----- Também eu, querido desabafo, também eu não estava bem há uns dias atrás e já perdi até a conta às vezes que não estive bem e me recompus.
----- As cruzadas do "bom conselho" já me rodearam até aos cabelos a sugerirem-me os velhos métodos anónidos, tipo analgésico, sempre, e após bem lhes matutar em cima, sempre com a mesma finalidade: intuírem-me na participação voluntária mediante a cedência tácita de alguns proventos.
----- Nunca... Nunca lhes cedi. Nem nunca cederei. Quando os topo de camisa branca, de calça preta, muito brunidinhos, de livrinho e pasta na mão, dou logo "às de Vila Diogo"(*). Corri já até o risco de ser atropelado por mudar repentina e apressadamente de passeio.
----- Em espírito, quiçá mesmo em tudo, concluí que sou uma onda humana e não há nada mais a fazer para alterar-lhe o balanço. Ora vou até à crista em esplendorosa espuma, ora desço em cinzento ensombrado ao limite da cava... E vou... irei sempre, se o vento me evitar aos escolhos, irei sempre até à praia.
----- Que bom... Que querido desabafo!
(*) - Termo popular usado para exprimir "fugir depressa dum lugar".
----------------- Torre da Guia ------------------ |