O tempo está extenso. É como tentar amar uma mulher com plenitude e intensidade, e ser impedido pela confusão. Uma interjeição difícil de ser realizada, uma tentativa que pode desvendar todos os movimentos do cosmos, todas as assinalações da metrópole. A realidade da união, ou não. Um movimento que pode conter falta de transparência e confusão. Talvez, a mentira e a dissimulação. A falta de clareza remete a uma espaçonave perdida numa reentrada sem controle. O medo e o pànico. O tempo corre mais rápido nesse tempo da humanidade descompassada, das deglutições e vampirizações energéticas. E a gente se perde, e perde as coisas reais que existem, num instante mínimo de desamor. Numa fração de irrealidade e medo. Tudo pede e chama a desigualdade do equilíbrio, da desestrutura, da desexplicação, do incomensurável e do desentendido. É como tentar fazer poesia num país miserável e anacrónico, num instante azul, quando se vê os olhos da mulher e ela foge, pelo ar, como uma sensação de desespero fulgaz. Quando ela foge sem palavras corretas, deixando no ar um vácuo de desconfiança e inabilidade. É quando você precisa de algumas palavras, apenas, e talvez um abraço. Tudo acontece na mesma vontade do tempo. Às vezes sem bondade, só dor e solidão. E como está difícil viver nesse planeta desgovernado, tentamos nos manter em pé, sinceros e conscientes. Será que queremos mesmo, realmente, o amor transcodificado numa força forte que pode modificar, transformar?
Sim, o tempo é convexo, viaja numa espiral tensa, terna, como flutuações de um conto de amor que ficou perdido no espaço. Como uma sensação que sobe pelos pés e viaja até a base da nuca. E, o amor, é coisa doce que temos que cuidar. Ele é tênue, e difícil de achar.
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