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Cronicas-->Os Mortos de Minha Vida -- 27/10/2002 - 09:16 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Fui apanhado de surpresa.
Afinal de contas não sou tão de meigo
ou chegado às portarias de ferro
que o destino nos traça.

Sou até bem simples, tá certo: um pouco curvado
pelo tal tempo, no mais, tirando uma melancólica
artrite, ou uma dor outra que
sacoleja pelo corpo, sou bem íntegro e até bem
apessoado.

Pois assim, numa manhã destas, com as ruas tomadas
de bandeirinhas, festejando o aniversário de
algum santo esquecido é que cruzei com
as calçadas cheias de gente voluptuosa,quente,fria,grande,
magra,potentosa.

Até o prefeito estava lá segurando
uma bandeirinha e, a seu lado, uma minúscula
banda de tentar tocar música e muitas crianças.

Neste frenesi de gente - já que não estou acostumado
à multidões, é que me tomei por uma sensação sepucral.

Pensei lá com meus botões amarelados que
me prendem, numa jaqueta que tem tudo de cinza,
mas bordeia mais para o azul-marinho.

E pensei comigo: onde estão meus amigos? Já que que na rua não via ninguém conhecido.Nenhuma pessoa de cara amigável, que já tivesse passado na minha vida.

Nada! Eram todos desconhecidos e, olhe meu caro leitor,era a cidade onde havia nascido.

Pois bem, pensei comigo: onde estão meus mortos?

De minha pequena geração, que se salientou bravamente pelo vício e devassidão, não havia mais ninguém.

A maioria já havia morrrido !

E eu perguntei: onde estão meus mortos, meus amigos, minha família, meus filhos, minha mulher e todos
aqueles que, de raspão ou não, revoaram comigo, num detrminado tempo, o esplendor de um sorriso,de um abraço ou de um beijo?

Todos haviam partido. A morte os comeu.

Então, naquela manhã, depois de golear 5 cinzanos, uma cerveja e uma tomada de uísque, fui pro cemitério e fiquei sentado num túmulo,olhando os outros.Meio patético!

Meus pedaços de vida estão aqui - pensava eu.

E enquanto o sol boreava com faíscas de luzes as lápides, eu pensei comigo: todos os mortos de minha vida estão aqui.

E pensei duas vezes? Mas onde estão os mortos de minha vida?



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