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Contos-->O RIACHO -- 09/02/2003 - 00:00 (lira vargas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O RIACHO

Fui morar no interior de Minas, meu marido havia perdido o emprego, pôr isso procuramos uma casinha à beira de um riacho, onde tinha uma pequena ponte.
Para ajudar meu marido, que arranjou logo que chegamos o emprego de ajudante de caminhão, comecei a costurar para a vizinhança do bairro.
Uma noite, costurava, a porta de meu quarto estava fechada, quando ouvi uma forte ventania, o lampião apagou pôr um instante, fiquei assustada, pois a noite estava tão calma, não havia motivo para aquela ventania. Quando acalmou, fui à janela, agucei meus ouvidos pela fresta e tentei olhar, nada vi, mas ouvi uns gemidos, muito confusos insisti em olhar pelas frestas da janela, nada via, apenas os gemidos. Tentei convencer-me de que deveria ser a ventania nos galinheiros e nas moitas de matos secos em que meu marido cortara, quando fomos morar.
Na manha seguinte, sem nada dizer aos meus filhos, fui ao quintal pensando encontrar muita sujeira devido à ventania, mas para meu espanto, tudo estava no mesmo lugar. Passado uns dias na mesma hora daquela noite horrenda, tornei a ser surpreendida pela ventania e os gemidos. Corri para a cama, e muito tremula comecei a rezar, parecia que os lamentos e gemidos foram se acalmando, e após uns instantes tudo ficou silencioso e adormeci.
Passado uns dias, meu marido voltou de viagem, as crianças muito felizes contavam sobre as brincadeiras e meu marido percebeu minha intranquilidade, perguntou se havia algum problema, mudava de assunto, preferi contar quando fossemos dormir.
Quando as crianças foram para o quarto, Jurandir abraçou-me, estavamos com saudade, e ficamos abraçados, nossas caricias eram um misto de compreensão e amor, solidariedade pêlos golpes do destino. Mas ele percebeu meu tremor em seus braços, sabia que na manha seguinte ele viajaria, e sentia medo de saber que estaria sozinha nas próximas noites, sentia medo de ser surpreendida pêlos lamentos e as ventanias misteriosas. Jurandir perguntou o que estava acontecendo. Pedi que aumentasse a luz do lampião, sentei na cama e rapidamente relatei o que estava acontecendo. Ele riu com meiguice dizendo que eu deveria estar cansada e talvez a mudança tenha deixado-me nervosa. Tentei explicar que aquilo era verdade, que não estava com medo quando aconteceu pela primeira vez.
Na manha seguinte procurei adiantar o serviço e na tarde costurei bastante para Ter sono bem cedo. À noite mandei as crianças para a cama e tentei dormir. O sono não vinha, o silencio era tão forte que não ouvia sequer o canto dos sapos. Aumentei a luz do lampião, que nesse instante e nesse instante vi uma enorme sombra na parede, o susto foi tão grande que dei um grito, mas depois vi que foi um inseto que ficara contra luz do lampião, dei um sorriso, aliviado e tentei ler a bíblia, mas tudo assustava, até o som de minha respiração. Adormeci, quando estava sonhando com muitas crianças que me pediam ajuda, acordei sobressaltada com a ventania batendo com a porta do galinheiro, e parecia que latas eram jogadas rolando pelo quintal. Após o susto, fiquei estatelada olhando para a janela que tremia como se fosse abrir a qualquer momento, as cortinas finas voavam formando um aspecto horrível. A luz do lampião vacilava e uma claridade como um relâmpago iluminou o quarto. Fui tomada pôr uma força, apanhei a bíblia e decididamente levantei e olhei pela fresta da janela. O que fiquei surpresa é que quando dava o relâmpago, percebi que o riacho se tornava complemente vermelho. Nesse momento lembrei das palavras de Jurandir, dizendo que talvez eu estivesse cansada, e que deveria olhar para que o medo fosse embora. Mas, quanto mais fixava meu olhar, mas constatava que o riacho ficara vermelho. Abraçada com a bíblia fui para a porta, destranquei e saí, lá fora, ouvi o barulho da porta se fechando com a ventania, tentei abri-la, mas o vento era tão forte que a poeira sufocava-me e meus gritos se confundiam com aquela barulhada de lamentos e gemidos, no esforço que tentava abrir a porta à bíblia caiu longe, e nesse instante uma moita de galhos secos entrelaçados, como uma bola, amarinhou-se em minhas pernas, e cai, e minhas mãos alcançaram a bíblia. Quando consegui apanha-la, comecei a orar, abraçada com a bíblia em meu peito, gritei pôr Jesus, e a ventania foi acalmando, olhei para o riacho, e quase morri de medo, vi crianças em forma de fetos, outras já perfeitas, umas com a cabeça em sangue, os cordões umbilicais passados pêlos pescoços, em outras o cordão arrastado pelo chão, uns com as veias a mostra, outras em pedaços e nesse momento uma criança veio se aproximando, arrastando-se pelo chão, trazendo o cordão junto com uma carne e vi que era a placenta, os olhos purgando, o sangue saia pelo canto da boca, o medo foi tão grande que olhei para o céu e supliquei a Deus que não deixasse tocar em mim, ele se rastejou até meus pés, sem me tocar, os outros choravam e gemiam, vi uma carnes esponjosas espumando, dali só distingui uns gemidos. A criança que se arrastou até meus pés falou. Olhei assustada, ele falava! Que horror. Então perguntei o que queria e quem eram eles, e porque não me deixavam em paz.
-----nós queremos orações, somos crianças assassinadas pôr nossas mães, queimadas, envenenadas e perfuradas em nossa cabeça, outras afogadas vivas nesse riacho, nos a assustamos porque queremos de você muitas orações e nunca diga o que você viu a ninguém, e após essas orações poderemos ir a paz para outro mundo, pois tínhamos funções a cumprir nesse mundo, uns iam ser médicos, enfermeiros, professores etc., mas nos foi cortado o destino com abortos.
Nesse instante tudo voltou ao normal, fui para casa, rezei durante horas, e até senti calma. Adormeci, na manha seguinte fui ao mercadinho do bairro, e disfarçando perguntei a esposa do dono do mercado, quem havia morado naquela casa antes de nos. Ela respondeu que tinha sido uma parteira curiosa e que diziam que ela fazia os abortos das mulheres e jogava os fetos no riacho.
Voltei para casa, passada um tempo, ficou surpresa, pois as margens do riacho nasceram lindas flores brancas e coloridas, e quando Jurandir voltou de viagem encontrou-me muito feliz, nada falei. Mas toda a noite reza para aquelas crianças.


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