamento, motorista, tradutor e alimentação. Com aquele dinheiro, compraria dez quilos de cocaína em Medellín. Se eu os carregasse comigo de volta á Itália e vendesse no mercado europeu, receberia um milhão de euros. Com tal margem de lucro, sempre haverá gente disposta a entrar no tráfico.”. Segundo ele, “a única possibilidade seria reduzir a demanda, e não há qualquer sinal de que isso esteja ocorrendo. Os consumidores de cocaína no Ocidente não estão muito preocupados com o fato de que o consumo está ligado á violência na América latina. Muitos dos consumidores são profissionais liberais que não acreditam estarem prejudicando suas vidas ao cheirar cocaína”. (F S P, Mais, 11.11.2007, p. 5).



 



Relatório do Congresso Americano, indica que os esforços para combater o contrabando de cocaína passando pela Venezuela, que quadruplicou entre 2004 e 2007, vêm sendo prejudicados pela corrupção na Guarda Nacional, que colabora com o narcotráfico colombiano. Apesar dos mais de US$ 6 bilhões investidos pelo governo dos EUA para combater o tráfico de cocaína vindo da Colômbia, o relatório argumenta que o esforço vem sendo enfraquecido pelo fato de a Venezuela não impedir grupos guerrilheiros de esquerda, como as Farc, de usar seu território como refúgio. (F S P, 17.07.2009, p. A-14).



 



O general Henry Rangel Silva, ex-diretor do serviço secreto colombiano, fornecia documentos de identidade a traficantes colombianos, que ganhavam assim liberdade de movimento.



 



Um terço da cocaína produzida na Colômbia decola da Venezuela rumo aos EUA. O governo chavista acabou com as operações de combate às drogas em parceria com os EUA e negou visto a americanos. A droga supostamente apreendida pelos venezuelanos é incinerada sem a presença de observadores independentes. Na realidade, boa parte retorna aos traficantes ou fica com os militares. (Veja, 12.08.2009, p. 114-117)



 



Segundo relatório da ONU em 2009, dependendo da distância dos polos produtores e da eficiência da rede de distribuição, o custo da cocaína pode variar enormemente de um país para outro. Um grama de cocaína pode custar entre dois dólares no Panamá, 3,5 na Bolívia, 12 no Brasil, 59 na Holanda, 86 na Alemanha, 97 no Canadá e EUA, 212 no Japão, 285 na Austrália e 312 na Nova Zelândia. (Exame, 29.07.2009, p. 72).



 



Historicamente , os chefes da droga latino-americanos, só se desesperam com uma coisa: serem extraditados para os EUA: “Prefiro uma tumba na Colômbia  do que uma prisão nos Estados Unidos”, dizia Pablo Escobar que, de fato, só caiu quando morto numa ação conjunta entre Polícia e Exército colombianos, em 1993.



 



O temor de serem enviados aos EUA, deve-se ao fato de que, dentro das prisões norte-americanas, têm seus poderes eliminados. Isso não ocorre em prisões latino-americanas, inclusive no Brasil, que, em muitos casos, se tornam quartéis generais a partir dos quais atuam os chefes da droga. Mas as prisões americanas são um exemplo de que é possível encarceram chefes de droga e anular seu poder. Por isso, os sistemas penitenciários da América Latina precisam aprender o que os americanos fazem.



 



Um dos episódios célebres da trajetória de Pablo Escobar  se deu em 1991, quando o traficante convenceu o governo colombiano de que construiria sua própria  penitenciária e de lá não sairia. Tudo em troca de não ser extraditado para os EUA.  Hoje, a prisão de La Catedral, se transformou em local de peregrinação aos que celebram a memória do bandido, conhecido em Medellin pelas benfeitorias realizadas em bairros pobres. ( F S P. Ilustríssima, 31.08.2014, p. 3) .



  



O SUBMARINO DAS FARC



 



A rota de entrada de drogas nos Estados Unidos, mais segura e mais fácil ainda é a fronteira mexicana. Mas como esse caminho em 2008 está dominado por traficantes locais, não serve aos colombianos. Sem alternativa de rota terrestre eles se especializaram no transporte marítimo da cocaína. Em meados da década de 1990, usavam lanchas capazes de navegar a 90 quilômetros por hora para deixar a guarda costeira para trás. As autoridades americanas equiparam aviões com radares e aumentaram a vigilância no Caribe, levando ao abandono desta modalidade.



 



Os colombianos passaram a esconder a droga em contêineres, misturados ás exportações legítimas de vegetais e flores. As autoridades americanas instalaram enormes aparelhos de raios-X para rastrear o conteúdo dos contêineres.



 



Em sua sanha criativa, o método em 2007 passou a ser a utilização de mini submarinos. Movidos a diesel, com autonomia média de 1.500 quilômetros, tem uma tripulação de 2 a 4 pessoas, são reabastecidos em alto-mar por lanches, navegam a 13 quilômetros por hora a uma profundidade de 5 metros. Podem transportar 10 toneladas de cocaína, que custam US$ 250 milhões. Demoram um ano para serem construídos a um custo de US$ 2 milhões. Cada viagem demora mais de duas semanas e um piloto pode ganhar o equivalente a R$ 50.000,00 pela aventura, portanto não devem faltar candidatos.



 



Em média, dez destes submarinos, carregados de drogas são interceptados a cada mês pela guarda costeira americana ou pelas forças navais de países da América Central. Estas embarcações são difíceis de detectar por que enganam os radares dos aviões patrulha, pois são facilmente confundidas com baleias ou golfinhos. Como essas embarcações não tem capacidade de afundar totalmente , a única forma de identificá-los é ficar olhando a superfície do oceano, atento a tubos de PVC cortando a superfície da água , que ficam para fora para permitir a renovação do ar . A guarda costeira americana estima que, para cada submarino capturado, outros nove conseguem descarregar sua carga na costa dos Estados Unidos. (Veja, 21.05.2008, p. 97-98).



 



 A PENITENCIÁRIA MODELO DE LA MORALEJA– ESPANHA.



 



La Moraleja fica numa planície isolada da Província de Valência, 200 km ao norte de Madri, a poucos minutos da pequena cidade de Duenãs, com 3.000 habitantes. A penitenciária tem 1.656 prisioneiros, sendo 1.230 deles estrangeiros de mais de 70 nacionalidades, inclusive 40 brasileiros, sendo que 90% deles cumprem pena por terem servido de mulas. Latino-americanos levam cocaína, marroquinos e argelinos transportam haxixe. Há 51 mulheres, das quais três brasileiras.



 



O local tem um bem equipado centro esportivo, com piscinas e quadras de squash, cinema, teatro, biblioteca, sala de ensaios para a banda do presídio, oficinas de trabalho e até uma espécie de motel, onde os presos recebem visitas íntimas.



 



A disciplina é rígida. Todos acordam às 8h30, tem meia hora para arrumar a cela, tomar banho e descer para o café da manhã, quando é feita a primeira contagem. Depois, os 350 que trabalham vão para as oficinas, os demais fazem o que quiserem: aulas de idiomas, tomar sol, esportes, às 13 h voltam para seus módulos para comer. Ficam nas celas das 14 às 16h30 quando ocorre a segunda contagem e a troca da equipe. A rotina da manhã se repete cada um com sua atividade. Às 19 h voltam a seus módulos e jantam. Acontece a última contagem e, às 20hs sobem para as suas celas, onde ficam até o dia seguinte. As celas, de cinco metros quadrados, são habitadas por dois detentos cada, que dormem em beliches. Todas têm ducha, uma pia e TV. Tudo parecido com um clube de campo, só faltando a liberdade.



 



Giovani, brasileiro de Franca é um de seus moradores. Da Espanha “ só sei o que vi no aeroporto , na prisão e o que assisto na televisão”. Motoboy em Franca estava insatisfeito com as longas e exaustivas horas de trabalho e o salário que não chegava a R$ 1.000. Caiu na tentação de um “amigo” sobre a possibilidade de ganhar 5.000 euros em poucos dias. No centro de São Paulo, recebeu as instruções de um nigeriano: deveria viajar para Lima e esperar o contato num pequeno hotel. Ficou dez dias na capital peruana e já estava desistindo quando a carga chegou. Eram 139 bolas de cocaína, envolvidas em látex, como o de preservativos. “Me disseram que o ideal era engolir com mel, mas eu estava enjoado depois de passar dez dias comendo só pão com mortadela. Preferi engolir com Gatorade e acabou sendo mais fácil do que eu pensava.”. Porém, no aeroporto de Barajas, “passei pelo controle de passaportes e um policial veio atrás de mim, me pedindo para ir até uma sala. Quando me levou para o Raios-X, percebi que estava tudo acabado. Sei que você está com bolas [de cocaína] me disse o policial”. O exame policial indicou um volume de 773 gramas, com um índice de pureza de 69%%. O índice de pureza e não o peso da droga é que determinam a pena que varia de cinco a dez anos ou mais. Está preso desde maio de 2004. (F SP, Mais, 17.02.2008, p. 4-7).



 



BRASIL E O TRÁFICO MUNDIAL



 



O Brasil é o maior mercado consumidor de cocaína e maconha da América do Sul e uma das principais rotas de exportação para a Europa A droga, é escoada pela Amazônia ou por Mato Grosso, segue para as grandes capitais, que funcionam como centros consumidores e porta de saída para a Europa, por intermédio da África e EUA. As estimativas são de que entram anualmente no país de 80 a 100 toneladas de cocaína. Nos primeiros oito meses de 2007 a Polícia Federal apreendeu nove toneladas de cocaína. (Veja, 24.10.2007, p. 75).



 



Segundo Douglas Farah, autor de Merchant of Death (O Mercador da Morte), sobre o traficante de armas russo Viktor Bout, O Brasil é o segundo maior mercado consumidor de cocaína do mundo e conquistou esse posto porque houve uma mudança na forma de pagamento da droga entre os traficantes. Até os anos 80, quando ainda dominavam o tráfico de cocaína, os colombianos recompensavam seus intermediários em dinheiro. Com isso, a maior parte da droga apenas fazia escala no Brasil, de onde era enviada para outros países. Nos anos 90, os mexicanos mudaram as regras e passaram a pagar de 20% a 50% do valor em mercadoria. Isso obrigou seus parceiros em vários países a arrumar uma maneira de vender a cocaína. Assim cresceram os mercados domésticos para a droga e suas variações, como o crack, com o impacto conhecido na criminalidade. Quando um viciado fica sem dinheiro, rouba ou comete outros crimes. Os pontos de venda passaram a ser disputados e os bandos começaram a ser armar com fuzis AK-47 e lançadores de granadas. Quando eles entram em combate com policiais armados apenas com pistolas, o desequilíbrio de forças é tremendo. Não há um único caso no mundo em que o crescimento do consumo de drogas ilícitas não tenha sido acompanhado de aumento da criminalidade. ”( Revista Veja, 5.9.2011, p. 20) .



 



O Brasil possui 16.000 km de fronteira seca, ou seja, incontáveis pontos de entrada de droga. Calcula-se que 50% da cocaína que entra no Brasil vêm da Colômbia e o resto vem do Peru e da Bolívia, através do Paraguai.



 



Segundo o International Narcotics Control Board, cerca de 25% das 200-300 toneladas de cocaína consumidas anualmente na Europa, passam pela África e pelo Brasil.



 



A região chamada de Trapézio Amazônico, fronteira entre o Brasil, Colômbia e Peru, é a porta de entrada de 70% da cocaína traficada no Brasil. Em Tabatinga no Amazonas existem apenas 34 policiais federais com atividades de polícia de fronteira. Nos 1.644 quilômetros de fronteira com a Colômbia existem apenas dois postos, cada um com apenas um agente. De 2.000 a 2007 a PF apreendeu uma média de 2 toneladas de cocaína por ano . De janeiro a agosto de 2008 foram apenas 400 quilos  (Veja, 10.09.2008, p. 58). 



 



Por causa da crescente repressão na Colômbia, o Brasil se tornou um ponto de partida alternativo e mais seguro para os carregamentos de cocaína destinados à Europa.



 



Mas, nos últimos anos, junto com a economia  brasileira e os salários da classe média emergente, o consumo de cocaína também aumentou, levando o país para o segundo lugar no ranking dos maiores consumidores da droga no mundo, atrás dos Estados Unidos.



 



POLICIAIS TRAFICANDO COCAÍNA  FEVEREIRO DE 2013



 



A Polícia Federal prendeu em flagrante em 15 de fevereiro de 2013, três policiais civis, dois deles do Denarc ( Departamento de Investigações Sobre Narcóticos), ao encontrar com eles 300 kg de cocaína.



 



O Denarc havia feito um flagrante de 178 kg de  cocaína em um shopping ao lado da marginal Tietê no dia 14. Mas os policiais ficaram com a maior parte da carga para a repassarem a criminosos.



 



No sábado de manhã, a PF foi até o apartamento de um policial do Denarc em Perdizes ( zona oeste de SP) e encontrou mais 170 kg, além de seis malas com ao menos US$ 71 mil, 27 mil  euros e reais, além de dezenas de chips  de telefone e aparelhos celulares, RGs preenchidos e em branco e cheques.



 



 



Além dos policiais , foram presos dois colombianos ligados ao crime internacional.  A PF estava monitorando , há seis meses, uma quadrilha de criminosos com atuação no tráfico no Brasil e outros países da América do Sul e que recebia drogas desviadas e por isso chegou aos policiais. ( F S P , 17.02.2013, p. A-11) .



 



A investigação da PF aponta que o esquema montado pelos policiais de elite atraía para São Paulo, traficantes da América Latina interessados em trazer grandes volumes de cocaína para o Brasil. Segundo as investigações da PF , um empresário de Sorocaba recebia e hospedava traficantes internacionais na cidade e encomendava cargas de droga pura, sempre acima de 200 kg.  Quando conseguia chegar a um acordo, o empresário combinava com os traficantes que iria buscar as drogas em pontos diferentes de São Paulo . Ao chegar ao local, os traficantes eram surpreendidos pelos policiais do Denarc, que anunciavam a prisão do grupo .Caso houvesse testemunhas, os traficantes eram presos, Do contrário eram liberados. Para justificar o desaparecimento dos suspeitos, os policiais diziam aos superiores do Denarc que eles haviam fugido.( F S P , 18.02.2013, p. C-3) .



 



APREENSÕES  2013.



 



A Polícia Federal apreendeu no primeiro semestre de 2013, 17.300 quilos de cocaína, 59% a mais do que no mesmo período de 2012, de 10.900 quilos.



 



O aumento decorreu de melhora nas ações de inteligência e parcerias com os governos de Peru, Bolívia e Paraguai que permitem identificar a saída de grandes carregamentos. ( Revista Veja, 10.07.2013, p. 42) .



 



No ano todo de 2013 foram 35 toneladas de cocaína, 60% a mais do que em 2012 e foram resgatados R$ 80 milhões que estavam em poder do crime organizado em patrimônio ilícito. ( F S P , 8.9.2014, p. C-1) .



 



O GOIANO MÁRIO SÉRGIO MACHADO



 



Com 30 anos de experiência no setor e um mandado de prisão por tráfico de drogas, o goiano Mário Sergio Machado antecipou US$ 5 milhões  ao colombiano Henry de Jesús López Londoño , vulgo Mi Sangre, chefão dos poderosos Urabeños , para a construção de um sofisticado submarino  para transportar drogas até o outro lado do Atlântico.



 



Engenheiros colombianos seriam enviados á planta de uma mineradora africana, onde aconteceria a construção do navio.



 



Embora o grupo já tivesse começado a buscar as peças a serem montadas, o projeto acabou não sendo realizado. Culpa, talvez, da prisão de Mi Sangre, que aconteceu em outubro de 2012, perto de Buenos Aires.



 



Machado nunca mais viu os US$ 5 milhões, nem o submarino encomendado. Riscos do ofício, desprezíveis para uma organização que , segundo as investigações da Polícia Federal, faturava mais de R$ 5 milhões por semana e havia acumulado um patrimônio de R$ 100 milhões em hotéis, mansões, terrenos, casas de praia e fazendas.



 



Tudo graças à cocaína que era comprada no Peru, Colômbia, Bolívia e Paraguai e distribuída em mais de 30 países estrangeiros – dos EUA, à Holanda, da Espanha aos Emirados Árabes , da Itália à China, com o auxílio de funcionários corrompidos em portos, aeroportos alfândegas e polícias.



 



Era tanta a cocaína  a ser transportada, que , além do submarino, a organização planejara comprar um Boeing 737 para fundar uma empresa aérea de fachada, especializada em voos internacionais, para transportar a droga do Brasil para vários continentes sem levantar suspeita. Mas em maio de 2014, a Operação Águas Profundas, da Polícia Federal  , pôs fim a estes ambiciosos objetivos.



 



Mas, a cada ano, metade as 80 a 110 toneladas da droga que transitam pelo Brasil, ficam dentro do país para satisfazer um exército de 2,8 milhões de consumidores de cocaína e derivados. ( F S P. Ilustríssima, 31.08.2014, p. 5) .



 



Bibliografia: Saviano, Roberto. “Zero, zero, zero”. Companhia das Letras.

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