É, gente, fui lá na Imigração novamente.
Hoje até que estava bem confiante porque portava todos os documentos que a empresa havia me entregado, não esqueci nenhum: a carta comprovando que já havia trabalhado na empresa brasileira, o número do expediente onde estão todos os documentos oficiais lá na Imigração e o Ofício da Secretaria de Governo.
Fui toda contentinha, olhando os passarinhos, o céu azul, respirando o ar puro... ai, que lindo!
Peguei o ônibus direitinho, caminhei 15 minutos (porque meu irmão mandou economizar e não pegar táxi) e cheguei na Imigração às 10 da manhã.
Para não ter problemas MESMO, entrei na fila para autenticar todas as cópias que tinha. O moço até falou que não precisava, mas eu fiz questão!
Toda contente e saltitante, fui para meu guichêzinho tão conhecido, o do Marcelo. Hoje nem tinha ninguém na fila, eu era a primeira a ser atendida! Estava tudo tão maravilhoso!
Só que dessa vez não foi o Marcelo que me atendeu, foi um outro que começou todo cortês:
- ¡Buenos Dias! ¿En que puedo ayudarte?
Começou muito bem...
- Buenos dias! Vim entregar esses documentos. Estão todos aí.
O cara olhou os documentos, olhou pra mim, olhou pros documentos de novo e soltou um:
- Estes não servem.
- Como não? Tá tudo certo! PelamordeDeus, não está faltando nada, tá tudo aí pode olhar!
- No, no. No es cierto.
Juro que na hora todos os palavrões vieram em minha cabeça, todos ao mesmo tempo e eu xingava os caras da Imigração, todos os chefes da EDS, todo mundo!
Na hora não adiantou apenas me falarem que aqueles papéis não serviam, dessa vez eu queria saber por quê.
- Olha, daqui eu não saio enquanto não me explicarem porque essas melecas não servem (lógico que não falei dessa forma... foi naquele meu portunhol horrível e não tinha palavra para descrever "meleca").
E aconteceu algo que não poderia acontecer: chorei. Ai, gente, não deu pra segurar, sou uma chorona por natureza, quem me conhece sabe. E as lágrimas escorriam enquanto eu tentava explicar que meu irmão estava indo pro Brasil, que eu ficaria sozinha sem dinheiro para sobreviver, que estava vindo trabalhar todos os dias e que acordava às 3 da manhã, que não era justo... Buá!!!
Nessa hora, um advogado se aproximou de mim - o nome dele era Max -, me oferecendo um lenço e ajuda. Graças a esse Max fui atendida pelo chefe daquele que me falou que meus papéis não serviam. E era um tal de um me acalmar, enquanto o outro ligava para o escritório para perguntar qual era o tipo de trâmite que havia no Brasil e sei lá mais o quê. Nessa hora valeu meu choro, porque recebi tanta atenção e tanta explicação, nunca havia sido atendida assim com tanta cordialidade.
A explicação foi quase a mesma que o do carinha do guichê: os papéis realmente de nada valiam. O que eu necessito é uma carta da empresa brasileira informando sobre minha experiência nos softwares com os quais vou trabalhar autenticada no Consulado do México no Brasil. Também preciso do número do expediente correto onde estão os documentos da empresa mexicana. O pior é que tenho apenas 13 dias para conseguir esses documentos.
Vim direto para a firma, não tenho tempo a perder. Os chefes agora é que se virem. Tô puta, sem grana, nervosa e não aguento mais olhar na cara daqueles seres da Imigração.
