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Cartas-->Sozinha -- 30/11/2002 - 00:35 (Raquel Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sozinha

Hoje eu acordei com sede de felicidade. Pensei em te ligar, mas logo deduzi que você não estaria em casa. Você nunca está, ou melhor: eu nunca acerto, nunca te acho. Azar meu ou má vontade sua? Os dois, eu acho.
Eu me conformo, sempre tive azar mesmo. Fatos do destino sempre me pegaram de surpresa, me deixando armadilhas bem preparadas, impossíveis de contornar e difíceis de vencer. Ando sozinha. Sozinha entre o desconforto e o medo proporcionados pelo estranho que as pessoas têm o bizarro hábito de achar que conhecem. As páginas dos livros correm, o ponteiro do relógio de pulso roda, a antiga incógnita vira passado conhecido e outro futuro se apresenta a nossa frente fazendo do desconhecido constante, automaticamente, do medo também. E eu continuo andando, sozinha, mas já sem medo. Desisti de sofrer pelo desconhecido, desisti de sofrer por você.
A minha vontade de te ligar passou. Não tenho mais vontade de ser feliz. Estou triste, sou triste e sou feliz assim. A chuva que cai à tarde, trazendo nostalgia, nada me diz. O silêncio ensurdecedor da solidão me cala. Grito sozinha. Em meio desespero e incerteza, sofro sozinha. Mas não paro, a caminhada é obrigatória. Às vezes a agonia é demasiadamente grande, você sente que não pode continuar andando, mas não há tempo para parar.
Tempo... aquilo que sobrou entre nós quando faltaram palavras, aquilo que é sempre pouco e que, por um eterno segundo, foi demais em nossas vidas. O tempo controla o mundo, é contado, é certo, acaba. Não era para sobrar, sobrou. Foi por isso que acabou? Responde! O fato de que, por um pequeno longo segundo, não tivemos o controle do tempo sobre nós e não fomos capazes de controlar o momento, a qualidade das horas, acabou com o nosso amor? Perdi o controle, perdemos. Controlo sozinha. Diante de um descontrole absurdo estou cansada de ser controlada por ponteiros que correm loucos em uma seqüência desordenada.
Cansei também da doce racionalidade fria que brota em mim e controla meus atos. Raciocino sozinha. Dentro do lógico, que nasce mil novas vezes por dia e que é eterno por ser considerado sábio e impregnado de uma certeza, no fundo, incerta. Lógica não falha, mas não é tão lógico assim. O amor dói e mesmo assim amamos. Você machuca, mesmo assim eu te amo.
De volta à minha razão, raciocino sozinha e sozinha descubro caminhos por onde ando sozinha. Ainda não descobri o caminho para a felicidade. Acho que vou deixar de pensar para ver se encontro. Vou imitar os adolescentes, para mim inconseqüentes, que vivem, despreocupados de tudo, uma vida perfeitamente imperfeita que estampa em seus rostos uma alegria quase voluptuosa.
Não nasci para parar de pensar. Acho que não nasci para ser feliz, mas eu quero. A vontade de te ligar voltou e a necessidade de ser feliz chegou. Esquece! Eu já aprendi a viver sozinha!
Talvez você devesse atender o telefone, temos muito o que conversar! Até peço desculpas, mas, de uma coisa você pode ter certeza: eu não tive a intenção de me apaixonar.



Raquel Lima- 2002
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