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Cronicas-->Sintonia de Amor -- 28/10/2002 - 16:10 (Mariana Antonelli) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"Minha filha, você nasceu para ser muito amada. E não para chorar e se lamentar e sofrer."
Palavras do meu pai ao me ver chorar pelo último cara que, por um minuto, me fez crer que não valia mais a pena se entregar a paixões inesperadas. Mas que bobagem. Sempre pensamos assim quando saímos fracassadas (os) de um relacionamento. E então vamos encher a cara nos bares, dançar até morrer nas boates e rir da cara daqueles que falam que o amor existe. Chegamos em casa e, depois do dia agitado (temos que ocupar nosso dia e não darmos brechas para a vontade de chorar), batemos na cama e batemos nossos olhos no teto branco. Branco e vazio, assim como nosso coração. E então enxergamos a realidade. O que estamos sentindo realmente e o que queremos quando falamos de amor.
Fecho os olhos para tentar dormir. Afinal de contas, a melhor solução nessas horas é dormir e sonhar...
Pulo da cama com o som da TV. Vou até a sala. Tudo escuro e só a televisão ligada me dando "recados" através de seus anúncios, comerciais, ou sei lá o que era aquilo.
Mas que Príncipe Encantado? Romànticos antigos mandando flores e cartas de amor perfumadas e cheias de poesias? Serenatas? Surpresas jamais pensadas por você? Mas o que é isto? Este é o mundo de 2002. A nova era. O amor rápido. A paixão fugaz. Temos que consumir mais e mais formas de amor e formas de machucarmos nossos corações. Sensações inúmeras. Sentimentos descartáveis, bem como o nosso absorvente interno. Bem como aquela camisinha sabor morango. Sabor morango? É....Também tem Menta, Chocolate e Framboesa. Escolha o sabor para fazer amor. Escolha como fazer amor. Não precisa ser com amor. Mas que amor? Que palavra é essa? Aliás, que sentimento é esse? Estamos na nova era, minha gente! Aonde tudo e todos podem ir e vir. Podem entrar e sair. Podem ser jogados para escanteio, esquecidos. Mas também podem ser guardados em alguma prateleira próxima ao nosso coração. Coração? Mas isto não existe na nova era. Hoje coração é um desenho. Coração é um órgão com artérias, veias e outros nomes complicados. O importante é o Cérebro. Que nos dá o sentido da Razão. E racionais temos que seguir pela estrada deste mundo, onde tudo o mais que coloque em risco nossos deveres de cidadãos regidos pelas mãos da sociedade pós moderna e de consumo, tem de ser abolido. E colocado em outro plano paralelo à vida. Vida...
O dia tem 24 horas. Nestas 24 horas nossa função é produzir e consumir e trabalhar e malhar e fazer dieta e manter pose de contido, escondermos as gargalhadas e o choro entalado. Quem demonstra sentimentos é vulnerável e capaz de ser riscado do mapa do Mercado. Viva suas horas intensamente. Viva as horas, mas não olhe para dentro de você. Olhe para frente. O futuro é o que você faz agora.
PLUFT!
Acordo, caio da cama, vou mancando até o banheiro, escovo meus dentes, passo uma leve maquiagem para tapar as olheiras provenientes de um choro qualquer, escolho uma roupa bonita e leve e pego a chave do carro para enfrentar mais um dia de trabalho.
Descendo a rampa da garagem, ligo o rádio. Sintonizo numa de minhas estações preferidas. O locutor anuncia "Aliás", do Djavan. Aumento para melhor ouvir....
Existem coisas que o amor diz / com aquela coisa a mais / de quem é feliz / jóias caras produzidas / o coração / tiaras sem fim / guardo essas luzes pra te servir / é tanta coisa que o amor faz / vem como um rio, em sua calma voraz / timidez mas, sabe voar / pra fugir da sombra do não-querer / ademais, quem é que quer sofrer? / Você, o sonho / meus pés, o chão / mesmo que bravo / o mar virá na canção / mística rosa, ave rubra / meu deus do céu da boca rubi / beijo esperado me leve a ti / é um sacrifício dizer um não / em seu ofício de obedecer à paixão / seja como for, sempre se faz por prazer / tudo o que o amor diz / aliás, quem não quer ser feliz?
Um sorriso tomou meu rosto. Lembrei de um sonho estranho que tive. Uma televisão maluca que me bombardeava anúncios sobre o amor, a vida, o ser humano, essas coisas...E comecei a gargalhar.
Parei no sinal e percebi que um homem no carro ao lado me olhava estranhamente. Desci o vidro e falei para ele em alto e bom som: "É lógico que vale a pena amar ainda e chorar quantas vezes for preciso até encontrar esse alguém!"
Na rádio agora tocava: "Grito ao mundo inteiro / não quero dinheiro / eu só quero amar".

(Mariana Antonelli - 3/06/2002)
*DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS*

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