O diabo na intenção
De ver como estava o céu
Foi se disfarçar de cão,
Mas o bicho condenado
Não podia tirar o rabo
Pra fazer o seu papel
Por ter muita sapiência
Logo ficou a saber
Lá no céu a inteligência
E teve, que assim resolver
Aqui só se entra sem rabo
E eu quero ver para crer
Onde é que o diabo
Vai o dele esconder
Se ele passar nas tabernas
Pra sua cara encher
Com o rabo entre as pernas
Todos vocês vão o ver
Reforcem a segurança
É pra todos revistar
Não pode haver tolerância
Não deixem o diabo passar
Que todos deixem a rabança
Na hora de ingressar
Ia haver festa no céu
Todo bicho convidado
Pra dela participar
Só não podiam com rabo
Porque se não o diabo
Por cão, iria passar
Foi feito assim um édito
Bem feito que era um estouro
E só quem não gostou disso
Foi o animal cachorro
Tinha ele um compromisso
Um encontro de namoro
Os cachorros já chegando
E antes da porta passar
Foram as caudas tirando
E botando num lugar
Cotó tinha de bando
Não podiam reclamar
Chegou um gato malandro
E se pôs a misturar
Aquilo que serve de abano
Quando começa a esquentar
Terminada a festança
Foram os cachorros pegar
As suas beelas rabanças
Que estavam a lhes faltar
Parecia uma chegança
Cada qual a colocar
No final de cada amigo
O pedaço assentar
Mas não havia perigo
Pedro estava a vigiar
E virou uma cachorrada
Quando um desconfiado
Foi o seu rabo cheirar,
Essa não é minha rabada !
Danou-se logo a ladrar
E aquela bicharada
Pôi-se toda a reclamar
As caudas todas trocadas
No céu não havia mais nada
Que se pudesse esccutar
E ai um vira-lata
Chegou pra Pedro e afrontou
Quero meu rabo de volta
Se não, mordida lhe dou
Pedro deixou a porta
E foi informar ao Senhor
Do porque da confusão
E de tudo que passava
E o fez com emoção
Quando a estória narrava
O Senhor ficou irado
E mandou todos embora
Mesmo de rabo trocado
Iam sair sem demora
Se houvesse revoltado
Iria sentir a espora
Na roseta do diabo
Que até hoje comemora
Ou seria condenado
A morrer na mesma hora
Por isso minha senhora
Seu marido é comportado
Pois ele tem na penhora
Uma história e um passado
Só não sabe de memória
O quanto fez de errado
Se ele usa chapéu
Não é pra ser respeitado
Pois em festa lá do céu
Não vai, nem sendo intimado
Não se admire doutora
Quando vi um cão cheirar
O rabo de uma cachorra
Ele se fez enganar
E lhe digo de antemão
Que ele está a procurar
Seu rabo em outro irmão
E é esse o desafio
O rabo dela ele cheira
Quando ela está no cio