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Humor-->Carmelúcia Piragibe -- 29/07/2000 - 15:25 (Fernando Antônio Gonçalves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CARMELÚCIA PIRAGIBE (*)
A historinha abaixo foi calcada num trechos do livro Comédia Corporativa, de Max Gehringer, recentemente lançado. Uma das melhores leituras desfrescurizadas da área da Administração, hoje repleta de gurus, curadores, doutores, poucos sábios e muitos sabidos. Uma leitura que recomendo com entusiasmo, mesmo para aqueles que já se encontram contaminados pelo “virus da fingida competência”, sempre se reportando aos escritos rechedos de compenetrados ademais, outrossim, sem embargo e outras lambanças.
O quentão da Carmelúcia Piragige, especializada em Estudos Reativos ao Assédio Sexual, era um programa de coibição de “cantadas” em ambientes profissionais. Depois de dez anos queimando pestanas e os enormes pêlos axilares, ela se encontrava preparada para cortar pela raiz a nossa mentalidade machista, embora seu desejo maior, nunca realizado, fosse ser contemplada com mão amiga passeando pela seu torrão corporal, nunca desbravado, nem por entradas nem por bandeiras.
Vadão, batizado de Oswaldo, auxiliar de serviços gerais, quando recebeu o aviso da entrevista percebeu que teria finalmente sua promoção, desejo de quase três anos de firma. Mal sabia ele que a “conversinha” tinha sido provocada pela Merícia, fuxiqueira dezoito quilates, que contara ter ouvido o Vadão dizer que “ela precisava botar a boca no trombone”. E que outro dia, todo sorridente e safadoso, também indagara se ela tinha visto o “pincel atômico” dele.
No gabinete de Carmelúcia, Vadão olhava para todos os lados, sentado diante da “doutora”.
- Seu Oswaldo, o senhor está com algum problema na empresa?
- Dona Carmelúcia, eu sempre estive interessado em me ver numas posições diferentes...
O ar de espanto explicitou-se na Piragibe. “O safadão está lendo Kama Sutra!!”, deduziu cientificamente. Voltou a inquirir:
- O que o senhor quer dizer com isso, seu Oswaldo?
- A senhora sabe, eu não gosto de ficar por baixo ...
Carmelúcia nunca imaginara encontrar uma alma tão sebosa, logo na sua primeira semana de trabalho. Meio arrepiada, meio excitada, indagou se ele já tinha obtido algum êxito nas suas investidas.
- Aí é que tá o xis da questão, senhora doutora. Na hora agá, sempre mela...
A dedução da Carmelúcia foi quase lógica: “a cueca!!! E mantendo o decoro profissional continuou:
- Em nossa empresa, seu Oswaldo, não podemos tolerar atitudes incompatíveis com os nossos princípios. O senhor está me entendendo?
- Entendo, senhora. Mas, no fim, quem sempre acaba na mão sou eu ...
Era demais para a doutora! Reagindo de pronto:
- Temos que tomar, de imediato, uma decisão, seu Oswaldo!
- Claro, doutora!! Eu venho falando isso há bastante tempo. Mas aqui na empresa é sempre assim: um fica querendo comer o outro e a minha vez não chega nunca. Tudo aqui é na base do pistolão. Mas agora vai ser diferente, pois sei que a senhora gosta de botar a mão na massa.
- Pera aí, seu Oswaldo ... Não exagere!!, retrucou Piragibe já não mais sustentando um ar de “tou quase querendo”.
Desejando causar a derradeira impressão, Vadão arrematou, repetindo o que aprendera numa reciclagem de relações humanas:
- A senhora não vai se arrepender, doutora. Não vejo a hora de poder lhe mostrar o tamanho da minha ... consideração!
Antes da palavra consideração, o desmaio integral da Carmelúcia. Por excesso ou escassez, tal e qual o regulador Xavier.
(*) Condensado de artigo de Max Gehringer, do seu excepcional livro Comédia Corporativa, Campus, 2000.
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