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Cordel-->O PIRÃO DO "RABICÓ". (Poema Matuto) -- 20/01/2004 - 17:18 (Wellington Vicente) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ao irmão e amigo Wélio César (Rabicó).

Rabicó tinha casado
Já fazia uma semana
E eu tinha lhe visitado
Na terra pernambucana.
Um dia ele disse:- Mano,
Eu vô lá em João Caetano
Comprá uns queijo e uns pão,
Me espere! Quando eu vortá
Tratarei de prepará
Um saboroso pirão.

Disse logo pra mulé:
- Fique cortano a verdura,
Coentro, bote uns vinte pé,
Preste atenção na frevura;
Pois quando tivé freveno
É hora que eu tô trazeno
Uma dúza de carito,
Meto os bicho na panela
Você vai vê, minha bela,
Cumé um pirão bonito!

Sei que chegô cuns carito
E a farinha de pó fino
Na porta já deu um grito:
- Mulé, chame logo Nino!
Pra ele vím me ajudá,
Pegue na cozinha a pá,
A do cabo torneado,
Botano esses peixe agora
Cum menos de uma hora
O pirão tá preparado!

Cum uma hora adispois,
Os carito já no jeito,
Ele me disse: - Nós dois
Vamo metê logo os peito!
E pegô o arguidá
Foi mandano eu derramá
Sem pena, toda a farinha,
Dispois da orde cumprida
Já na segunda mexida
Torô no mêi a pazinha.

Já gritô sem paciênça:
- Traga essa pá de braúna
Que tá dento da despensa
Incostada na riúna!
Nisso a mulé foi trazeno,
Ele começô mexeno
Chega frocava as narina,
Só para prová pra eu
Tudo o que ele aprendeu
Cum nossa mãe Enedina.

Dispois disso terminado
Rabicó já meio tonto,
Tava de suó, lavado
Mas o pirão tava pronto.
Aí gritô prus parente:
- Incoste aqui, minha gente,
Podem arrodiá a mesa!
Tive, na minha visão,
Que devorá o pirão
Num iria ser moleza.

Na premêra culerada
Ouví a culé tiní
E ele uvino a zuada
Foi gritano:- Peraí!
Correu lá no pé do pote,
Bateu de mão num serrote
Tramontina niquelado,
E me disse: - Meu irmão,
É a premêra ocasião
Que sirvo um pirão serrado!

O pessoá injeitô
Mas eu entrei abaixado.
Rabicó incentivô:
- Coma que tá bem ligado!
Eu pra num vê meu irmão
Naquela situação
Muito mais que milindrosa,
Comia que arrotava,
Forçava a goela e gritava:
- Êita! Comida gostosa!

Eu sei que nós terminemo
Eu disse: - Tô sastifeito!
Ele falô: - Armucemo
Dum modo quaje perfeito!
Eu vô agora tratá,
Só para desentalá,
De comprá as beberáge:
Cana, celveja, alcatrão...
E o que sobrô do pirão
Vô colocá na lavage!

Um "cassaco" de passage
Que andava pelo quintá,
Pegô fuçá a lavage
Caiu sem estrebuchá.
No oitão tinha um socó
Que perambulava só
Perto dum pé de angico
Quis dá uma de ladrão,
Mas ao prová do pirão
Ficô preso pelo bico.

Contei tudo a minha tia...
Ela ficô inquieta
E me disse: - A poesia
Tá na vêia do poeta!
Tu és fí de Zé Vicente,
Derradêro descendente
Dos váte do Seridó!
Dane a canêta pra cima,
Faça um bocado de rima
Do pirão do "Rabicó"!

Altinho-PE, 21/01/2001.

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