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Contos-->NOITE DE OUTONO -- 05/02/2003 - 13:02 (lira vargas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
NOITE DE OUTONO

Telma completara 17 anos. Morando no interior de Minas, seus pais acham que ela deveria ir para São Paulo, tentar a universidade. Telma vai pra São Paulo tentar a vida em casa de família. Procurou uma agência que logo a indicou para uma família de classe alta. Sua tarefa doméstica inicia assim que chega à mansão. Cuidar das louças. Tarefa que Telma faz com delicadeza capricho. Numa noite, após uma grandiosa festa, Telma trabalha na copa cuidando das porcelanas e cristais. O patrão, que nunca se envolvia com os empregados, havia bebido um pouco mais, vai até a copa pedir água. Imediatamente o mordomo o interpela com educação, informando que ele poderia ficar tranqüilo que o serviria numa das salas. Mas ao olhar para a copo seus olhos param naquela figura morena, magrinha e delicada acariciando com delicadeza um copo de cristal. Telma também pára. Os dois se olham, ela com timidez típica de uma jovem abaixa os olhos. O mordomo insiste que o patrão vá para a sala que seria servido. Américo fala baixinho que gostaria de ser servido pela jovem copeira. Américo se retira. O mordomo em gesto humorístico, manda Telma levar a água ao patrão. Telma se ajeita, olha para o mordomo e pergunta timidamente o nome dele. O mordomo rindo diz o nome.
Telma vai até a sala com a bandeja, nesse momento Américo pega levemente seus dedos, olhando-se o clima de desejo nascera no tocar das mãos. Nesse instante a madame vem descendo a escada, com ar elegante e desprezível, olha a jovem e o marido e diz que a noite fora um sucesso e que estava muito cansada e convida o marido para os aposentos. Da escada Américo olha a jovem se retirando.
Nos dias que se seguem, Telma não mais o encontra, mas suas noites são de agonia e curiosidade. Telma passa a observar o horário em que Américo retorna à mansão. Do jardim Telma o olha. Até que um dia chuvoso, era tarde chuvosa, o sol se misturando com a chuva fina, Telma está no jardim colhendo flores para colocar na copa, Américo vem chegando. Pede ao motorista que de uma parada, se dirige à Telma em tom delicado que as flores estavam lindas, mas insinuante. Os dias transcorrem, a madame Laura, decide passar uns dias na fazenda e como de costume, o mordomo escolhe quem deveria acompanha-la. E Telma foi a escolhida. Num ar de tristeza, sabe que ficaria uns dias longe de seu patrão. Foi uma viajem tranqüila e silenciosa. Na fazenda, Telma tem as mesmas funções. Num final de semana haveria uma festa. Telma se alegre pois com certeza Américo viria. Na festa, Telma foi escolhida para servir as pessoas. Os olhares se encontravam sempre que havia uma chance. Laura indiferente ao que estava acontecendo, dedicava suas atenções aos convidados. No dia seguinte, amanheceu chovendo, à tarde, todos haviam se recolhido, Telma vai até o aras e pede um cavalo. O cocheiro fica admirado de sua facilidade em lidar com os cavalos e com muita desenvoltura, Telma monta num cavalo. Sai lentamente pela fazenda, explorando os caminhos e admirando as árvores, os vales e bate uma saudade dos pais, vai galopando seguindo uma trilha, desce o vale e depara com um riacho. Fica feliz, apeia e vai até a beira do rio. Brinca como uma criança nas pedras, saltando e atirando pedras nas águas. Nesse momento, começa uma chuva fininha, Telma não se importa, deixa-se molhar como nos velhos tempos de criança. Nesse momento Telma olha para cima e percebe que está sendo vigiada. Seu coração dispara, fecha os olhos e dá um sorriso. Não errou. Américo está olhando-a. Desce lentamente até o rio, e sem muita cerimonia, conversa com ela, mostra o horizonte além do morro e informa que aquelas terras pertenciam à fazenda. Telma fala de sua terra com saudade, Américo a olha com amor. Os dois são envolvidos pelo desejo contido há tanto tempo. Fazem amor na beira do rio protegidos pela natureza. Depois de saciado os desejos, acordam pela realidade, e retornam em caminhos diferentes, assumindo um pecado imperdoável. Não mais se encontram na fazenda, e Américo fica feliz pela discrição de Telma que se mantém com o mesmo comportamento de antes, sem dar a perceber a ninguém. Américo retorna à cidade e Telma continua na fazenda. Uma tarde, Telma sabe que Laura tinha saído, e vai até o aras, pedir um cavalo para passear. Vai até o rio e lembra da cena. Ao retornar, muda o caminho e percebe um galpão de armazenamento de milho. Vai se aproximando e para sua surpresa, ouve gemidos, ela dá um sorriso, percebendo que eram gemidos de amor. Vai pelas frestas e olha. Fica perplexa pois o casal que fazia amor era Laura e um fazendeiro que estivera na festa. Telma fica assustada, e sai lentamente, mas o cavalo denuncia a presença de alguém. O homem vai até a porta e a olha assustado, Telma vira as costa e vai embora. O homem volta e tranqüiliza Laura, dizendo que ela não fora vista.
Retornam à cidade. A rotina continua, Telma sempre esperando Américo quando chega do trabalho sem ser vista. Uma noite Telma estava dormindo, Américo vai até seu quarto, fazem amor. Outras noites sucediam, aproveitavam quando Laura viajava. Até que um dia Laura começa a perceber que estava acontecendo algo. E com sua elegância e inteligência arranja um jeito de mandar Telma embora. As escondidas quebra uma peça rara de cristal e acusa Telma, que tenta se defender mas Laura não dá chance. Chama o mordomo e ordena que sejam tomadas as devidas providências. Telma fora despedida. Américo consegue um jeito de dar um endereço a ela para que o espere. Telma fora para um hotel, e para sua surpresa já estava reservado. Ela se arruma para esperá-lo. Emocionada vai a todo instante até a porta, encosta o ouvido na espera longa de seu grande amor. Américo chega. Em clima de emoção Telma o abraça. Américo carinhosamente a beija, sem o desejo de antes.Telma fica decepcionada, então ouve as desculpa de Américo, dizendo que jamais tivera uma amante e que deveriam dar um ponto final naquela história e que Laura sempre fora uma esposa dedicada, que recebia seus convidados como uma dama e que ela não merecia aquela situação. Telma o olha, as lágrimas rolam pôr seus olhos. Lembra da cena de Laura com o fazendeiro. Mas no silêncio daquela despedida, Telma diz apenas : Américo sou inocente, não quebrei aquela peça, preciso apenas que você me responda se acredita. Américo pega em seu queixo e diz: Acredito. E vai embora, deixando uma grande quantia na mesa com um bilhete. ...não é pagamento, é apenas pra você recomeçar sua vida com dignidade e conforto.
Telma vai até a janela do hotel, lá em baixo, a cidade acendendo as primeiras luzes da noite, e a chuva caindo numa noite de outono.


Lira Vargas.
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