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Infanto_Juvenil-->O construtor de telescópios não mora mais aqui (1) -- 12/10/2002 - 22:24 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
[A entrevista que deu origem a este artigo foi realizada por Zé Pedro Antunes e Jefferson Henrique Rosseti no dia 13/06/1997, na casa da Rua Zero onde viveu Leonel Vianello, astrônomo amador e construtor de telescópios, desencarnado no dia 20/09/2002.]

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Enquanto Henrique Punk conduz a conversa, ele que há mais tempo cultiva essa mania de observar o céu e me levou a conhecer alguns dos amigos das estrelas de Araraquara, eu me exercito na arte da anotação. Garranchos indecifráveis, caneta bic sobre papel de rascunho, tento ganhar familiaridade com temas, conceitos, palavras.

Aquele que nos fala compreende o nosso desacerto.
Compreensivo para com a nossa inexperiência de repórteres, o entrevistado responde com generosidade e paciência ao assédio do nosso interesse, tentando explicar coisas impossíveis de serem assimiladas de um só golpe: ninho de galáxias, colimação, aparelho de Foulcault, estrelas duplas, montagem equatorial, supernovas, micrometeoritos, planos, prismas, doublets acromáticos, superfícies esféricas, parabólicas, hiperbólicas, clock-drive, aglomerados, nebulosas, etc.

Sabemos o quanto a exatidão é necessária, em se tratando das coisas da ciência. Mas não há o que temer, estamos salvos, a conversar com alguém que corresponde, como nunca havíamos experimentado antes, à verdadeira acepção da palavra “sábio”: Leonel Vianello, um homem que sabe.

Ele nos fez ver duas reportagens gravadas por uma equipe de TV, coisas bem rápidas, tratamento cosmético apenas. E com direito a deslizes como chamá-lo de "o lunático da rua zero". Mas o senhor Leonel não se importa: "é invenção deles lá da Rede Globo". Para ele, tem a ver com a lua, e isso lhe basta.

Estamos numa casa antiga da Rua Zero, numa sala com assoalho de madeira, jogo de sofás, a mesinha ao centro, o aparelho de vídeo e o televisor a um canto. O gravador vai permanecer ligado, e a gente muito mais ainda. Saídas da boca do seu Leonel, as palavras adquirem solenidade, peso de verdade, substância poética. Surgem transbordantes de vivência e veracidade. Tendo feito apenas o Grupo Escolar, "era só o que havia naquela época", seguiu carreira de fotógrafo, tendo trabalhado muitos anos para o Tucci. Depois, chegou a ter o seu próprio estabelecimento, e se aposentou.

Em 1952, surpreendeu-se com uma foto por ele revelada. Havia sido tirada em Araraquara e mostrava uma cratera da lua. Quando o freguês veio buscá-la, quis saber como havia conseguido a proeza. Tratava-se do senhor Nabor Rodrigues dos Santos. O gosto pelos tangos o levara certa vez a Buenos Aires, onde assistira a algumas aulas de um sujeito americano, sobre astronomia e construção de telescópios. De volta ao Brasil, construiu, como pode, o telescópio que o ajudara a fazer a tal fotografia.

O senhor Leonel, que desde sempre se interessara por essas coisas, tomou a decisão de ir a São Paulo já no dia seguinte, para comprar o de que necessitava para começar a ser um construtor de telescópios. Uma vida, em sua grande parte, voltada para o céu, para os sinais do universo físico, dedicada à descoberta de maneiras cada vez mais apuradas de maximizar a capacidade do olhar humano em direção às estrelas, para poder enxergar tanta maravilha.

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