Folheando o dicionário Aurélio,
veio esta definição do mestre:
"Definir uma palavra é capturar uma borboleta no
ar".
Ao buscar a de felicidade, não consultei o
dicionário. Registrei uma que capturou o meu coração,
no ar de uma leitura:
"A felicidade é como uma borboleta que, quando perseguida,
foge de suas garras. Mas que pode pousar no seu ombro se
você ficar quieto e imóvel.
Nathaniel Hawthorne,
escritor americano, 1804-850
Como vêem, ambas as tentativas equivocadas. Ao definir
as palavras, esquecemos que voar é a vida das borboletas.
Pousar é apenas uma pose e pontuação do vôo. Borboletas pousam somente para
escutar o elogio das palavras. Já as borboletas da
felicidade são mais ariscas. Se lhes faltar ímpeto e
confiança, não pousam. E se caminharmos com uma delas
pousada no ombro, será que nos acompanha? Fitá-las não
as põem em fuga? Por fim, é o tempo de pouso da borboleta
suficiente para sermos tangidos pela felicidade? Por
quanto tempo conseguimos a quietude da imobilidade?
Mário Quintana traz algum alento pacificador:
“O segredo é não correr atrás das borboletas. É cuidar do jardim para que elas venham até você”.
Borboletas, palavras, felicidade, tudo uma revoada só. |