O HOMEM E O UNIVERSO, SEGUNDO KALLANDRA KEEL

Deus disse ter feito o homem do barro, porque, de outro modo o povo daquela época não compreenderia. Ainda hoje, poucos compreenderiam se Deus dissesse: Eu tomei algumas partículas de carbono, nitrogênio, água, ferro, cálcio, potássio... Eu compus o código genético apanhando elementos naturais, e dispus de tal forma que, cada ser vivo se reproduza conforme sua espécie.  Imagine, se Deus tivesse enumerado elementos químicos desconhecidos naquele tempo? Falado em molécula, célula, átomo, H2O, Trifosfato de Adenosina e DNA? Que adiantaria,  o povo não tinha conhecimento da ciência! Por isso Deus disse: Eu fiz o homem do barro.  Deus criou tudo do nada, mas para criar o homem, quis fazê-lo com suas próprias mãos. Na simbologia do barro, quis ensinar-nos que ao adicionou água para modelar o homem usou também os sais minerais nela contidos. “Não que Ele necessitasse de elementos preexistente para formar o homem”.  Este  Deus onisciente e Todo-poderoso pode criar tudo “do nada”. Ele nos criou do pó, para que não retornemos ao nada, mas ao pó; e deu-nos o sopro de seu Espírito para que não retornemos mais ao pó, mas à morada celeste daquele que é puro espírito. E se lhe eu dissesse que o pó a que se refere a Bíblia, pode tratar-se de pó cósmico! Seríamos nós uma espécie de ameba que se desenvolveu a partir de um planeta extinto por uma explosão? Algum ser superior ao homem pensou em todas essas coisas, e as dispôs de modo que nova vida se revelasse em nova terra e novo céu...

A origem do universo e do primeiro homem na terra pode, por muito tempo, continuar sendo um mistério a ser desvendado à luz da razão, mas, facilmente compreendido, quando a busca se dá pela fé. A fé leva imediatamente o homem ao encontro  imediato com o Criador, enquanto a ciência leva ao Criador, através da criação.

Para aqueles que creem nisso, toda verdade revelada encontra-se na Sagrada Escritura.  A Bíblia, porém,  não é um livro científico, nem a religião é uma ciência. Não sendo ciência, não tem intenção de provar cientificamente a verdade, mas submetê-la à fé. Quanto maior for o conhecimento da ciência, maior será a compreensão da verdade revelada pela fé.  Ora, Deus disse: “Faça-se a luz!” E luz foi feita. (Gen 1,3). Importa que a luz tenha sido feita a partir de uma explosão? Quem poderia dar ordem para que uma explosão tão grandiosa acontecesse?

Depois de criar todas as coisas, Deus criou o homem e deu a ele uma inteligência, que o diferencia dos outros animais. Importa que o primeiro homem tenha sido um espécime primata predestinada a evoluir? Acaso nos foi dado entender o que significa “Inspirou um sopro de vida em suas narinas?” (Gen 2,7). Não têm um sopro de vida todos os seres que respiram?(Gen 1,30) Não foi para que cresçamos em sabedoria e graça diante de Deus, que o Senhor inspirou em nossas narinas um sopro do seu espírito? Sendo puro espírito, Deus jamais nos tornaria semelhantes a Ele se não nos desse uma porção redobrada de seu espírito.  O Senhor Deus formou, pois, o homem apanhando elementos da natureza, deu-lhe inteligência com o sopro de vida, porém, não confiou ao homem a missão de criar o próprio semelhante, mas de gerar vidas, através da reprodução biológica. Se Deus tivesse deixado a fórmula para criar o homem, teria o homem mantido a ordem genética ou modificado-a? Faria o homem um ser humano semelhante a Deus?

Se o homem clonar seu semelhante, seria esse novo ser o protótipo de uma raça melhorada ou deformada? Transformaria o próprio homem  numa máquina colocada a serviçol de Deus?  OU máquina tipo operário-escravo?  Seria uma máquina destinada a gerar vidas ou morte? Que ser vivo surgiria se o homem recortasse a estrutura do DNA e “colasse” o material genético em posição diferente da original? Como seria esse novo ser?  Seria ele acolhido na comunidade dos humanos? Ou seria rejeitado, marginalizado, excluído e escravizado? Por acaso, Deus permitiria que o homem criado à sua imagem e semelhança fosse transformado em andróide?

 O Deus que separou a luz das trevas e impôs limite aos mares, impôs também limite ao homem, colocando anjos para guardar o caminho da árvore da vida. ( Gen 3,22-24). Que aconteceria, se Deus tivesse dado ao homem todo conhecimento da ciência e da verdade?  Decerto, o homem teria empreendido uma grande corrida em busca da imortalidade e recairia no  pecado de nossos primeiros pais: o desejo de ser imortal, ser criador do próprio semelhante, ser Deus. Seria o fruto proibido na figura da maçã,  apenas um limite?  Qual limite teria o homem ultrapassado para que Deus dissesse: “Agora, pois, cuidemos que o homem não estenda sua mão e tome também do fruto da árvore da vida, e o coma, e viva eternamente”(Gen 1,22). Comer do fruto da árvore da vida, não seria absorver pelo intelecto? Teria o Senhor colocado um guardião para que o código genético nunca seja plenamente desvendado? Desvendar o código genético não representaria perigo para a vida humana, se o homem não o alterasse. Seria a clonagem do ser humano uma tentativa do homem de ser Deus, de ser criador do próprio semelhante?

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