Me perdoe, mas eu devo partir...
Mesmo com todo esse inverno caloroso
E toda esta leveza sua,
E a lembrança de todos nossos sorrisos.
Mesmo com tudo isso ainda à flor da pele!
Me perdoe, mas não posso chorar...
Mesmo com os olhos voltados para a alma
Devotos em tanto amor por ti,
Mesmo com a carga de ver
Seu choro sofrido, seu soluço espremido,
Seu gemido dizendo: “ Não vá!”
Me perdoe, mas não posso falar...
Mesmo com essa vontade louca
De gritar “ Eu te amo!”
E a ânsia de permanecer sussurrando ao teu ouvido
Palavras suaves e ternas.
Me perdoe, mas não posso ouvir...
Mesmo que eu queira, e tendo por maior desejo
Captar a sua voz ainda que em uma despedida,
Mesmo que eu mereça ouvir de sua boca
A intenção sutil e nobre de se importar comigo.
Me perdoe, mas eu devo partir...
Pois eu já posso sentir em meu corpo
O expulsar da vida refluir,
Eu já posso sentir em ti a pena por me ver assim,
E um breve desejo de que tudo tenha um fim.
Me perdoe, mas eu devo partir...
Mas levo comigo por esses últimos momentos
O amor mais sublime, e eterno, e imenso.
Levo comigo a certeza de que não foi em vão
E uma saudade sem fronteiras ou limites.
Me perdoe, mas não posso explicar!
Simplesmente não há cura, nem remédio, Nem porquê!!!
Simplesmente não posso fazer
Tudo que sempre sonhei fazer,
Ou dizer Tudo que sempre sonhei dizer
Em um último instante...
Me perdoe por não mais poder chorar
Me perdoe por não mais poder falar
Me perdoe por não mais poder dizer adeus
Me perdoe por não mais poder ouvir...
Me perdoe, mas eu devo partir...
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